02 dez Cem anos de um ícone
A Maserati assopra as velinhas e comemora um século de história em excelente forma
Já se imaginou a bordo de um belo Maserati azul-royal? Cultuada entre os amantes de carros por conta de seu design arrojado e de seus motores poderosos, a marca – que acaba de completar cem anos – segue na lista de desejos de dez entre dez marmanjos por aí. Mas nem só os barbados se derretem por um possante. Nós, mulheres, também adoramos acelerar! Por sinal, tive a oportunidade de dirigir (escreveria “pilotar”, mas me obrigo a praticar a autocensura) o centenário veículo no norte da Itália, na temporada de neve da sinuosa cidade de San Lorenzo. É verdade que a sensação de “pisar fundo” não é tão sensacional assim, isso porque nem dá para notar que o carro ultrapassa os limites da normalidade (digo, dos 120 quilômetros por hora, o máximo permitido em algumas estradas brasucas). Mas é justamente nesse contexto que ele arrebata corações: a dirigibilidade é absolutamente incontestável. Somada a esse detalhe, o conforto, a segurança e o luxo dos acessórios (com direito a Supple Poltrona Frau® de couro, acabamentos de madeira, painel em três níveis e tela touchscreen com GPS e canais de entretenimento integrados) estão entre os destaques dos modelos.
Fundada em 1º de dezembro de 1914, na cidade de Bolonha, pelos irmãos Alfieri, Ettore, Bindo e Ernesto, a Maserati fabricava de velas de ignição a motores cheios de pretensão. Os carros ainda não eram vedetes das linhas de produção, apenas sonhos quase inatingíveis. Mas como não investir num escopo arredondado, de coloridos acetinados e logo invocado? O tridente sacado das mãos de Netuno e paginado por Mario Maserati (como uma espécie de coroa pespontada) serviu de fio condutor para os traços nada conservadores das supermáquinas que estavam por vir. Com a ideia fora do papel, a empresa resolveu reproduzi-la em série: foram 61 carros montados em três anos – sempre a preços nada convidativos (em valores de hoje, cada exemplar vale entre R$ 590 mil e R$ 1 milhão).
Embalados pelo sucesso e pela maestria do piloto argentino Juan Manuel Fangio, a grife tratou de levar seus predicados para dentro das pistas de corrida. Fangio venceu os campeonatos de 1954 e 1957 no cockpit de um Maserati, e impulsionou as vendas das unidades para os simples mortais. Foram tempos áureos para os fãs do auto. Porém, diante de um mercado cada vez mais competitivo e com fortes problemas financeiros, em 1997, a Ferrari arrematou metade da Maserati, assumindo o seu controle operacional. As instalações cravadas em Modena testemunharam as primeiras versões do sedã Quattroporte Evoluzione (que mais parecia um Passat) e do 3200 GT Coupé, este, sim, um protótipo capaz de revolucionar o mundinho da aerodinâmica.
Na sequência, foi a vez de reposicionar a grife entre as gigantes do setor e retornar aos Estados Unidos, local que havia se retirado na década de 1980. Além da jovialidade da equipe e dos altos investimentos em marketing, a Maserati-Ferrari não poupou em tecnologia e na releitura de seus clássicos, caso da Maserati Spyder, que ganhou motor de alumínio e câmbio borboleta. Na celebração de seus 90 anos, a Carrozzeria Pininfarina, que já tinha assinado os contornos do A6, em 1948, foi novamente escalada para redesenhar a clássica V Quattroporte. Apenas três anos depois, em 2007, a GrandTurismo também caiu nas graças da turma de Turim para uma reforma geral nas estruturas. As inovações possibilitaram que a marca voltasse a figurar no Olimpo da indústria automotiva com status de realeza e toda a pompa de seu regente Netuno a tiracolo. Uma aspiração para poucos. www.maserati.com
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