Locadoras de carros veem oportunidade em meio a crise no setor automobilístico

Alta de preços e supervalorização de seminovos direciona consumidores para novas modalidades de utilização do carro

Com o cenário de escassez de peças para produção de carros, em outubro, a indústria automotiva registrou a quarta queda mensal nas vendas de veículos zero por falta de produtos no mercado, segundo dados da Fenabrave. O resultado da indústria em setembro foi o pior desde 2005, com vendas de 155 mil automóveis.

“As perspectivas para o setor, infelizmente, não são muito positivas para 2022 também. Em conversas que tive nas últimas semanas com os fabricantes de automóveis, a previsão é que o próximo ano continue difícil ainda, com baixa produção de veículos e alta do preço do carro zero. Hoje, as locadoras já contam com um atraso de 800 mil veículos para serem entregues”, relata André Ricardo Vieira, CEO da Solution4Fleet.

Para o executivo, há duas alternativas diante deste cenário: esperar pelo pior ou pensar na inovação do negócio, tendo ciência de que essa fase vai passar e o panorama voltará a ser promissor.

Com carros zero a preços altos e a supervalorização dos seminovos, cada vez menos, as pessoas terão acesso à compra de carros novos. Colocando na ponta do lápis, o aumento atual do preço do carro novo somado ao juros real, vai gerar um aumento superior a 50% ou 60% na média de modelos zero quilômetro, se comparado com o valor antes da crise. Dessa forma, para andar de carro novo, a assinatura de veículos passa a ser a melhor opção. No mercado corporativo, as empresas vão optar pela terceirização de frotas, uma vez que o valor investido no carro alugado tende a ser mais barato do que o carro comprado.

“Outra estratégia que enxergo como oportunidade para as locadoras será o aluguel de seminovos. Essa modalidade deve se destacar no próximo ano, já que o valor do serviço tende a ser mais baixo do que o de carro zero”, conta Vieira.

Para as locadoras, agora é a hora de rever a operação e definir estratégias para aumentar a eficiência operacional. Vieira explica que boa parte das pequenas e médias locadoras mantém seus negócios contando com a sorte para não perder lucratividade ou, pior, operam no vermelho por não saberem exatamente o que incluir na precificação e como cobrar o cliente. “Uma maneira de resolver isso é automatizar o processo de precificação, permitindo ao gestor ter a visibilidade completa dos parâmetros de preços”, sugere o executivo.

Estima-se que o mercado de locação, considerando todas essas frentes, representa 70% dos mais de 15 mil CNPJs com registro focado em mobilidade urbana. Com a automatização do processo de precificação é possível, por exemplo, entender qual o impacto das taxas de juros negociadas com o banco na precificação, o quão rentável é para a locadora atuar em alguns nichos, considerando os variados impactos de depreciação de cada operação; identificar os custos fixos, como manutenção e ainda descobrir a lucratividade mínima que é preciso obter.

A parametrização é muito rica e faz justiça à complexidade do negócio de maneira a blindar as locadoras, principalmente diante de momentos de crise. Mais do que isso, permite um crescimento consistente e sem sustos. “Com o aumento do interesse das pessoas pelo carro como serviço, não há mais espaço para uma gestão baseada em ‘achismos’. Se profissionalizar é fundamental para não perder mercado e nem as oportunidades  que batem à porta”, conclui Vieira.

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