Dos 330 respiradores recebidos, 80 já foram reparados e devolvidos a mais de 30 unidades de saúde. Cada aparelho recuperado pode salvar até dez vida
Cerca de 40 funcionários da Fiat Chrysler Automóveis (FCA) participam, desde abril, da ação solidária para reparar respiradores pulmonares, essenciais no tratamento de pacientes com sintomas graves da Covid-19. Em dois meses, a FCA já consertou 80 dos 330 respiradores recebidos nas fábricas da Fiat, em Betim (MG), e da Jeep, em Goiana (PE). No total, cerca de 30 hospitais de 20 municípios do Alagoas, Amapá, Minas Gerais, Paraíba e Pernambuco receberam seus equipamentos de volta, em plena condição de uso. A iniciativa faz parte de um amplo programa de ações realizado pela empresa, para auxiliar no combate ao novo coronavírus.
Outros 20 respiradores aguardam apenas a calibração e os testes finais, para liberação aos hospitais. “Cada aparelho recuperado pode salvar até dez vidas. É muito gratificante participar dessa iniciativa, utilizando nossos conhecimentos em benefício da saúde. A pandemia nos mostra o quanto é fundamental a capacidade de adaptação e reinvenção diante das crises. E é isto que estamos fazendo”, afirma Leonardo Amaral, gerente de Assuntos Regulatórios e Compliance da FCA, também responsável pela coordenação dessa força-tarefa.
O tempo de reparação dos aparelhos varia bastante. Problemas técnicos identificados em alguns respiradores são simples, como a troca de bateria. Outros já necessitam de componentes mais específicos e a busca por peças de reposição transforma-se em uma corrida contra o tempo. Atualmente, 110 equipamentos encontram-se nessa situação. “Equipamentos industrial e médico possuem componentes bem similares. Muitos dos nossos fornecedores estão sendo acionados. Em vez de fabricar peças para os sistemas dos automóveis, a demanda é para os respiradores. Estamos todos aprendendo juntos”, completa Leonardo Amaral.
Nas fábricas da Fiat e da Jeep, os aparelhos são higienizados e reparados em laboratórios, que foram especialmente organizados para essa nova atividade. Antes da devolução aos hospitais, cada equipamento é calibrado e certificado, de acordo com normas técnicas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Todo respirador também recebe laudo técnico assinado por engenheiros clínicos de empresas especializadas.
Localizado em Belo Horizonte, o Hospital da Baleia encaminhou para a FCA 25 respiradores que não funcionavam. Desse total, 15 já foram recuperados e estão em uso. “Dos 100 leitos dedicados ao tratamento de pacientes com a Covid-19, menos de um terço tem esses aparelhos. A chegada dos ventiladores é de grande valor, pois irá nos ajudar bastante no enfrentamento da epidemia da Covid-19, por sermos um hospital com grande número de pacientes imunodeprimidos”, destaca o superintendente Técnico do Hospital da Baleia, Mozar de Castro Neto.
Em João Pessoa (PB), seis aparelhos já foram devolvidos à Secretaria Municipal da Saúde. Um dos hospitais beneficiados foi o Hospital Municipal Prontovida. “A ajuda está sendo essencial, tanto pela dificuldade de encontrar esses aparelhos diretamente no fornecedor como pela redução de custo num momento que todos os recursos estão voltados para enfrentar a pandemia”, destaca Roberlândia Freire, diretora da Regulação em João Pessoa. A unidade de saúde está sendo operacionalizada para atender pacientes em tratamento pela Covid-19, com 30 leitos de UTI e outros 80 de enfermaria.
Parcerias
A força-tarefa para consertar os aparelhos foi criada pelo Senai e pelo Ministério da Economia, em parceria com grandes indústrias instaladas no Brasil. Estima-se que o Brasil possui cerca de 65,2 mil aparelhos respiratórios, mas em torno de 3,6 mil estão inoperantes e necessitam de reparos.
Desde maio, o Senai Pernambuco passou a trabalhar lado a lado com a equipe da FCA no laboratório do Polo Automotivo Jeep. Além de garantir a troca de conhecimentos, a mudança também contribuiu para aumentar a capacidade de atendimento e agilizar a aquisição das peças necessárias para o conserto dos aparelhos. “Com a unificação das equipes, conseguimos reduzir gargalos na manutenção e calibração das máquinas, ganhando mais eficiência e agilizando a devolução desses aparelhos tão importantes nesse momento”, destaca Mateus Marchioro, gerente de Montagem da Jeep e responsável pela ação.
Toda a operação é feita em conjunto com empresas parceiras, que são: Aclin, AMECH (Associação Mineira de Engenharia Clínica e Hospitalar), Arkmeds, Azul Linhas Aéreas, Jabil do Brasil, Medical Hosp., Sada e Surgical.