Especialista discorre sobre a impoortância de estimular a sustentabilidade automotiva, o papel dos lubrificantes e como reduzir os danos ambientais
Nos últimos anos, seja qual for o segmento, o ESG (Environmental, Social and Governance), que em tradução livre significa governança ambiental, social e corporativa, protagoniza as discussões para uma agenda mais sustentável nas companhias globais e nacionais. E, no mercado automotivo, não seria diferente. De acordo com o relatório “O Caminho da Descarbonização do Setor Automotivo”, divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – Anfavea, em parceria com a Boston Consulting Group – BCG, a aposta na sustentabilidade automotiva é uma preocupação para o setor, sobretudo para reduzir a emissão de gases poluentes como o CO2, gerados por automóveis. O estudo estima que para realizar essa redução, serão necessários investimentos de R$ 150 bilhões nos próximos 15 anos.
A pesquisa, realizada em agosto de 2021, ainda traçou alguns possíveis cenários para o Brasil, considerando o segmento como um todo e as políticas públicas já existentes com relação a descarbonização. Em um deles, caso o país siga no ritmo atual de crescimento, a participação em vendas de veículos elétricos pode atingir a marca de 12% a 22%, em 2030, e de 32% a 62% em 2035. Diante disso, montadoras globais já têm se movimentado para adequarem-se a um padrão mais sustentável.
Como apresentado pela pesquisa da Anfavea, a redução da emissão de poluentes na atmosfera é a grande prioridade para a indústria automotiva. Entretanto, para que isso ocorra de modo efetivo, o mercado tem focado em intensificar cada vez mais a frota de veículos elétricos, que em comparação aos carros de combustão comum, como gasolina, álcool ou diesel, contam com maior eficiência energética, são menos poluentes e mais silenciosos, pois não consomem combustível.
Além dos veículos de passeio, a frota de veículos pesados, também devem passar pela transição para a eletrificação. Para se ter uma ideia, ônibus e caminhões já chegaram a representar metade da poluição atmosférica da região metropolitana de São Paulo, de acordo com estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em 2018.
Embora o setor automotivo esteja buscando estimular o mercado de veículos eletrificados, há ainda algumas barreiras a serem superadas neste sentido. A falta de infraestrutura e o alto valor investido nesse transporte são impeditivos que afastam o consumidor. Segundo o levantamento “Ipsos Drivers 2022”, divulgado pela Ipsos, companhia global de pesquisas de mercado, os brasileiros até têm interesse em adquirir um veículo elétrico, e para 62% deles, a redução dos impactos ambientais é a principal vantagem em tê-lo. Entretanto, para 49% dos entrevistados o preço é um dos principais fatores para não o comprar. Em seguida, vem a ausência de pontos de recarga, que preocupa 38% dos motoristas e a duração das baterias, fator apontado por 34%.
A informação sobre o que fazer quando a vida útil da bateria acabar também precisa ser fomentada para maiores ganhos ecológicos, visto que o descarte incorreto impacta na saúde do meio ambiente. Além disso, o uso de energias renováveis como a solar e a eólica também são alternativas para as montadoras de veículos impulsionarem a sustentabilidade automotiva. Essas opções contribuem diretamente para ampliar a neutralidade de carbono nos próximos anos bem como para gerar maior economia na produção de automóveis.
Como já mencionado, veículos que utilizem fontes de energias limpas, consequentemente, reduzem a geração de gases danosos ao meio ambiente. Por isso, em caso de veículos convencionais, o motorista deve atentar-se com o consumo de gasolina, álcool ou diesel e a emissão de poluentes. Para isso, é necessário que o carro passe por revisões e manutenções preventivas com frequência. Esta regularidade é crucial para verificar se as peças do automóvel estão em plenas condições de operação e se o lubrificante utilizado no motor tem a homologação e a viscosidade ideal para o tipo do veículo. Isto garante que o motor esteja regulado, inibindo assim, o consumo de combustível e reduzindo a emissão de CO2 ao meio ambiente.
Por tratar-se de um produto com alto poder de contaminação no solo e em mananciais, é importante tomar alguns cuidados ao descartar um lubrificante. Atualmente, o consumidor pode contar com a regulamentação CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que determina quais estabelecimentos fazem a troca ou venda do óleo, além de realizarem a coleta e armazenamento do lubrificante, que posteriormente será coletado pela ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Além disso, parte deste material pode ser reciclado e reutilizado.
É fato que a sustentabilidade automotiva tem um caminho promissor no Brasil. Entidades têm se reunido e traçado planos estratégicos para reduzir as emissões de carbono no Brasil com a ampliação dos biocombustíveis. Além disso, já existem programas e iniciativas governamentais que incentivam políticas com o mesmo objetivo. No entanto, é preciso superar desafios que tangem os valores de baterias e automóveis eletrificados, investir em tecnologia e infraestrutura, bem como promover mais informação à população sobre as opções sustentáveis disponíveis no mercado. Assim, a indústria automotiva e a sociedade como um todo saem ganhando com preservação de recursos naturais, economia e melhor qualidade de vida.
Fonte: Marcelo Martini, Gerente de Vendas do Aftermarket da FUCHS