Especialista do Hospital São Camilo SP destaca importância da socialização à saúde mental de crianças e adolescentes
Mais um ano se inicia em meio à pandemia de Covid-19 e, com ele, algumas preocupações e questionamentos. E, no âmbito da Educação, não poderia ser diferente. Com o retorno às aulas presenciais, muitas escolas estão em processo de adaptação para receber crianças e jovens de forma segura.
Levantamento realizado pelo Datafolha, em parceria com Itaú Social, Fundação Lemann e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), indica que os sentimentos mais frequentes entre crianças e adolescentes neste momento são animação, maior interesse em relação aos estudos e otimismo com o futuro.
“Resgatar as atividades escolares é de fundamental importância, não somente pela questão acadêmica, mas também pelo importante papel social da educação. É claro que precisamos ter em mente que ainda estamos em uma pandemia, que são necessários cuidados”, destaca o Dr. Hamilton Robledo, pediatra da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Muitos pais e responsáveis enxergam de forma positiva esse retorno. O Datafolha aponta que 73% dos entrevistados consideram a recuperação da aprendizagem o principal motivo para apoiarem o retorno às aulas presenciais e 22% informaram que a maior motivação é a convivência e a interação que seus filhos terão com professores e colegas.
De fato, a socialização é uma questão importante para os seres humanos e, quando se trata de indivíduos que estão em fase de crescimento, esse tema tem um peso ainda maior.
“Estudar no formato EaD (Educação à Distância) não é o mais adequado para crianças, pois elas, muitas vezes, apresentam dificuldades de concentração. A criança precisa desenvolver autonomia, capacidade de concentração e autodisciplina. Precisa existir uma troca social. Ao meu ver, esse formato de ensino ainda deixa a desejar, além de contribuir negativamente com as desigualdades sociais”, ressalta o médico.
Os impactos do isolamento e das aulas à distância também prejudicam crianças e adolescentes, não só no aprendizado, mas também no desenvolvimento emocional e social. Estudos realizados pelo Conselho Nacional da Juventude, em maio de 2021, confirmam os efeitos da pandemia sobre a saúde dos jovens. A pesquisa constatou que 54% dos adolescentes que foram entrevistados passaram a sentir ansiedade, 56% utilizaram as redes sociais de forma exagerada e 48% reclamaram de exaustão e cansaço constante.
“A pandemia apresentou um impacto negativo na saúde mental de crianças e adolescentes. Foram observadas queixas como insônia, anorexia, crises de ansiedade e até depressão”, aponta Dr. Hamilton.
Para que os alunos possam aproveitar da melhor maneira possível a nova fase e o período em sala de aula, alguns protocolos sanitários devem ser seguidos. “Das diversas medidas que devem ser atendidas, é essencial a utilização de máscaras e do álcool e gel. O ideal é que as escolas também facilitem o acesso a pias com água, sabonete líquido e papel toalha para todos”, reitera o especialista.
Manter o distanciamento social entre pessoas, cadeiras e mesas, participar de grupo reduzido durante as aulas, respeitar escalas de horários para evitar aglomerações e dar preferência para ambientes que tenham ventilação adequada são algumas formas de manter todos em segurança neste momento.