Artigo: “O que está mudando no mundo da mobilidade”

Imagine-se em um cenário em que os habitantes de uma cidade dispõem de aplicativos que permitem escolher, planejar e pagar por variados tipos de serviços de mobilidade e modais como trens, metrô, táxi, Uber, ônibus e até veículos privados compartilhados, embarcações e aviões. O usuário apenas seleciona no aplicativo o seu destino final e o sistema gera todo o trajeto que será percorrido com alternativas e combinações de vários modais para o deslocamento.

Pois bem, este cenário existe atualmente em Helsinki, capital finlandesa, onde esses serviços estão disponíveis. Várias outras cidades, como Paris, Barcelona e Berlim, têm ao menos um projeto piloto em que este tipo de sistema está sendo avaliado.

A mobilidade como serviço (MaaS – Mobility as a Service) é uma tendência crescente em vários países e já começou a gerar mudanças de paradigmas muito importantes em todo o setor de transportes.  Plataformas digitais estão em desenvolvimento para a integração dos meios de deslocamento, planejamento de rotas, emissão de passagens e pagamento de tarifas, baseadas em um modo radicalmente diferente de olhar e tratar a mobilidade.

Tudo isso sem dúvida facilitará muito a vida dos usuários. No entanto há obstáculos a serem transpostos para que as coisas funcionem. Os desafios começam no enfrentamento de questões como a posse do automóvel, que parece estar perdendo para a chance de simplesmente poder desfrutar do veículo o 1º lugar no pódio dos desejos das novas gerações de consumidores. Sem falar da falta de infraestrutura e garantia de segurança cibernética, fundamentais à saúde de qualquer sistema.

Como se trata de uma mudança sistêmica, a integração de setores envolvidos é também indispensável. Vamos precisar de estradas conectadas, semáforos inteligentes e no mínimo infraestrutura tecnológica para conectar tudo em protocolos comuns, além de também contar com a parceria dos governos para fazer a conectividade funcionar.

Nesse panorama revolucionário, a eletrificação e a autonomia veicular também estão presentes e avançam. O desenvolvimento de combustíveis com maior octanagem e de motores de compressão maior segue vigorosamente, apontando para a convivência dos propulsores a combustão e elétricos por um bom tempo, para o bem da eficiência energética. O mesmo ocorre com o álcool na direção de um melhor poder calorífico. O veículo autônomo é real e, como as aeronaves, precisa de vias inteligentes.

Ante esses estímulos, engenharia e indústria no Brasil traçam suas rotas para acompanhar as tendências mundiais do mercado e atender a novas demandas locais e conceitos de produto. É precisamente esse o debate que queremos promover no Painel Engenheiros-chefes do Congresso SAE BRASIL 2017, em que diretores executivos das engenharias de empresas dos setores de tecnologia, indústria aeronáutica e automobilística revelarão as estratégias de transição para que esse futuro seja alcançado.

Autor: Jomar Napoleão é engenheiro e membro do Comitê Especial do Congresso SAE BRASIL 2017.                

 

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