Prova movimenta a economia, gera milhares de empregos e tem brasileiros entre os principais nomes de 2022
Quem visitar nesta semana o site oficial de La Sarthe, uma sub-região administrativa da França, pode achar que está no endereço errado. A página, que rotineiramente oferece serviços e informações da administração pública aos cidadãos, está tomada por imagens e dados sobre as 24 Horas de Le Mans.
O enfoque tem bons motivos: segundo uma pesquisa periódica levada a cabo pela Universidade de Le Mans, o tradicional circuito, que sedia uma das competições mais famosas do mundo, responde por 2.450 empregos permanentes na região – cerca de 1% do total de toda La Sarthe. Na França, o número poderia superar 6 mil vagas. Anualmente, segundo o estudo dirigido pelos especialistas Jean-Pascal Gayant e Arnaud Cheron, o circuito de Le Mans gera 114 milhões de Euros (perto de 585,7 milhões de Reais na cotação atual) em impacto econômico na região (dados de 2015, última das quatro edições periódicas publicadas pela universidade). E o número é crescente.
No próximo sábado, às 11h (de Brasília), o Circuito de La Sarthe, na cidade de Le Mans, sua capital administrativa, dará a largada para a 90a edição das 24 Horas. Em um país com forte vocação turística, a prova é um dos carros-chefes do setor esportivo, ao lado do torneio de tênis de Roland Garros e da maratona ciclística Tour de France. Com 144 mil habitantes (censo de 2019), durante uma semana frenética a cidade vê suas ruas invadidas por automóveis e excursões de toda a Europa. Em 1967, a corrida registrou o recorde de 300 mil pessoas in loco. Hotéis e restaurantes em uma área de até 70km ficam lotados e recebem a injeção de 29,9 milhões de Euros (153,6 milhões de Reais, dado de 2015).
Reunindo os melhores pilotos de provas de longa duração do mundo desde sua primeira edição, em 1923, Le Mans é um dos eventos esportivos mais longevos do mundo. Ao lado do GP de Mônaco de F-1 e das 500 Milhas de Indianápolis, compõe a chamada Tríplice Coroa – uma façanha tão difícil de conquistar que até hoje só foi alcançada por um piloto, o britânico Graham Hill.
André Negrão, piloto da francesa Alpine, e Pipo Derani, da americana Glickenhaus, chegam para a disputa deste ano com chances reais de tentar a vitória na classificação geral. Negrão é também o primeiro brasileiro a disputar a prova na condição de líder do WEC, o Campeonato Mundial de Endurance, do qual a prova faz parte. Em seu currículo, o piloto da Alpine tem duas vitórias em Le Mans na categoria LMP2, além do título mundial de 2018/2019. Em 2021, Negrão chegou ao pódio da classificação geral, com um terceiro lugar ao lado dos parceiros Nicolas Lapierre e Matthieu Vaxiviere.
Derani estará na pista a bordo de um carro tecnologicamente mais avançado que o Alpine A480 de Negrão (na verdade, um LMP2 adaptado), com a mesma filosofia de construção dos Toyota GR010 híbridos, atuais campeões da prova na classificação geral. O Brasil conta ainda com mais quatro pilotos nas demais categorias da edição número 90 das 24 Horas de Le Mans (veja abaixo).
A programação oficial da prova será aberta na quarta-feira (8), com a realização de dois treinos livres e a primeira rodada da classificação. A quinta-feira terá mais dois treinos livres e a disputa da pole position. A largada das 24 Horas de Le Mans está marcada para 11h de domingo e pode ser assistida no Brasil no canal de streaming Star+. Com programação a ser anunciada, a ESPN também deve transmitir trechos da corrida.
Brasil na 24 Horas de Le Mans 2022
Piloto / Categoria / Carro / Equipe
André Negrão / Hypercar / Alpine A480 Gibson / Alpine Elf Team
Pipo Derani / Hypercar / Glickenhaus SCG 007 / Glickenhaus Racing
Felipe Nasr / LMP2 / Oreca 07 Gibson / Team Penske
Pietro Fittipaldi / LMP2 / Oreca 07 Gibson/ Inter Europol Competition
Daniel Serra / LMGTE-Pro / Ferrari 488 GTE EVO / Ferrari AF Corse
Felipe Fraga / LMGTE-Pro / Ferrari 488 GTE EVO / Riley Motorsports