Espetáculo online “Aviso Prévio” tem últimas sessões

Fernanda Couto e Kiko Vianello, casados na vida real, vivem em cena um casal prestes a se separar. Peça foi montada a primeira vez com Nicette Bruno e Paulo Goulart. A autora, falecida em 2016, deu protagonismo à visão feminina em suas peças

Dias 24 e 25 de março serão apresentadas as últimas sessões online do espetáculo Aviso Prévio, texto da dramaturga mineira Consuelo de Castro (1946-2016), com direção de Clara Carvalho. A trama apresenta um casal, vivido por Fernanda Couto e Kiko Vianello, que vivem na iminência da separação.

O texto aborda diversos temas como a relação a dois, os múltiplos papéis sociais, a condição feminina, loucura e sanidade, sonhos e finitude, a efemeridade da vida, e marcou a ruptura da autora com o teatro realista, apresentando, de forma lúdica, diversas situações e crises do casal Ela e Oz. A peça foi montada pela primeira vez em 1987, com Nicette Bruno e Paulo Goulart e direção de Francisco Medeiros.

A montagem de Clara Carvalho (vencedora dos prêmios APCA, Aplauso Brasil e Shell) prioriza o teatro essencial, onde o jogo cênico não ilusionista se alicerça na relação entre o texto e os atores. “O diálogo de Consuelo é denso, mas ágil, teatral, construído por recortes. Pesquisamos os contrastes entre uma cena e outra justapondo registros de estilos, como pequenos mosaicos”, explica a diretora.

Clara teve contato com o texto por meio de um ciclo de leituras promovido pelo Sesc Ipiranga em 2019, quando foi convidada para dirigi-lo. A partir de então, ela e os atores Fernanda Couto e Kiko Vianello passaram a compartilhar o desejo de encená-la.  “O que mais me interessou na peça foi a originalidade na construção da dramaturgia, que é toda fragmentada. Os personagens Ela e Oz funcionam como uma dupla e enxergar cada uma das facetas desta dupla é visitar uma sucessão de casais que reconhecemos em seus enquadramentos, insatisfações e becos sem saída. Uma construção meio onírica de um sonho ancorado na realidade, como um fluxo do inconsciente.”

Fernanda Couto completa que a peça fala muito do contexto da mulher. “O texto é de 1987, mas ainda nos diz muito, do quanto a gente já caminhou nesse percurso da história, mas o quanto ainda temos que avançar nessa questão da condição feminina”.

A atriz, que é casada há 27 anos com Kiko Vianello, revela que essa é a primeira vez em que contracenam no palco sozinhos. “Em tempos de consumo, até na questão afetiva, falar de amor é cada vez mais necessário. Reabrir o nosso olhar para possibilidades positivas das relações, parcerias e afetos. Como a peça trata de diferentes papeis, não estamos só falando da relação de amor, mas de todas as relações que temos ao longo da vida, de autoestima, de acreditar na construção. Acho que chegamos num momento de maturidade artística e pessoal para enfrentar muitos temas delicados que acompanham as nossas vidas e todos os casais.”

Um espaço cênico minimalista, apenas com elementos essenciais, comporá o universo onírico do jogo experimental de Ela e Oz. Além do cenário, os figurinos e adereços também são assinados por Marichilene Artisevskis.

A ambientação e as passagens de tempo são desenhadas pela iluminação de Fran Barros, trilha sonora e pelo próprio jogo dos atores, alinhados com a dinâmica vertiginosa apresentada pelo texto. A trilha sonora, composta especialmente para a montagem por Ricardo Severo, tem como ponto de partida a melodia do clássico Somewhere Over the Rainbow, de O Mágico de Oz sugerido pelo texto.

Consuelo de Castro ocupa um lugar de destaque na nova dramaturgia brasileira, que surgiu a partir do final dos anos 1960, e que revelou uma geração de novas dramaturgas, que desenvolveram uma produção consistente e resistente. Acompanhando as mudanças sociais no Brasil e no mundo, Consuelo desenvolveu uma vasta e múltipla produção teatral em suas diferentes fases, dando protagonismo à visão feminina em suas peças. Com uma produção contundente, com mais de 20 textos, contribuiu para o resgate da memória e da identidade nacional. “A visão que ela nos traz da condição feminina nos faz pensar o quanto ela ainda é atual, e vai ser sempre, pela qualidade da sua obra”, diz Fernanda.

“Encontramos nas peças de Consuelo as discussões políticas, as contradições sociais, os dilemas da realização profissional feminina, os casamentos e descasamentos, a infidelidade, a liberdade sexual, enfim, questões que continuam a nos assombrar e mobilizar”, conclui Clara.

Ficha técnica:

Texto: Consuelo de Castro. Direção Geral: Clara Carvalho. Assistência de Direção: Suzana Muniz. Elenco: Fernanda Couto e Kiko Vianello. Cenário: Amanda Vieira e Marichilene Artisevskis. Figurino: Marichilene Artisevskis. Visagismo: Equipe Studio W Higienopolis – Make up: Suely Rodrigues. Cabelo: Claudia Santo. Manicure: Mary Santos. Trilha Sonora: Ricardo Severo. Desenho de Luz: Fran Barros. Direção de Produção: Henrique Benjamin. Produção Executiva: Fábio Hilst. Assistente de Produção: Kiko Rieser. Mídias Digitais: Ton Prado e Cubo Entretenimento. Administrativo: Emília Breda. Assessoria Jurídica: Murillo Osneti. Contabilidade: CMS Contábil. Secretária: Louise Helene. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli. Fotografia: Heloisa Bortz. Câmeras: Lucas Kloppel, Natália Nogueira e Fernando Fiurst. Edição: Fernando Fiurst. Direção de Fotografia: Hugo Kloppel. Design Gráfico e Vídeos: Ton Prado. Operador de Luz: Fran Barros. Operador de Som: Rafael Thomazini. Contrarregra e Direção de Palco: Lucas Andrade. Tradução libras: Karina Zonzini. Camareira: Judith Rosa. Costureira: Judite Gerônimo de Lima.

Serviço:

AVISO PRÉVIO

Apresentações online: Dias 24 e 25 de março. Quarta e quinta-feira às 20h.

Ingresso: R$20 em www.sympla.com.br

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