Sete dicas para escolher a oficina que vai resolver aquele problema misterioso ou incômodo no seu carro
Na década de 1970, o seriado de TV infantil Shazan, Xerife & Cia popularizou o termo “rebimboca da parafuseta”, um componente da camicleta, a improvável mistura de bicicleta com caminhão inventada pelos personagens de Paulo José (Shazan) e Flavio Migliaccio (Xerife) do programa exibido pela Globo. Não demorou para o termo virar símbolo da aura de mistério que cerca as oficinas mecânicas, onde os clientes são bombardeados por termos muitas vezes obscuros – nomes que para o público em geral não significam nada. Verdadeiras rebimbocas.
No mundo real, diariamente são inventadas versões criativas da mal fadada rebimboca da parafuseta. E os clientes se vêm às voltas com verdadeiros enigmas. “Se você tem dúvidas sobre a transparência da oficina mecânica que pretende consultar, há alguns passos que podem ajudar a ter mais segurança na contratação”, diz o experiente ex-piloto de Fórmula 1 Felipe Massa, embaixador da Stock Auto-Service, rede de oficinas vinculada ao maior campeonato de automobilismo da América Latina.
“O bom mecânico procura esclarecer todas as dúvidas e explicar o problema. Resumindo, ele não regula ou propõe trocar nenhuma rebimboca. Ao contrário, expõe o problema e explica de forma didática qual é a melhor solução”, completa. Para selecionar dicas sobre como escolher quem vai cuidar do seu automóvel, ouvimos Felipe Massa e Fabio Aires, especialista da Stock Auto-Service. Segundo eles, não é difícil encontrar bons profissionais e estabelecer uma relação de confiança. Veja abaixo sete dicas que podem ajudar.
“Mecânico é como médico” – “Mecânico precisa ser ético, honesto, atencioso e especializado. Exatamente como um médico. Então, uma boa sugestão para não errar é fazer como nas situações em que você procura um profissional da medicina: pedir dicas para amigos que já tiveram o carro “tratado” por algum profissional que possam indicar. Até na F-1 ou na Stock Car nós não contratamos profissionais sem consultar pessoas de confiança sobre a experiência que tiveram com eles”, diz Felipe Massa.
Orçamento: hora de ficar de olho – “Especialmente se o problema exigir grande investimento, faça vários orçamentos. Mas não vá apenas pelo mais barato. E também pesquise se há reclamações contra aquela empresa em sites que registram essas ocorrências”, diz Fabio Aires. “Ao levar o veículo para análise, fique de olho em detalhes que podem fornecer informações sobre o nível de qualidade do serviço. Por exemplo, ferramentas espalhadas pelo chão, ambiente muito sujo, desorganização geral. Uma dica simples é notar se usam a capa protetora de banco quando entram em um veículo. Mecânicos desleixados geralmente pulam essa etapa, mas é um detalhe que mostra como seu carro pode ser tratado quando você não estiver olhando”.
Uma pegadinha clássica – “Se você está em dia com a troca de óleo ou substituiu as velas, correia ou pastilhas de freio recentemente, vale fazer um teste antigo mas sempre útil: pergunte se esses itens precisam de manutenção”, sugere Felipe Massa. “Se a resposta for positiva, desconfie. Talvez o melhor seja partir para outra oficina ou profissional”.
Não se impressione – “Um ponto importante é não se deixar impressionar com termos ou jargões que pareçam complicados”, continua Massa. “Uma dica é ir acompanhado de alguém que, mesmo que não seja um especialista, tenha alguma noção e possa ajudar nas perguntas. Quanto mais segurança você mostrar, menos riscos vai correr com algum mecânico menos correto”, completa.
Pactos claros, relações longas – “Uma das experiências mais negativas para o cliente é ter alguma surpresa na hora da entrega do serviço”, conta Fabio Aires, que tem um longo histórico na gestão de oficinas. “Por isso, é importante exigir todas as explicações que se façam necessárias. E o orçamento não deve ficar apenas na conversa inicial. O correto é que seja entregue por escrito, com detalhamento de cada peça trocada e o valor de cada item do serviço prestado. Assim, todos sabem de forma transparente o que irá ser feito, o prazo e quanto custará a manutenção. Quantos mais transparente for essa troca de informações, maiores as chances de você ter descoberto o mecânico ideal para o seu carro”, orienta o especialista.
“Urgente e urgentíssimo” – “A princípio, assim como no mundo das corridas, toda manutenção de veículo é urgente. Afinal, há sempre o risco de acidente ou de você ficar na mão em um momento inoportuno”, diz Massa. “Mas há também o que é urgentíssimo, que não pode esperar. E esse é um argumento que muitos mecânicos usam para forçar a contratação imediata. A dica é: se você tem tempo, não se desespere. Procure uma segunda opinião”, aconselha.
Peças e garantia – “É direito do consumidor exigir que sejam usadas peças originais ou de marcas de sua confiança”, pontua Aires. “Por isso, você pode pedir as notas fiscais de compra e se necessário também a entrega das peças substituídas. Essa é uma forma de evitar que coloquem peças usadas no seu carro, enquanto você está pagando por material zero km. É importante também que seja fornecida nota fiscal com informações detalhadas do serviço. Esse documento é no que se baseia a garantia de três meses determinada por lei”, finaliza o especialista da Stock Auto-Service.