Simultaneamente em cartaz na Bienal de Veneza, vídeo homenageia vidas e memórias perdidas durante a epidemia do HIV/aids ao reinterpretar obras de Leonilson e Goh Choo San
Ao evocar a intimidade e o afeto, assim como os estados de sofrimento e pertencimento, a obra audiovisual Lazarus (2023) homenageia e reimagina histórias e experiências da comunidade queer na Sala de vídeo: Kang Seung Lee. O trabalho em cartaz no MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, a partir de 23 de agosto, também está em exibição no núcleo contemporâneo da 60ª Bienal de Veneza.
Inspirado na obra Lásaro (1993), de José Leonilson – instalação feita com duas camisas costuradas juntas, considerada o último trabalho do artista brasileiro – e no balé original Unknown Territory (1986), do coreógrafo singapurense Goh Choo San (1948-87), o vídeo apresenta um dueto de movimentos mínimos e intencionais. Ao replicar a obra de Leonilson em Sambe, tecido de cânhamo tradicionalmente usado na Coreia para mortalhas funerárias, os bailarinos interagem coreografando uma homenagem às vidas e memórias perdidas durante a epidemia do HIV/aids, inclusive às de ambos os artistas, que faleceram de doenças decorrentes do vírus.
“Eu sempre entendi que o meu trabalho artístico é influenciado por pessoas que vieram antes de nós, especialmente em relação às histórias queer de diferentes nações. Frequentemente pesquiso e reposiciono essas narrativas e arquivos, conectando geografias e experiências distintas, e acredito que há uma possibilidade de criar novos conhecimentos neste processo”, reflete Kang Seung Lee.
Com curadoria de Amanda Carneiro, curadora, MASP, a mostra apresenta ainda mais uma obra de Kang Seung Lee. Untitled (Lazaro, Jose Leonilson, 1993) (2023) é composta por diferentes materiais – grafite, pérolas, pergaminho, agulha para piercing e linha antiga de ouro 24K – junto a um desenho da vestimenta escultural criada por Leonilson. A obra Lásaro, do artista brasileiro, poderá ser vista na mesma ocasião de visita ao trabalho de Lee, na mostra Leonilson: agora e as oportunidades, no primeiro andar do MASP. “Lee associa fragmentos de uma espécie de história material do mundo com histórias subjetivas, sobretudo de homens homossexuais que faleceram por conta da crise da aids, exaltando suas histórias. Seu trabalho remete a uma ideia de fragilidade ao mesmo tempo que evidencia a força narrativa desses encontros”, pontua Amanda.
Untitled (Lazaro, Jose Leonilson, 1993) foi incorporada ao acervo do MASP como parte dos esforços que o museu tem realizado para internacionalizar sua coleção de arte contemporânea.
Em 2024, a programação da Sala de vídeo integra o ciclo de Histórias da diversidade LGBTQIA+ no MASP, que já apresentou as mostras de Masi Mamani/Bartolina Xixa, Tourmaline e Ventura Profana, e exibirá a produção audiovisual de Manauara Clandestina.
Serviço
SALA DE VÍDEO: KANG SEUNG LEE
Curadoria Amanda Carneiro, curadora, MASP
2º subsolo
Visitação: 23.8.2024 a 27.10.2024
Local: MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista – 01310-200 São Paulo, SP – Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terças grátis e primeira quinta-feira do mês grátis; terças, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas.
Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
Ingressos: R$ 70 (entrada); R$ 35 (meia-entrada)