Eu não o reconheceria, em outro lugar, a não ser na Rio- Santos (rodovia, nem sempre bem conservada, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro pelo Litoral com lindas praias) às segundas-feiras por volta das 6 da manhã, no sentido Litoral/Capital. E reconheceria apenas aquela Ipanema vinho, igual àquela que eu usava na GM, que ora estava à minha frente, ora no retrovisor.
Eu seguia desde Paúba, uma das mais deliciosas praias do Litoral Norte e ele entrava na estrada na altura da praia de São Lourenço, onde hoje fica a hoje sofisticada Riviera que recebe seu nome. Se eu passasse antes dele entrar, eu ganhava a nossa “corrida”. Se eu chegasse naquele trecho depois dele, perdia.
Era divertido tentar ultrapassá-lo, ou ele a mim, naqueles quase 10 km de pista, sem as terríveis lombadas que infestam a rodovia hoje, não permitindo mais que 40 km/h no trecho. Mas era impossível, os dois carros, uma Ipanema (a station wagon do Kadett), eram exatamente iguais. Inclusive na cor, vinho. O motor era 1.6 e o câmbio com uma 5ª marcha muito curta.
Aí vem o meu “pulo do gato”. Um dia, em uma das minhas prazerosas visitas ao Campo de Provas da GM, em Indaiatuba (SP), comentei com meus estimados amigos/ engenheiros/técnicos, o que acontecia em muitas manhãs das minhas segundas-feiras.
Não lembro qual deles disse que poderiam resolver a questão a meu favor, simplesmente colocando na minha Ipanema, um câmbio com a 5ª marcha mais longa que a do meu “adversário”. Não consigo lembrar qual a caixa de câmbio que colocaram ali no meu carro, mas era uma que chamavam de F (alguém lembra?).
Por duas segundas feiras seguidas tentei avistar o “piloto/concorrente”. E nada! Cheguei a ficar uns 20 minutos esperando por ele, frustrado, ali na Rio-Santos, na saída da Riviera. E toda segunda-feira, recebia telefone dos meus companheiros do CPCA: e daí, ganhou?
Finalmente o dia da “vitória” chegou. Eu o vi saindo da praia e entrando na estrada. Me coloquei, imediatamente, atrás dele. Quando atingimos o trecho, com uma reta enorme, joguei a minha “poderosa” 5ª marcha e fiz o meu adversário “comer poeira”.
Tenho certeza que ele não entendeu nada e até hoje deve ficar pensando: o que este cara fez na Ipanema que ela passou correr mais que a minha?
Foi um truque dos meus parceiros do campo de provas.