E viva o cabo de vassoura!

Quem lembra do Bombril , aquele das “mil e uma utilidades”? Certamente todos vocês já usaram o produto, para limpar e dar brilho  às rodas do carro, servir de “bucha” para parafusos e até para dar mais poder de recepção às antes de rádio e tvs, certo? Pois eu tenho que lembrar de um objeto que tem, pelo menos, duas utilidades: o cabo de vassoura. A primeira, está no seu nome e a segunda, quando usado como “cruise control”, o controle de velocidade cruzeiro, popularmente chamado de “piloto automático”.

Pois foi como usei em uma das viagens em que acompanhei o jornalista gaúcho, Valter Boor, entre as muitas que ele realizou para vencer concursos de economia ou desafios de vencer grande distâncias com apenas um tanque de combustível. Ele ganhou tantos concursos que o seu conterrâneo Guilherme Arruda, chamou, muito apropriadamente, de “O Rei da Economia”.

Na minha primeira viagem acompanhando em um outro carro, o Valter, conduzia um Monza e eu outro Monza. Seguimos em direção a Porto Alegre (RS) e eu sofri muito, andando a 60 km/h e até 40 km/h, dependendo da máxima permitida (a lei diz que é proibido andar a menos da metade da máxima estabelecida em uma via.

Sem carro automático, eu sofria com câimbras terríveis e grande ameaças, como aquela da carreta que se deparou com duas “tartarugas” à sua frente, numa rodovia de mão única e num declive leve. Quando a carreta aproximou-se da dupla, buscando desesperadamente o farol e com o dedo afundado na buzina, eu tremi e me vi atropelado pelo “brutamontes”, que não tinha como ultrapassar em razão do grande movimento no sentido contrário. Eu buzinava para o Valter, piscava farol e… nada. Ele seguia impávido com seu objetivo de chegar a POA com apenas um tanque do Monza.

Sorte nossa que apareceu, como que por milagre, um acostamento e lá se foi a carreta, tirando fina de nós dois e com o braço para fora mandando “lembranças” para as nossas genitoras. E o Valter, eu acho, nem piscou.

Ele era assim, tranquilo, fumando seu cigarrinho, em se perturbar com nada. Valter confiava nos seus “truques” para não perder uma gota de combustível. O retrovisor do lado direito era recolhido, os limpadores de para brisas, colocado na vertical e os vidros sempre fechados. Nada de ar condicionado. O carro não tinha. Os vidros, fechados o tempo todo, mesmo fumando. Ah! Também não tinha rádio

Infelizmente, por dois quilômetros, ele não conseguiu chegar até a capital gaúcha. Foi triste ver aquele vencedor derrotado pela falta de algumas gotas de combustível, depois de horas e horas de viagem.

Eu precisei procurar um fisioterapeuta para tirar minhas dores na coluna e me recuperar das dores causadas pelas câimbras.

Ferlauto se deu mal e Guilherme adorou

Para dar uma ideia do comportamento do Valter, conto aqui a história em que o, também jornalista gaúcho, Celso Ferlauto, foi convidado por ele para “dividir” uma viagem a São Paulo, para devolver um Uno 1.6 preto. “Vamos dividir a viagem”, argumentou Valter. Gostando de viagens, Ferlauto aceitou pensando que dividiriam o volante.

– Mas o Valter dirigiu o tempo todo, com vidros fechados, rádio desligado. E a gente fumando o tempo todo. Não preciso dizer que foi a primeira e última vez que aceitei um convite dele, concluiu o parceiro “enganado”.

Por outro lado, o Guilherme Arruda, achou o máximo vencer uma prova, sendo copiloto do Boor. Ele manifesta aqui sua satisfação, falando de uma viagem que fez com o Valter.

“Certa vez, a Ford Brasil promoveu um teste reunindo quase duas dezenas de jornalistas de todo o Brasil. O desafio era partir em comboio de Porto Alegre em direção à cidade de Punta Del Este, no Uruguai, numa tacada: 800 quilômetros sem abastecer, utilizando modelos de linha, como Corcel II e a pick-up. Todos os carros foram preparados, abastecidos e lacrados pelos engenheiros da Ford. A coordenação foi do jornalista paulista Luis Carlos Secco, o “Seccão”. Foi ele quem distribuiu as duplas e explicou as regras.

A noite chegou e com ela a cidade de Punta Del Este. Antes que o sol se pusesse o comboio foi levado a um posto na cidade onde já havia uma bomba com álcool. Os técnicos da Ford iniciaram os procedimentos para abastecer os veículos, anunciando o consumo à medida que fosse completado o tanque. Ali mesmo o Secco divulgou resultado: ganhamos o teste com a espantosa média de 17 quilômetros e alguma coisa por litro de álcool”.

O cabo de vassoura “tecnológico”

Agora revelo aqui minha segunda viagem seguindo o Valter. Ele em um Corsa Wind, “pelado” motor 1.0 e eu levando um Monza automático, munido de um cabo de vassoura, que substituiu o “cruise control” inexistente naquela época. Levei um  rolo de fita adesiva que prendia o pedal do acelerador  Minha coluna agradeceu a criatividade  e não tive câimbras. Nossa viagem foi para Brasília e desta vez ele chegou à capital federal com umas gotas no tanque, talvez as mesmas que faltaram para Porto Alegre.

 

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