Os manguezais oferecem diversos serviços ambientais à humanidade como alimentação e sequestro de carbono
Esta semana foi comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente e os especialistas ambientais fazem um alerta: é preciso conservar o berçário da vida marinha, o mangue. A enorme importância social, econômica e ecológica, além dos inúmeros serviços ambientais que esse ecossistema presta não é vista por grande parte da população. O seu aspecto rústico, lamacento, o odor forte e o despejo dos esgotos nos rios, em sua maioria, são os principais motivos para isso.
Em Pernambuco e Alagoas, essa realidade vem mudando em virtude do projeto Toyota APA Costa dos Corais, uma parceria público-privada entre a Fundação Toyota do Brasil, a Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e instituições locais. A conservação dos manguezais passa por diversas ações, que vão desde a fiscalização para coibir agressões ao meio ambiente à conscientização da população.
O melhor caminho tem sido trabalhar com a comunidade escolar. O Instituto BiomaBrasil, uma das organizações não-governamentais com sede em Recife (PE), vem desenvolvendo um trabalho de formação de professores na Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, por meio do Guia Didático “Os Maravilhosos Manguezais do Brasil”. Desde 2012, foram capacitados 200 professores em quatro municípios: Tamandaré e São José da Coroa Grande, em Pernambuco e São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras, em Alagoas.
“Os manguezais são ecossistemas muito produtivos que prestam diversos serviços ambientais à humanidade como filtro biológico, proteção da linha de costa, sequestro de carbono, aprisionamento de sedimento, área de reprodução, alimentação e proteção de muitas espécies marinhas. Na APA Costa dos Corais esses serviços são importantes para a manutenção do maior banco de corais do Atlântico Sul”, explica Clemente Coelho Jr., presidente do Instituto BiomaBrasil e professor da Universidade de Pernambuco.
Diversas espécies de peixes, moluscos e caranguejos utilizam, pelo menos em uma fase da vida, os manguezais. Parte dos sedimentos que descem bacia hidrográfica abaixo ficam retidos nas raízes e se depositam formando a lama. “Infelizmente, devido à perda da Mata Atlântica, a quantidade de sedimento que desce em direção ao mar vem aumentando. Melhor com a floresta de mangue, pior sem ela. Os corais, organismos sensíveis, poderiam desaparecer, caso os manguezais fossem retirados”, afirma Coelho Jr.
A ação consiste em um curso de 16 horas com professores e no acompanhamento das atividades no ano letivo da rede municipal de ensino. Mais de 4 mil crianças já foram impactadas por meio dessa iniciativa. Clemente Coelho Jr. explica que além da conscientização, as crianças e jovens têm criado um pertencimento ao local onde vivem. “O mais interessante é que esses alunos não só aprendem sobre onde estão inseridos, mas criam valor e respeito, entendendo as relações humanas e ambientais e, consequentemente, se tornando mais participativos na conservação da natureza”.
Porto de Pedras (AL) foi o último município formado, no início de 2018, e vem realizando diversas atividades em sala de aula e no campo, contemplando os manguezais como bandeira na defesa e conscientização da APA Costa dos Corais.