O TINTUREIRO SALVOU O BAILE

Imagine uma, ou melhor, três jovens, com seus 14/15 anos, lá pelos anos 60, ficarem impedidas de ir ao baile de aniversário da amiga porque o táxi tratado quebrou. Pois é, minha amiga Leide passou por esse perrengue na sua juventude. Ficou a tarde inteira na cabeleireira do bairro, junto com as amigas, fazendo unhas –  pés e  mão – limpeza  de pele e, principalmente maquiagem e cabelo, para chamar atenção da rapaziada. Era a festa do ano, ninguém queria perder.
Mas Leide e as amigas corriam este risco. O táxi, já contratado, estava quebrado.
O que fazer? Naquela época nem todas as casas tinham telefone para tentar um outro táxi. E, mesmo que alguém tivesse, não era como hoje, com Uber, Cabify, 99 e outros menos votados. Não havia o que tirasse a tristeza que se abateu sobre as moças. Elas  não sabiam o que fazer.

Mas ai a mães de uma delas lembrou do simpático japonês, dono de uma tinturaria, que era vizinho e tinha uma Kombi.

Quem sabe o “seo” Shiro pode ajudar?

E lá se foram as meninas, já já prontinhas, com seus vestidos, cabelos e maquiagem, pedir ajuda ao tintureiro, que atendia todo mundo na vizinhança.

Segundo Leide, nem precisaram chorar muito, – “até porque, chorar estragaria a maquiagem, né? – disse ela.

O “seo” Shiro, atencioso,  logo atendeu ao pedido, mas só fez uma ressalva: a Kombi não tem bancos, vocês vão ter que ir de pé, se apoiando nas travessas que estão lá para segurar os cabides em que se leva as roupas.

E lá se foram as três moças, as únicas que chegaram lá com seus vestidos sem um amassadinho sequer. Afinal, elas foram a a grande festa, penduradas na Kombi da tinturaria do “seo” Shiro.

Ah! Para terminar, pelo menos duas delas “se arrumaram” naquela noite. Mas a Leide não disse se ela estava entre elas.
Eu acho que sim!

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