A partir de condições extremas de pressão e temperatura em competições como a Porsche Cup e a Stock Car, surgem formulações e soluções que chegam rapidamente ao mercado de rua, influenciando desde o desempenho dos carros de passeio até a eficiência de frotas logísticas
Na busca pelos milésimos de segundo que aquece os motores das pistas de corrida ao redor do mundo, cada detalhe importa. E, nesse contexto de alta performance, que tende a ser cada vez mais acirrado diante do avanço tecnológico que encontra nos autódromos o ambiente ideal de experimentação, os lubrificantes representam protagonistas silenciosos, mas essenciais, para o rendimento das equipes.
Para termos uma ideia desse cenário, o desenvolvimento de inovações tecnológicas no âmbito dos esportes a motor está diretamente atrelado ao próprio fortalecimento desse mercado que movimenta bilhões em todo o mundo.
Segundo um relatório produzido pela Business Research Insight, o mercado global de motorsport é avaliado em US$ 7,9 bilhões, com a expectativa de atingir o valor de US$ 18,76 bilhões até 2033, o que representa uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 10,07% entre este ano e o último ano de referência.
Ato contínuo, o avanço da inovação segue a rota que, começando nas pistas de corrida, alcança o consumidor em seu dia a dia, seja no trânsito das grandes cidades ou nas estradas que cortam o país e movimentam a economia e o fluxo logístico nacional.
Para citar alguns exemplos, em competições de alto nível, como a Porsche Cup e a Stock Car, nas quais os motores operam em condições extremas de temperatura e pressão, torna-se necessário que os fluidos sejam desenvolvidos de forma quase cirúrgica, principalmente porque podem ser um fator decisório para um bom resultado em uma corrida.
E a boa notícia envolve, justamente, esse processo de adaptação da eficiência dos lubrificantes para os motores que operam nas circunstâncias normais de trânsito.
Novas possibilidades e demandas
Tratando-se de lubrificantes para carros, é importante apontar que sua função vai muito além de uma mera redução de atrito: eles contribuem para preservar a potência do veículo, proporcionando eficiência térmica e protegendo contra desgastes mais intensos. Assim, conforme supracitado, no automobilismo, seu desenvolvimento deve priorizar formulações que suportem condições extremas de velocidade, pressão e temperatura.
E, com avanço de tecnologias emergentes, caminhos foram abertos para a indústria que passa, dentre outros pontos, a investir em formulações de alta pureza, com novos aditivos específicos e inovadores, que oferecem mais estabilidade e resistência aos carros, com a possibilidade de ajustes e adaptações que atendam aos requisitos técnicos de motores e sistemas de transmissão.
Outro aspecto que impulsiona o aprimoramento desses produtos é a preocupação crescente com o meio ambiente. Isso porque esta preocupação, de âmbito global, move novas legislações rígidas no que diz respeito à emissão de gases poluentes, as quais incentivam os fabricantes a lançar e investir em novas tecnologias que permitam economia de combustível, além de motores híbridos, mais leves e potentes, que também demandam adaptação da indústria de lubrificantes.
Naturalmente, este cenário se replica no cotidiano do cidadão e consumidor comum, visto que essas as exigências regulatórias e demandas extrapolam o ambiente competitivo. Assim, muitas das inovações são testadas justamente em cenários extremos, de modo que possam ser devidamente aperfeiçoadas para, assim, serem implantadas nos carros de passeio ou mesmo em frotas logísticas.
Na Porsche Cup, aliás, já se analisa a telemetria de dados em tempo real, a fim de se obter insights a partir de informações coletadas dos veículos durante as corridas. Dessa forma, os dados capturados e analisados permitem o aprimoramento da performance dos carros e tomadas de decisão mais bem embasadas.
Tais indicadores, por sua vez, são utilizados em diferentes ramos da indústria automotiva, incluindo o mercado de lubrificantes, para o aprimoramento de produtos – seja para os pilotos das pistas de alta velocidade, seja para o nosso cotidiano nas ruas.
Em outras palavras: a sofisticação tecnológica, mais do que nunca, impõe novos padrões de excelência também para as frotas urbanas. E, na medida em que novas e mais rígidas demandas surgem para o enfrentamento da crise climática, não há dúvidas de que temos pela frente um futuro de inovação contínua na indústria de lubrificantes.
Nesse contexto, os autódromos cumprem um papel essencial de atuar, além de tudo, como um verdadeiro laboratório controlado, no qual soluções são testadas em condições extremas para que possam chegar de forma devida ao consumidor, este também cada vez mais exigente, com atenções voltadas para o desempenho, durabilidade e sustentabilidade.
São demandas que impulsionam a indústria, abrindo novas oportunidades para aqueles que colocam a inovação no centro de seus negócios.
Autor: Filipe Arges, Diretor de Marketing e Novos Negócios da Menzoil