O mercado se reinventa com a IA e inova na forma como formula, produz e distribui os produtos, pensando na eficiência e sustentabilidade em cada etapa de produção
Dentro da indústria 4.0, a inteligência artificial tem se mostrado importante para que o mercado de óleos lubrificantes experimente uma revolução silenciosa, mas impactante. Remodelando os principais aspectos operacionais, a IA pode ser aplicada desde a formulação de novos produtos até a otimização dos processos de produção e distribuição.
Pensando no aproveitamento inteligente de recursos, o setor de óleos, considerado um dos mais importantes na composição da economia nacional, com PIB industrial correspondente a 11,6% em 2021 segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), busca a digitalização para elevar os níveis de produtividade e de segurança.
Com os caminhos abertos para um crescimento mais sustentável, o machine learning e a rápida análise de dados estão ajudando as indústrias a ampliar sua eficiência e qualidade dos produtos ao mesmo tempo em que gera produtos mais completos para seus consumidores.
O toque de personalização era o que faltava
A formulação de lubrificantes é um processo complexo, envolvendo a combinação de diferentes aditivos e base de óleo para atender a requisitos específicos de desempenho. Para equipamentos que operam em ambiente frios, por exemplo, o lubrificante pode usar ésteres sintéticos como base com aditivos antioxidantes para prevenir degradação do óleo.
Tradicionalmente, identificar essa necessidade dependia de experimentação laboratorial e conhecimento empírico. Com a chegada da IA, esse cenário muda drasticamente, uma vez que os algoritmos de aprendizado de máquina conseguem analisar grandes volumes de dados sobre propriedades químicas e desempenho de diferentes combinações de ingredientes. Facilitar esse processo permite a formulação mais eficiente e adaptada às necessidades específicas – resistência, temperaturas extremas e redução de fricção, por exemplo.
No quesito previsão, a inteligência artificial também tem colaborado. Com o prognóstico de como as novas fórmulas se comportarão em condições reais, os testes físicos prolongados são reduzidos significativamente, permitindo que os custos da produção diminuam e que os recursos não sejam desperdiçados em fases avaliatórias.
Além disso, um estudo da McKinsey apontou que o uso da IA na pesquisa e desenvolvimento pode diminuir o tempo de lançamento de novos produtos até 50%. Isso significa que as empresas conseguem responder mais rapidamente às demandas do mercado e às inovações que mudam constantemente, resultando em uma gama mais diversificada na oferta de lubrificantes.
De olho na sustentabilidade e minimização de perdas
Com a implementação de IA nas etapas de lubrificantes, é possível monitorar em tempo real as condições de produção e ajustar automaticamente parâmetros como temperatura e pressão para maximizar a eficiência e minimizar o desperdício. Essa abordagem ajuda tanto na produtividade elevada quanto na redução de custos, arestas vitais para a competitividade de um negócio.
Mais um aspecto relevante de mencionar é a sustentabilidade. A indústria de óleos lubrificantes enfrenta crescente pressão para reduzir seu impacto ambiental, e com razão, afinal, 1 litro de óleo lubrificante pode contaminar 1.000.000 litros de água. Com a aplicabilidade da IA, as empresas podem otimizar o uso de matérias-primas e desenvolver processos de produção com menos consumo de energia e com menos resíduos.
A BASF, por exemplo, uma das líderes mundiais em produtos químicos, investiu em tecnologia de inteligência artificial para melhorar seus processos de produção, resultando em uma diminuição significativa na emissão de gases efeito estufa.
De acordo com especialistas em tecnologia industrial, a IA aplicada aos processos desse setor tende a melhorar a eficiência energética em 15% e reduzir as emissões de gases em 10%. É um investimento a ser considerado a longo prazo e que reforça a IA como uma forma de promover uma indústria mais responsável e alinhada com os objetivos de desenvolvimento sustentável. Além de ser importante para o impacto social, é uma decisão estratégica para o crescimento e a imagem do negócio.
É possível fazer uma distribuição inteligente
Por fim, a distribuição dos lubrificantes também pode se beneficiar com a IA. A complexidade da logística que envolve o transporte dos produtos em grandes quantidades, além da gestão de estoques, podem ser otimizados através de algoritmos que analisam padrões de demanda e condições de tráfego em tempo real. Para empresas que planejam melhorar suas rotas de entrega, tornando-as mais eficientes, rápidas e com menos custos, esse é um verdadeiro diferencial.
Adicionalmente, esta tecnologia também pode ser aplicada para aprimorar a experiência dos clientes. Chatbots e assistentes virtuais, alimentados por IA, oferecem suporte 24/7 e tem capacidade de responder perguntas e resolver problemas mais simples rapidamente. A melhoria no atendimento reflete diretamente na satisfação dos consumidores e tem grande potencial de fidelização, construindo uma imagem de empresa inovadora e eficiente com seus serviços.
Por isso, a revolução de processos tradicionais na indústria de lubrificantes é questão de tempo. Com o potencial da IA de aprimorar toda a cadeia produtiva dos óleos e ainda contribuir para as fases finais, de distribuição e interação com os clientes, o futuro para este mercado se apresenta cada vez mais promissor. Acompanhar a tecnologia, em especial a IA, é mais do que adotar uma tendência; é adotar a digitalização para continuar evoluindo e redefinindo processos que podem (e devem) melhorar.
Fonte: Filipe Arges, fundador da Menzoil Lubrificantes