VENDENDO SEU CARRO? FALA COM O PRICE

Em 22 anos de carreira, o Price (leia como se escreve e não americanize para Praice) ele já vendeu cerca de 5 mil carros, o mais caro dele, um BMW X6, por R$ 150 mil, que ele não lembra quando. Onde é a loja dele? Fácil de achar. Fica ali, todos os dias, sob uma árvore, na Rua Marquês de São Vicente, pertinho da avenida Bernardino de Campos, em Santos, minha amada terra.

Qual a estratégia de marketing dele?

Simples, ele estende a mão e faz, com os dedos, o sinal tradicional de dinheiro, chamando a atenção dos motoristas que passam pela via. Ele chama este gesto de “batendo dedo”. Quando o motorista estaciona, ele se aproxima e fala da intenção de comprar seu carro. Se acertarem, ele entra no veículo e seguem para a loja física, da qual ele é uma espécie de “broker” (corretor).

Quando começou, em 2001, Price observava uma situação diferente no marcado de rua, dizendo que as coisas eram muito melhores e as vendas muito melhores.

– Mas hoje – lamenta ele – a concorrência aumentou muito, especialmente da Internet. E hoje faz um mês que eu não consigo vender um carro.

Quanto à concorrência, ele destaca o número de “broker” que aumentou muito. Em Santos, há uma avenida com dezenas deles, que passam o dia fazendo o sinal de “dinheiro” com as mãos, coisa que há 10 anos não eram tantos.

Este tipo de vendedor era muito comum também em São Paulo, especialmente na região de Santa Efigênia (bairro central da Capital), mas hoje é muito difícil de serem vistos nas ruas locais.

Quando pergunto a Price qual o carro mais vendido por ele, a resposta vem, rápido: atualmente é o Fox, da Volkswagen, junto com o HB20, da Hyundai. Para minha surpresa, ele disse que o Citroën também é bem vendido. Mas antes de pensar que, claro, o dono quer se livrar do carro francês, não pode esquecer que, se o lojista aceita o modelo, é porque tem certeza de que ele não ficará parado em seu estoque, gerando prejuízo.

Já vendeu algumas picapes, mas nunca caminhão ou motos, que alega terem mercados muito fechados.

Agora, aos 55 anos de idade, ele pensa e abandonar a rua e arranjar um emprego fixo, com “carteira assinada”.

– Aqui não dá mais nada!

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