Nova temporada do Balé da Cidade de São Paulo reúne obras inéditas de duas coreógrafas brasileiras

Explorando pesquisas distintas das danças contemporâneas, Michelle Moura apresenta um jogo entre o natural e o artificial com tão carne quanto pedra, e Rafaela Sahyoun pensa o pulso como força organizadora em BOCA ABISSAL. A segunda temporada do Balé da Cidade ganha o palco da Sala de Espetáculos entre os dias 23/05 e 01/06. Os ingressos variam de R$ 11 a R$ 92 (inteira) e a duração é de 100 minutos com intervalo

Após uma temporada de grande sucesso com Réquiem SP, o Balé da Cidade de São Paulo apresenta duas novas criações, ambas de autoras brasileiras expoentes da dança internacional. A primeira é de Michelle Moura, sob o título tão carne quanto pedra, e a segunda é de Rafaela Sahyoun, intitulada BOCA ABISSAL. As apresentações desta segunda temporada serão realizadas nos dias 23/05sexta-feira20h24/05sábado17h25/05domingo17h28/05quarta-feira20h31/05sábado17h, e 01/06domingo17h. Os ingressos variam de R$ 11 a R$ 92 (inteira).

Segundo o diretor artístico da companhia, Alejandro Ahmed, as duas artistas elencadas para produzirem novas obras para o Balé da Cidade de São Paulo são coreógrafas que desenvolvem um modo muito sofisticado, intenso e original de criar dança, trazendo novamente a importância de criadoras nacionais que desenvolveram suas pesquisas no Brasil e fazem parte de um circuito importante de dança contemporânea internacionalmente.

“A definição de coreografia é um mergulho constante que ultrapassa a etimologia da palavra e se projeta em suas práticas expandidas. Michelle Moura e Rafaela Sahyoun, emergem nesta temporada com um corpo coreografado e coreográfico — uma verdadeira morfografia de suas danças. Aqui, a coreografia conecta de forma contínua, a retroalimentação entre o corpo que dança e o coletivo que a ele responde e o devolve ao mundo”, explica o diretor.

Abrindo o espetáculo, a estreia de uma nova criação de Michelle Moura, intitulada como tão carne quanto pedra, articula os corpos em humores, animalidades, forças, controle e abandono, apartadas da terra, gerando tensões e deformações que se espalham como ondas elétricas pelo espaço. Bailarina e coreógrafa brasileira radicada em Berlim, Michelle Moura em seus trabalhos dos últimos 12 anos tem explorado mudanças psicofísicas como em não piscar (BLINK), falar sem mover a boca (Overtongue), hiperventilar (FOLE).

As concepções de Michelle são feitas a partir da manipulação de expressividades e intensidades, com um acúmulo visceral-minimalista de gestos, sons e significados. A proposta é produzir fantasmagorias psicofísicas que revelam aspectos energéticos e emocionais do corpo, enquanto se buscam fricções/ficções entre as categorias de “natural” e “artificial”.

“O título evidencia a simplicidade da fórmula química elemental humana dentro da ordem terrena: somos o pó dos sapatos de alguém, o lítio na bateria, o petróleo em alta pressão sob a terra, a hiena limpando a carcaça. Tão sublimes e sem importância quanto a flor, a formiga, o escarro”, explica a artista.

Na segunda metade, será apresentado o espetáculo intitulado como BOCA ABISSAL, de Rafaela Sahyoun. Artista da dança e das matérias do corpo, a paulistana Rafaela Sahyoun se aprofunda no fazer coreográfico, na educação e na pesquisa continuada, atuando como bailarina colaboradora em contextos nacionais e internacionais.

 

Em BOCA ABISSAL, ao deslocar o foco da forma para a variação, da narrativa para a ressonância, a obra propõe o afeto como política do sensível. Ela não impõe compreensão nem identificação. Ela convida à percepção do corpo – percebido em si. A obra coreográfica parte da premissa de pulso como força organizadora, sistema de relação e agente coreográfico. Instaurando um campo onde a dança vai se compondo no entre espaço vibrátil onde os afetos ressoam, em estado de propagação.

 

“BOCA ABISSAL se ancora em um desejo de produzir energia nesses tempos de exaustão. Os bailarinos se aproximam e se distanciam, eles orbitam e atravessam, criando esse espaço de afetabilidade. Isso vem tanto dos atravessamentos deles nos espaços e vem do próprio movimento que tem uma proposta de rebote”, finaliza Rafaela.

 

Nova temporada do Balé da Cidade de São Paulo terá ciclos de debate sobre a dança contemporânea

Sempre uma hora antes de cada sessão, será realizado o evento Antes da Cena, com entrada mediante a apresentação do ingresso do espetáculo. O projeto tem apresentação de Paula Petreca, artista da dança, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP e doutoranda em Artes da Cena pela Unicamp, e abordará o tema “Por que falar de coreógrafas?”. Diante de um programa assinado por duas coreógrafas, a ideia do ciclo de debates é refletir sobre a presença e também as ausências de autorias femininas no campo da dança.

 

Serviço:

Balé da Cidade de São Paulo

tão carne quanto pedra e BOCA ABISSAL

Local: Theatro Municipal de São Paulo – Sala de Espetáculos – Praça Ramos de Azevedo, s/n

Datas e horários: 

Sexta-feira, 23/05, 20h

Sábado, 24/05, 17h

Domingo, 25/05, 17h

Quarta-feira, 28/05, 20h

Sábado, 31/05, 17h

Domingo, 01/06, 17h

Ficha técnica:

“tão carne quanto pedra”

Michelle Moura, concepção e coreografia

Clarissa Rêgo, assistente de coreografia

Maikon K, pesquisa dramatúrgica

Kaj Duncan David e Rodrigo Lemos, trilha sonora

Kabé Pinheiro, percussão

Rafael Cesario, violoncelo

Reptilia por Heloisa Strobel, figurino

Aline Santini, desenho de luz

Camila Schmidt, cenografia

Stephanie Fretin, assistente de cenografia

Luiz Parisi, visagismo

Elenco: Alyne Mach, Ana Beatriz Nunes, Ariany Dâmaso, Carolina Martinelli, Cleia Santos, Erika Ishimaru, Fabio Pinheiro, Grécia Catarina, Leonardo Hoehne Polato, Leonardo Silveira, Luiz Crepaldi, Renée Weinstrof e Uátila Coutinho
Intervalo (20’)

 

BOCA ABISSAL

Rafaela Sahyoun, concepção e coreografia

Inês Galrão, assistente de coreografia

Daniela Moraes e Gustavo Cabral, design de movimento

Judita Tripar, estágio em pesquisa continuada e composição coreográfica

Yantó, trilha sonora, produção musical, mixagem, programações, vozes e sintetizadores

Frederico Pacheco, gravação, mixagem e masterização

Leandro Vieira, percussões acústicas, cuíca e onça

Bruna Lucchesi e Rodrigo Mancusi, coro

Karina Mondini – Tela Studio SP, figurino

Aline Santini, desenho de luz

Camila Schmidt, cenografia

Stephanie Fretin, assistente de cenografia

Luiz Parisi, visagismo

Elenco: Bruno Rodrigues, Camila Ribeiro, Fabiana Ikehara, Gutielle Ribeiro, Harry Gavlar, Isabela Maylart, Jéssica Fadul, Leonardo Muniz, Luiz Oliveira, Marcel Anselmé, Marcio Filho, Marina Giunti, Marisa Bucoff, Odu Ofá, Rebeca Ferreira, Safira Sacramento, Silvia Sousa e Victor Hugo VillaNova.

Classificação livre

Duração de 100 minutos (com intervalo)

Ingressos de R$ 11 a R$92 (inteira)

Programação sujeita a alterações.

 

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