Entenda os principais impactos causados pelo descarte incorreto de pneus na natureza e os desafios da indústria
A preservação do meio ambiente sempre foi um desafio para o mercado automotivo. Sendo um grande extrator de recursos, além de gerar resíduos que causam prejuízos à natureza, principalmente pelo descarte de pneus, o setor tem se dedicado a desenvolver técnicas que finalmente pudessem alinhar sustentabilidade com a oferta de produção necessária para abastecer a cadeia de transportes.
Com uma economia altamente dependente de rodovias, o Brasil descarta cerca de 450 mil toneladas de pneus anualmente, segundo o último levantamento realizado pelo Serviço Social do Transporte e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SEST e SENAT) em 2020.
Giulio Claro, diretor comercial da NSA Pneutec, acredita que o país está na vanguarda da busca por tornar o segmento mais sustentável, principalmente pelo incentivo à reforma de pneus: “Hoje vemos uma grande valorização para o setor de reforma de pneus. Além do grande apelo sustentável, também é uma grande alternativa para os frotistas gerarem economia nos seus custos com os pneus, principalmente em uma época tão difícil para os empresários do setor de carga, e outros segmentos”, explica.
A NSA Pneutec reforma pneus no sistema pré-moldado, sendo que apenas 5% do volume total se concentra no sistema Matriz Setorial (processo Hot Cap), este último está praticamente extinto no mercado, mas a NSA ainda o mantém para atender seus clientes no ciclo total do pneu, e algumas empresas que não dispensam esse processo.
A recapagem começou a ser praticada com objetivo de prolongar a vida útil dos pneus. Neste tipo de reforma, é empregado apenas 20% do material necessário para fazer um pneu novo, proporcionando a mesma durabilidade do original, ou seja, custo menor e a qualidade sendo praticamente a mesma.
Para a produção de pneus novos, existe uma demanda média de 57 litros de petróleo, e a emissão de cerca de 26 kg de CO₂ na atmosfera. Já para reforma do mesmo pneu e com desempenho semelhante, a necessidade é apenas de 25% da matéria-prima, e diminuição da emissão de CO₂ na mesma proporção.
Além disso, ela é feita através de energia limpa, ou seja, não gera nenhum tipo de efluente e torna todos os seus resíduos recicláveis, diferente do descarte de um pneu novo. Segundo Giulio Claro, caso os pneus sejam descartados de maneira incorreta, podem contribuir para:
- agravamento de enchentes,
- entupimento de bueiros;
- proliferação de doenças como dengue, malária e febre amarela;
- contaminação do solo;
- infeccionar pessoas e animais, que se alimentam de recursos naturais.
“Várias ações estão sendo implementadas para que, a longo prazo, não tenhamos um desequilíbrio na natureza. A reforma de pneus é uma das principais medidas que podemos incentivar, visto que, nos próximos anos, devemos observar um crescimento de 30% dessa atividade, diminuindo cada vez mais a geração de resíduos (carcaças de pneus) atirados no meio ambiente, cuja a decomposição pode chegar até 900 anos”, explica Giulio.
Mesmo antes do início do conflito entre Rússia e Ucrânia, o mundo já enfrentava uma grande escassez de borracha, a matéria-prima para fabricação de pneus. O principal motivo envolve as companhias marítimas que estão apresentando atrasos no tráfego de carga do produto.
Com a diminuição da oferta, consequentemente os preços para a fabricação de pneus novos sofrem alterações que pesam no bolso de caminhoneiros e frotistas. Atualmente, cerca de 80% dos frotistas brasileiros já utilizam pneus reformados, e a expectativa do mercado é de observar alta nos próximos anos.
“O valor de uma reforma representa, em média, 40% do valor de um pneu novo. Portanto, se o transportador realizar a reposição sempre com pneus novos, terá um custo maior de 60% em sua conta pneus, um fato que poderia inviabilizar o negócio”, finaliza Giulio.