As pizzarias que se cuidem
Elas voltaram mais reais que nunca, num filme que já estreou nos EUA arrebentando as bilheterias
Por aqui, o filme deve estrear em quase 800 salas de cinema, com cópias em 2D e 3D, ou seja, o grande sucesso vai se repetir. Não é à toa que os produtores investiram pesado nessa nova versão dos répteis que vivem sob a capital do mundo, lutam um tipo estranho de Kung-Fu e se deliciam com as redondas da Pizza Hut.
Na verdade é um recomeço, a história agora passa a ser contada com a ajuda das novas tecnologias da ILM (Industrial Light and Magic) e as espetaculares câmeras 3D dão outra dimensão aos heróis com nomes de personagens da renascença européia. Em AS TARTARUGAS NINJA (Platinum Dunes, Gama Entertainment, Mednick Productions, Heavy Metal Productions, Nickelodeon Movies, Paramount Pictures) os espetaculares efeitos e as bem cuidadas criaturas esbarram em um ponto muito frágil na sua produção.
A concepção de ser um filme para adultos e adolescentes, tem em sua apresentação um lado mais voltado ao público com mais idade, explora muito a sensualidade da heroína April O’Neil (vivida pela linda Megan Fox) e demora um pouco para encontrar os personagens centrais.
As cenas escuras, obra do diretor de fotografia, o brasileiro Lula Carvalho, que em seus trabalhos anteriores (Tropa de Elite 1 e 2, Budapeste, Robocop) usou muito esse recurso, está dentro do contexto de quem vive no subsolo, onde a o sempre bem utilizado aproveitamento da Steadicam é muito bem feito, principalmente nas cenas de lutas.
Aliás, as lutas são uma espetacular realização. Muitíssimo bem coreografadas, dão a impressão que os atores sofrem realmente os revezes das brigas, a utilização de armas em alguns momentos e as perseguições mescladas com lutas, seguram o espectador na cadeira.
Em uma das cenas mais tensas, quando a ação ocorre no alto de um prédio, a impressão que se tem é que foram realizadas em locais fixos e reais, tamanha é a complexidade de execução e as reações dos envolvidos.
É uma estória simples e já conhecida. Afetados por uma substância radioativa, um grupo de tartarugas cresce anormalmente, ganha força e conhecimento. Vivendo nos esgotos de Manhattan, quatro jovens tartarugas, treinadas na arte de kung-fu, Leonardo, Rafael, Michelangelo e Donatello, junto com seu sensei, Mestre Splinter, tem que enfrentar o mal que habita cidade. Na verdade, é simples até demais, poderia ser mais ousada e ter um enredo mais rico.
A direção do sul-africano Jonathan Liebesman é clássica e típica daquele que um dia foi fã e agora tem o poder de dirigir os heróis. Não tem nada de excepcional, é correta, tem nas atuações das tartarugas e do rato o ponto forte e transforma, como eram os filmes dos anos 80/90, os humanos em coadjuvantes atrapalhados. Com isso, facilita muito o entendimento e o andamento do filme, tem a cara do já vi isso antes, mas esta muito melhor.
Os bem gastos US$ 125 milhões (e na estréia já faturou US$ 64!) é mais um dos motivos para se levar os maiores de 12 anos ao cinema nesse fim de semana. O filme estréia hoje e tem cara de gerar muitas filas e encantar velhos e novos fãs, afinal, tem tudo que a gente gosta: humor, amor, ação, emoção e pizza!
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Paramount