Algum carro tem “cor de burro quando foge”?

Ninguém é capaz de responder a esta pergunta, mas tem gente referindo-se às cores de alguns carros novos, como se tivessem sido pintados com a cor de burro quando corre. E, interessante é que ninguém diz que a cor é feia, mas sim estranha.

No final do ano passado eu o Fiat Fastback quase causamos não um acidente, mas um divórcio. Bem não fomos nós, mas exatamente a cor do carro, Stratus. Tudo aconteceu quando, chegamos a um estacionamento. Ao lado para um outro carro de onde desceu um casal. Ela alta, morena, simpática, com seus 40 anos. Ele, alto também, e jeito de gente boa.

Ao avistar o Fastback, a moça soltou um grito, quase escandaloso, referindo-se ao carro: que coisa linda! Adorei esta cor.

A reação dele foi oposta: bonita nada, é uma coisa estranha, tem cor de burro quando foge.

E então, o motivo da minha pergunta: Alguém sabe qual é a cor do burro quando foge? É uma cor feia? Bonita? Ou é só estranha? Algum carro tem cor de burro quando foge?

Alguns estudiosos do nosso idioma defendem a teoria de que a expressão começou assim: “corra do burro quando foge”, que com o passar do tempo, de boca em boca virou “cor de burro quando foge”.

Um exemplo desse desvirtuamento é a “Quem tem boca vai à Roma” o que significa que quem sabe se comunicar (como o Chacrinha sabia) vai a qualquer lugar. Porém, a frase original era: “Quem tem boca vaia Roma”, que mudou o sentido da frase. Eram tempos do império romano e Júlio César não admitia críticas. Então, o povo e os escravos resolveram vaiar a cidade de Roma, como forma de criticar seu governante. época do imperador romano Júlio César, ninguém podia contrariar sua opinião. Portanto, a plebe e os escravos acreditavam que a cidade de Roma merecia vaias por causa de seu imperador. Com o tempo, o dito foi sendo alterado em função do que o povo ouvia, até mudar totalmente o sentido.

A gentil moça da Stelantis sorriu com a pergunta

Para colocar fim à dúvida, procurei a Imprensa do fabricante do Sportback, e fui logo perguntando para a Valéria Carvalho Santos, do Design Cores e Materiais da Stalantis e “sapequei-lhe” a pergunta: qual é a cor do burro quando foge?

Surpresa, respondeu com um gentil e generoso sorriso.

Que dizer que o mistério vai continuar, porque nem uma especialista em cores sabe qual é a do burro quando ele foge.

Mas ela fez algumas observações interessantes, como por exemplo, que o ser humano é muito motivado pela cor, pois ela envolve uma série de fatores, incluindo a cultura, clima e localização.

– Por exemplo – diz – aqui no nosso hemisfério, optamos pelo colorido, em roupas, tecidos e objetos, enquanto na Europa, as cores são mais sóbrias, por exigência do clima frio. Por isso, temos que estar atentos ao nosso público.

Isso exige que a empresa esteja atenta ao mercado, buscando, por intermédio de clínicas (pesquisa fechadas) e empresas que fazem estudos de tendências. Na cor de um carro, tudo influência, segundo Valéria, desde a tecnologia do momento, passando pela moda, pelo eletrônicos, arquitetura. As informações são cruzadas e as cores para os carros, internas e externas, escolhidas.

Antes de ir ao mercado, um modelo é pintado para ver se a cor se adequa ao veículo. Se tudo bem, entram com a cor na linha. E o modelo vai para a rede de concessionárias.

Aqui abro um espaço para contar um caso de cor que vivi. Era 2008/2009 e eu peguei um Palio na fábrica para testar. A cor era a “mais berrante do século”, um amarelo que parecia ser verde e que chamava a tenção por onde andava. Em uma manhã, sai de casa com o carro e rodei por várias regiões de São Paulo. A cada parada, perguntava ao motorista do carro ao lado: o que achou desse carro?

Nada menos que 95% deles respondiam: lindo! “Lindão”! Que belezinha, que amor de carro (as mulheres, claro, sempre mais carinhosas)!

A segunda pergunta: você compraria este carro?

Acho que mais de 100% (se é que isso é possível) respondeu que não, com a seguinte e única justificativa: é muito bonito, mas depois não consigo vender.

Valéria diz que o emocional vem na frente.

– A pessoa vê o carro, acha bonito, mas pensa como será na hora da venda. E aí o racional se sobrepõe e o carro de cor diferente acaba não sendo comprado.

Ela confessa que racionalizou na hora de escolher seu carro, que é preto. Mas, fora o carro,  ela gosta de tudo muito colorido.

 

Não há cor proibida

A especialista da Stelantis diz que não cores proibidas para os veículos, mas sim especiais e exclusivas para alguns, como o caso do azul sólido para o Argo HGT ou verde especial usada especialmente para o aniversário do Jeep.

Quanto ao preto do teto, ele se adapta a qualquer cor e fica muito bem no Cinqüecento (Fiat 500), que é um carro diferenciado e por isso tem cores igualmente diferentes.

Ela gosta de salientar que sua área requer muita atenção a todos os setores, lembrando que o que hoje tornou-se comum, com ternos sendo usado com tênis (moda introduzida na século passado, anos 80,  pelo primeiro ministro canadense Pierre Trudeau), com quem cruzei em um evento em Toronto e ouvi dele, bem humorado: Regardez là, combien de sécurité, quelqu’un de très important arrive (Olhem lá, quanta segurança, vem vindo alguém muito importante por ai).

Essa irreverência, segundo Valéria, chegou ao carro, mas sem exageros, em razão daquele ponto racional: e na hora de vender?

Ela ressalta que o conforto é que manda no momento da escolha do carro, por isso, a importância de todo material da parte interna, como tecido dos bancos, cores desse material.

– A cor é sempre muito importante! Conclui Valéria.

 

 

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