Covid-19: “Super Rodízio” é contraproducente

Associação que representa mais de 10 mil locadoras de veículos vê intenção midiática na medida adotada pela Prefeitura de São Paulo

Conforme a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA), a entrada em vigor do rodízio emergencial torna as pessoas que possuem somente um carro mais sujeitas à contaminação pelo novo vírus. “Mais uma vez, o poder público pune quem tem necessidade de deslocamento e prefere medidas que têm relevância midiática”, resume o presidente da entidade, Paulo Miguel Junior.

Com o “super rodízio”, a entidade projeta aumento de aglomerações nos ônibus e no metrô, na medida em que mais pessoas estarão impedidas de utilizar o transporte individual. “O automóvel, nesse momento, ainda é a melhor forma de evitar o contágio nos deslocamentos”, avalia Miguel Junior. “Dentro dos carros as pessoas estão isoladas e, diante do pânico instaurado, mesmo naqueles em que trafegam somente com o motorista, esse geralmente está de máscara”.

Para o pós-crise, a ABLA já trabalha com a projeção de que novos clientes migrarão para o aluguel de carros. “Quando as restrições de circulação forem diminuídas e com o valor atual das tarifas de locação, vão crescer as chances de pessoas interessadas em evitar aglomerações procurarem o nosso setor”, diz Miguel Junior. Para ele, por precaução, o comportamento de parte da população tenderá a ser o de usar mais veículos próprios ou locados e menos os transportes públicos ou compartilhados.

“Não é nos automóveis que o vírus se espalha”, avalia Miguel Junior. “Quando observamos as aglomerações, razão pela qual teoricamente foi implantado o novo rodízio, elas acontecem onde a prefeitura não tem a coragem de atuar”, diz. “Exemplo disso são os próprios transportes coletivos, que não são exatamente as melhores referências em termos de higienização”.

Segundo a ABLA, o setor de locação de veículos também já implantou protocolos de higienização, pontos de atendimentos e, com os colaboradores, medidas a fim de evitar o contágio. “A intenção é atender a população nos locais que enquadraram a locação como atividade essencial, assim como fez a União”, explica Miguel Junior. “Entre os legados da Covid-19 estará a valorização do transporte individual, que garante mais segurança contra novos contágios”.

O setor ainda busca a autorização de todos os estados e municípios para continuar atendendo às demais atividades essenciais que necessitam de veículos para complementar a frota, bem como para dar atendimento aos contratos em andamento. O mais recente Censo do setor de aluguel de veículos, organizado pela ABLA e com informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), mostrou que ao final de 2019 o Brasil contava com 10.812 empresas de locação de veículos.

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