Vindo de uma maratona de três corridas de 24 horas em junho, brasileiro volta a acelerar no seu país-natal para seguir entre os principais candidatos ao título mundial da LMGT3 e se declara: “Interlagos sempre muito foi especial comigo”
A Rolex 6 Horas de São Paulo representa o retorno do FIA WEC ao Brasil depois de uma década, trazendo para a capital paulista o regresso do “espírito de Le Mans”. A quinta prova da temporada também representa um reencontro para Augusto Farfus, um dos dois brasileiros que disputam de forma integral o Campeonato Mundial de Endurance em 2024. Afinal, o curitibano de 40 anos terá novamente a oportunidade de correr em casa e acelerar no Autódromo de Interlagos para dar sequência a um momento muito favorável e que o coloca entre os candidatos ao título mundial do FIA WEC na nova classe LMGT3.
É a primeira vez que Augusto Farfus disputa o Mundial de Endurance de forma completa. O piloto foi escolhido como o piloto de graduação platina — a mais alta estabelecida pela FIA — a bordo da BMW M4 LMGT3 #31 da equipe belga Team WRT. O brasileiro forma trio com o indonésio Sean Gelael, ex-Fórmula 2, e o britânico Darren Leung. Juntos, o conjunto está na luta pela taça de campeão e ocupa a terceira colocação do campeonato, com 73 pontos, a apenas dois do topo da tabela.
“Nossa temporada vem sendo fantástica”, avaliou Augusto, que representa a BMW oficialmente há 18 anos, sendo o mais vitorioso piloto da marca bávara neste período.
Farfus lamentou somente o acidente em que seu parceiro Sean Gelael foi involuntariamente acertado por um hypercar Cadillac e não completou a TotalEnergies 6 Horas de Spa-Francorchamps, onde o trio do Team WRT tinha até chances de vencer. “Foi uma pena. Somos fortes candidatos ao título e, se não fosse aquele acidente, estaríamos na liderança do campeonato. Estamos a dois pontos do líder, então tudo é possível, e agora é acelerar no Brasil para dar sequência a essa boa temporada”, disse.
Farfus viveu semanas muito intensas. No último junho, o paranaense disputou nada menos que três corridas de 24 horas: em Nürburgring, no início do mês; as 24 Horas de Le Mans, prova mais icônica do Endurance mundial e integrante do calendário do FIA WEC, onde terminou na segunda colocação; e fechou o período com a disputa das 24 Horas de Spa-Francorchamps, na Bélgica, sendo um dos postulantes à vitória até a hora final. Foi um mês intenso! Fazer as três 24 horas foi um grande desafio, sobretudo na parte física”, explicou.
Agora, Farfus se prepara para a Rolex 6 Horas de São Paulo, com os últimos ingressos ainda à venda. “Um dos nossos grandes objetivos nas pistas para esse ano é ganhar em Interlagos, além do Mundial. Vamos ver se conseguimos. Acho que pode ser uma ótima pista para o nosso carro. O clima instável pode sempre render uma caixinha de surpresas, mas temos tudo para alcançarmos um bom resultado. Difícil traçar um prognóstico do que pode ser a corrida, mas temos todas as condições para andarmos bem”, salientou.
A corrida mais recente de Augusto em Interlagos aconteceu em fevereiro de 2022, quando disputou a Corrida de Duplas que abriu a temporada da Stock Car Pro Series daquele ano como convidado de Daniel Serra e terminou no pódio, na terceira colocação. E as lembranças vão longe quando fala sobre ter corrido pela última vez uma etapa do Mundial no Brasil, na sua Curitiba, em 2010. “Foi na época do WTCC, já representando a BMW. Poder vivenciar esse momento novamente é uma emoção única, que vamos repetir agora. Interlagos sempre foi muito especial comigo, sempre consegui grandes resultados, então espero poder dar sequência a esse histórico”, destacou.
Campeonato em nova fase — Quando recebeu a missão de ser um dos líderes da BMW e do Team WRT na nova classe LMGT3 do Mundial de Endurance, Augusto Farfus ainda não tinha uma ideia clara do que poderia alcançar com a nova M4. Mas depois de percorrer metade da temporada e já tendo alcançado uma vitória — nas 6 Horas de Ímola — e o segundo lugar em Le Mans, o brasileiro se mostrou feliz com o desempenho da sua tripulação e do carro.
“Não sabíamos, sinceramente, o que seria nesse campeonato, com pneus novos, regulamentos novos, também. Não tínhamos ideia se seríamos competitivos ou não. E é a primeira vez com esse trio, formado também pelo Sean e o Darren, andando junto. Não tínhamos como imaginar como seria essa interação, mas vejo que vem sendo um sucesso, estamos sempre competitivos”, ressaltou o curitibano.
A disputa da Rolex 6 Horas de São Paulo abre a segunda metade de um campeonato que, daqui em diante, vai rodar o mundo: depois da etapa brasileira, o FIA WEC vai acelerar em 1º de setembro até Austin, nos Estados Unidos, com a Lone Star Le Mans, e 15 dias depois estará no Japão para as 6 Horas de Fuji. O encerramento do campeonato será no Bahrein com a Bapco Energies 8 Horas do Bahrein, no início de novembro.
“De todas as provas, São Paulo será a mais importante, sem considerar a etapa final, no Bahrein. Dessas quatro pistas, a única que não conheço é Austin, ainda não corri lá. É o começo de um novo ciclo na temporada para nós todos, com pistas de alta ou média velocidade que podem ser boas para nosso carro. A meta é pontuar sempre para poder levar esse campeonato aberto até a etapa final”, concluiu Augusto Farfus.