Sem alarde a Volkswagen iniciou produção pré serie seu modelo UP!. Menor, mais barato, mecânica avançada em seus três cilindros, demarra outro capítulo da história da VW no Brasil – o dos produtos atualizados.
Nosso UP! , com pré apresentação nos primeiros dias de janeiro e vendas pós Carnaval, difere-se do original alemão. Visualmente o teto avança mais para a traseira, encontrando a porta posterior, em chapa envolvendo o vidro – no europeu a tampa traseira é em vidro. Solução ganha alguns centímetros, criando o terceiro lugar no banco traseiro, com apoio de cabeça aos usuários. Trabalho nos bancos frontais esculpe espaço para melhor acomodação. Tanque de combustível aumentado de 35 para 50 litros, em razão de nossas distâncias continentais.
A parte decorativa também é implementada relativamente ao modelo eslovaco, vendido na Europa. É mais refinado, pois nossa clientela tem mais idade e exigências quanto a cuidados visuais, como os faróis auxiliares, friso lateral, piscas incluídos nos espelhos retrovisores externos aparentemente os do Fox Cross. Há dúvida pouco esclarecida sobre a distância entre eixos ter sido aumentada em 2 cm, indo a 2,45m. Parece pouco crível tal modificação.
Mecânica conhecida com o citado motor EA211, 1.0, três cilindros, 12 válvulas, 82 cv, em produção em São Carlos, SP, transmissão de 5 marchas. Para completar o pacote de adequação ao perfil do comprador nacional, outra exclusividade no portfólio: opção do câmbio automatizado, único 1.0 a portá-lo. Econômico. Em estrada livre, calcule 20 km/l de gasolina. A relação consumo x rendimento viabiliza o uso do álcool.
O UP! será o Volkswagen de entrada, substituindo o cansado Gol G4.
Bom trabalho
Divergem dados quanto ao desenvolvimento das diferenças introduzidas no UP! brasileiro. Fontes asseguram ser trabalho nacional, outras, trabalho realizado na pista de provas da VW na Alemanha, por aqui inexistente.
O bom trabalho jornalístico da apresentação pioneira – antes os carros foram vistos apenas com painéis para disfarçar as formas – é do bom sítio uruguaio Autoblog.UY, com fotos de Nico Abella, surpreendendo grupo de UPs! em fotos de publicidade em Montevidéu, Uruguai.
Roda-a-Roda
+ um – Final de janeiro a Geely, chinesa em acordo com a Nordex, montadora uruguaia, e o grupo nacional Gandini, inicia distribuir seus produtos no Brasil.
Bom negócio – Fazer automóvel no Uruguai é ótimo. País formidável para se viver, facilidades legais para mesclar peças importadas com adições locais, e tremendo mercado fronteiriço, o Brasil.
Não disse ? – Nos primeiros 11 meses deste ano as exportações uruguaias de veículos chegaram a US$ 522M, representando 14.574 veículos. Brasil consumiu 9.533 unidades, US$ 136M. Importamos Cherys, Lifans, Kias Bongos. Lá a Renault faz caminhões, não enviados ao Brasil. Exportações são 95% da produção.
… 2 – Fevereiro passado dirigi em Genebra o VW XL1, capaz de 100 km/litro de diesel. Num sanduíche com colegas internacionais, boa parte deslumbrada com o resultado, disse não acreditar no produto como veículo, nem em vendas. Via-o demonstração de poder de Ferdinand Piech, presidente do Conselho da marca, e base para outros produtos, com mais jeito de automóvel e quase tão econômicos.
E ? – Fui olhado com comiseração e generosidade. Tez morena, terceiro mundista, em seletíssimo grupo mundial a dirigir o carro, era um sacrílego vindo de longe, mal informado. Um sem noção.
E ? – Informo, feliz, acerto da previsão: a VW não levou adiante o XL1 mas enfiou sua tecnologia num UP! e, combinando pequeno motor diesel turbo, dois cilindros, 800 cm3, de sua criação e produção, 48 cv (35kW) com gerador e motor elétrico – de idêntica potência. Gasta mais para andar 100 km: 1,1 litro de diesel!
Negócio – A aliança PSA/GM feita quando esta adquiriu 7% da secular empresa familiar francesa, uniram compras, logística, e desenvolvimento de projetos e motor, deu um breque: a GM venderá as ações. E projeto de dois carros sobre plataforma Peugeot e de motor pequeno foram cancelados.
Novidades – Mantida sinergia negocial, desenvolvimento de dois veículos em plataforma PSA, um multiuso sobre o 3008 e criação de SUV pequeno, sobre o 208, cujo irmão será lançado no Brasil neste ano.
Xing Ling – Aparentemente para deter prejuízos e perdas, a PSA, controladora de Peugeot e Citroën venderá sensível parte de suas ações á chinesa Dongfeng. E uma das exigências para o negócio é o afastar da GM, sócia de outra chinesa.
Reação – A Ford é a marca de veículos de maior crescimento mundial neste ano, crescendo vendas em 11,74% relativamente a 2012 e crendo superar 5M. Em 2014 lançará 23 novos produtos no mundo, dobro deste ano. Líder de vendas, o Focus, picapes da série F, e na prática alívio geral: sobrevivência da luxuosa marca Lincoln, antes em crise.
Vida nova – 23 de janeiro Mercedes apresentará o CLA, seu sedã pequeno e charmoso, aguerrido vendedor, interessado em ocupar a clientela de entrada na marca, catapultando, como informou a Coluna passada, o Classe C e seus preços para cima. O CLA custará em torno de R$ 140 mil.
Bom senso – A Presidente esvaziou o balão eleitoreiro soprado pelo ministro Guido Mantega, da Fazenda: adiar a obrigatoriedade, a partir de 1º. de janeiro, de uso do air bags e ABS. O adiamento permitiria manter VW Kombi e Fiat Mille em produção.
… II – Alegação irresponsável e eleitoreira partindo de São Bernardo, preservar empregos. Alguém soprou no ouvido presidencial: que produção cresceu relativamente a 2013 – sem dispensas; que no processo industrial fim de produto começa muito tempo antes, desmobilizando fornecedores – não é ordem para o dia seguinte; que, houvesse desemprego, seria nos fornecedores dos tais equipamentos; que os custos gerados pelos acidentes, danos e perdas humanas são enormes ao país e à Fazenda.
Pia – Reunião em Brasília para consensuar, presentes governo federal, Anfavea, sindicato e Volkswagen teve encerramento romano: o governo lavou as mãos, passou a decisão à Volkswagen sob pressão eleitoreira do sindicato dos metalúrgicos do ABC.
007 – Aos 23 de dezembro, véspera do fim de ano, quando tudo se transforma em brinde, a população saberá se ganhou – com o fim dos carros sem ABS e air bag -, ou perdeu, com sobrevida para a velha senhora, considerada exceção. Se, será espécie de 007 automobilístico.
A dona – A Volkswagen estará em férias, a produção da Kombi ter-se-á encerrado. Taticamente informa, aí, então, considerará a possibilidade de reatar a produção, remontando o processo de compra, produção e junção de peças. Espera-se, alguém governo federal dê um basta no conceito atual, que vê o Brasil como parte da Grande São Bernardo do Campo.
Imagem – Para se preservar e dissociar sua imagem de confusão, violência e práticas anti desportivas, a Nissan, montadora em instalação no Rio de Janeiro, cancelou seu patrocínio ao Vasco da Gama.
Tô fora – Elementos de sua torcida se meteram em atos de selvageria contra o Atlético Paranaense em Joinville, e a empresa considerou inaceitável violência, incompatível com sua postura de patrocinar o esporte. Prejú de R$ 21 milhões até 2017. Dias mais difíceis virão.
Lei – Diário Oficial de 13/12 traz Resolução 465/2013 do Contran regulamentando bicicletas elétricas, limitando assistência – ajuda externa – seja apenas por pedal. A Dafra, montadora universal em Manaus, comemora: seus produtos estão enquadrados.
Lei, 2 – Alguns postos já tem e todos terão a partir de 2014 a nova gasolina S 50. S de Súfur, enxofre, e 50 o número de partículas, agora reduzido dos atuais 800 para 50 partes/milhão. Toda a gasolina é refinada pela Petrobrás.
Melhor – O enxofre é retirado por reação química, utilizado para outros produtos, e a gasolina menos poluente amplia a operação do motor por atacar menos o óleo lubrificante. Maior ganho, por menos sacrifício químico, aos motores com injeção direta, caminho irreversível. Não se fala em aumento de custos – se os há -, em ano eleitoral.
Mobilidade – Bicicletas elétricas se transformam em opção ao uso do carro. Na Bélgica empresas incentivam a troca, pagando equivalente R$ 0,70/km compensados por incentivo fiscal do governo.
Gente – Luiz Carlos Moraes, 54, economista, 35 anos de Mercedes, trabalho em dobro. OOOO Acumulará diretoria de relacionamento corporativo, com relações públicas e imprensa. OOOO
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Quase outra história
A Fiat está no Brasil há mais de século e industrialmente tentou vir pioneiramente na década de ’50, quando seus modelos 1400 e 1900 eram montados pela Varam Motores em São Bernardo do Campo, SP. Não deu certo, mas não abandonou a ideia de ter um pé no país, tentando vir pela metade, com sua associada francesa Simca no Governo JK.
O projeto, chamado Vedette, segunda geração deste automóvel Simca, e nele da Fiat teria o planejamento da fábrica – a mais moderna então – e o motor, um 2.0, V8, vencedor ao tracionar o Fiat Otto Vu, esportivo em 114 unidades produzidas. Da combinação surgiria o Simca brasileiro.
O motor sugeria muito. Afinal, era exceção nos rótulos aplicáveis aos carros iniciando nossa indústria: ou eram fracassados, ou estavam em fim de vida. Ao contrário, projeto recente, em alumínio, 2 litros, 8 cilindros em V a 70 graus, 16 válvulas, comando no bloco, projeto de Dante Giacosa, mago criador do Cisitalia, dava muita potência de fábrica: chegou a 127 cv em versão Siata.
Poupar recursos para os primeiros passos para o mercado comum europeu e a decisão de implantar a marca na França, concorrendo com a associada, mudaram o projeto. A Fiat saiu do negócio; a Simca veio com o Vedette III, o Chambord, e motor antigo, na origem o Ford 60.
Fosse com o Otto Vu, 8V, – assim chamado porquanto a Fiat imaginava ser a expressão V8 de registro pela Ford -, por sua atualidade e bons resultados, com certeza o panorama dos motores de então e das competições teria sido inteiramente outro.