A história se repete: a área de automóveis do Brasil continuará fazendo ajustes de produção nos próximos dois meses, suspendendo contratos de trabalho de cerca de 2 mil trabalhadores apenas em março, disse ontem, sexta-feira dia 4 de março, Luiz Moan Yabiku Junior, o presidente da ANFAVEA.
A redução na produção vai ocorrer após queda de 31,6% no volume montado no primeiro bimestre sobre o mesmo período do ano passado e depois de o setor reduzir o número de pessoal ocupado em 8,5% ao final do mês passado sobre fevereiro de 2015, segundo os dados da entidade. “O cenário de restrição à produção deve continuar nos próximos dois meses”, explicou Moan. “Está previsto para este mês mais 1.800 trabalhadores em layoff (suspensão de contratos de trabalho), somando 38,2 mil no setor com alguma restrição de trabalho”.
O setor terminou fevereiro com estoque de 241,4 mil veículos novos à espera de compradores, queda de 8 por cento sobre janeiro. Porém, ao ritmo de vendas do mês passado, o total estocado era suficiente para 46 dias de vendas, disse a Anfavea.
A indústria de veículos empregava no fim de fevereiro 130,26 mil trabalhadores. Segundo Moan, não fosse uma empresa do setor efetivar cerca de dois mil trabalhadores terceirizados em fevereiro, os dados de pessoal ocupado teriam sido ainda mais fracos. Ele não citou o nome da empresa que fez as contratações.
O presidente da Anfavea afirmou que segundo as projeções da entidade para o setor neste ano, de alta de 0,5% na produção, queda de 7,5% nas vendas no mercado interno e expansão de 8,0% nas exportações, a ociosidade das montadoras em 2016 será de 52%.
Porém, o setor terminou o bimestre com um nível de ociosidade de 64%, com situação mais grave no segmento que reúne caminhões e ônibus, onde a taxa era de 81%. Na avaliação da Anfavea, a indústria deve ter alguma reação mais para o fim do ano, o que justifica a manutenção das projeções da entidade para 2016.
Internamente, a entidade esperava vendas em fevereiro de 148 mil veículos novos e o dado final foi de 146,8 mil, o que deu confiança à Anfavea para deixar inalteradas as estimativas para o ano, disse Moan.