Aventura, ousadia, adrenalina, paixão por off-road, máquinas potentes, muita poeira, pedras, em meio ao deserto de Nevada, nos Estados Unidos. Foi esse o cenário da The Mint 400, a maior e mais tradicional corrida off-road americana que foi realizada no sábado, dia 14 de março, nos arredores de Las Vegas. Mais de 330 equipes participaram do evento que se realiza há 48 anos e, entre eles, estavam Luiz Facco e Humberto Ribeiro, dupla da Equipe Acelera Siriema, os únicos brasileiros no grid.
A diversão foi garantida, mas não foi tarefa fácil. A equipe tetracampeã brasileira de Rally Cross Country e bicampeã do Rally dos Sertões (maior prova off-road do país e segundo maior rali do mundo) relata que apesar da experiência, nunca havia participado de uma “batalha” como esta. Segundo a dupla do carro #1891, o terreno é realmente de Cross Country, com muitas pedras e lombas gigantes, areias, facões enormes e qualquer erro poderia ser fatal.
“Agora podemos dizer que participamos da Mint 400, uma prova muito doida e diferente do que estamos acostumados a fazer. A luta constante é contra o pó, que é uma poeira que cega 100% como se estivéssemos pilotando de olhos fechados. Ás vezes não tínhamos noção para que lado estávamos indo, é uma verdadeira batalha”, descreve Facco que competiu pela categoria 1800.
Há duas corridas dentro da The Mint 400 que conta com mais de 20 categorias. Uma com pilotos menos experientes que fazem duas voltas no deserto, e outra, com os mais profissionais que realizam três voltas e completam as 400 milhas (640 quilômetros) de percurso em um único dia, com direito a paradas – duas ou três – no pit stop para manutenção e abastecimento. Diferentemente do regulamento no Rally Cross Country no Brasil, não há controle de largada, o rádio não é utilizado para ultrapassagem e encontrar caminho livre para acelerar, muitas vezes, é complicado.
“Largamos de dois em dois, com intervalo de 30 segundos. Enquanto no Brasil são três carros a cada seis minutos, nesta corrida em seis minutos nos deparamos com 24 carros. Por isto, é difícil conseguir sair do pó do outro carro. Sem falar que para ultrapassar precisamos “dar um totó”, ou seja, literalmente dar uma batida no carro da frente. Como éramos mais rápidos que alguns carros, a gente tinha de ultrapassar a todo o momento. Imagine a loucura?”, conta o navegador Ribeiro.
A dupla brigou e acelerou o que pode, mas devido a um problema com o motor, não pode completar o percurso. Facco explica como foi. “Perdemos um pneu pouco antes do primeiro pit. A equipe trocou mas não colocou outro sobressalente, andamos 10 quilômetros e perdemos o segundo pneu, daí aguardamos cerca de 40 minutos por outro e voltamos para prova. Tínhamos o terreno livre finalmente para andar como gostamos e aceleramos no máximo por uns 50 quilômetros, foi quando o motor explodiu e era o final de prova para nós.”
Para os brasileiros, a estreia na corrida pelo deserto foi uma experiência única. “Uma prova muito legal, organizada e desafiante, com outras regras mas que proporciona uma adrenalina enorme”, diz o navegador. O piloto também aprovou o desafio: “Sem dúvida foi uma grande experiência que vivenciamos aqui, uma prova bem diferente. Mas acima de tudo valeu o aprendizado, ainda mais porque andamos com um 4×2 com 280cv, curso de suspensão de 500mm, de uma categoria de base, bem diferente do nosso carro no Brasil. Que venha a próxima”, finaliza Facco.
O campeão da edição 2015 foi o piloto Justin Lofton, seguido de Robby Gordon e, em terceiro, Rob MacCachren. Mais informações sobre prova e resultados race-dezert.com ou themint400.com