A importância da simulação virtual é indiscutível na indústria. Já não é possível fabricar um carro sem os detalhados estudos que são feitos antes por meio dessa sofisticada ferramenta, capaz de mostrar com precisão na tela do computador o comportamento do veículo em diversas situações, seja muito antes dele nascer, seja na vida real ou quando já foi muito usado e está prestes a ser substituído.
Acima de tudo, a simulação é usada para dar agilidade ao processo de desenvolvimento, uma vez que fornece soluções de alta complexidade antes mesmo da construção de um protótipo, o que reduz tempo e custo de produção. Com o apoio do computador, os projetistas podem, assim, escapar de problemas e imprevistos no desenvolvimento.
Certamente, a simulação chegou para ficar. Já adotada por muitas empresas, as novas ferramentas serão usadas cada vez mais, o que deve gerar um ciclo de crescimento contínuo. Mesmo para as pequenas empresas, onde os custos dessa tecnologia ainda são um pouco altos, o retorno sobre o investimento é relativamente rápido.
O uso da simulação virtual está ligado à engenharia. Quanto mais básica for a engenharia, mais necessário será o uso da simulação. O Brasil tem um importante parque de empresas que desenvolve produtos a partir tão somente de ideias e, por esse motivo, detém ferramentas de simulação em nível mundial.
As novas tecnologias em simulações numéricas são desenvolvidas principalmente por duas fontes: as empresas desenvolvedoras de software, que buscam o aperfeiçoamento e a melhoria de seus produtos, e as grandes empresas, que utilizam as ferramentas para obter melhorias específicas para as suas aplicações. No Brasil, ambas as fontes desenvolvem novas tecnologias em simulações, embora esse tipo de desenvolvimento ainda seja muito mais forte no Exterior.
Sempre surgem muitas novidades na área. Uma tendência em destaque são as ferramentas multifísicas, que integram várias áreas de conhecimento. Elas possibilitam avaliar a interação entre as diversas físicas que atuam em um sistema para obter resultados mais precisos e otimizações mais específicas. É possível avaliar, por exemplo, os impactos das alterações estruturais na dirigibilidade ou, então, na emissão de ruído dentro da cabine.
Tanto no Brasil quanto no Exterior, essas ferramentas estão cada vez mais populares. No setor automotivo, as montadoras tendem a ser os principais usuários dos acoplamentos multifísicos dos softwares, porque lidam com sistemas complexos, interagindo por diversos fenômenos da física, passando por escoamentos, combustão, ruído, resistência estrutural e até eletrônica.
Devido ao grande número de ferramentas disponíveis e físicas que essas tecnologias abordam, uma das principais dificuldades do mercado é encontrar profissionais especializados. Como qualquer ciência avançada, a área de simulações é extremamente dependente de conhecimento e habilidades técnicas profundas. Matemática, física, computação e engenharia básica são fundamentais ao profissional.
Assim, não adianta ter um helicóptero se não souber pilotar. Não basta ter programas de simulação, é preciso encontrar profissionais habilitados para entender e melhorar as repostas obtidas. Esse é o nosso grande desafio: ajudar a formar profissionais cada vez mais capacitados em nosso País, que infelizmente insiste em economizar com educação, o que torna os bons profissionais raros, caros e disputados.
Esses e outros temas serão discutidos durante o 5º Simpósio SAE BRASIL de Simulações Numéricas, que será realizado no dia 27 de maio, na ACIJ – Associação Empresarial de Joinville.
Autor: Mário Massagardi é engenheiro e chairperson do 5º Simpósio SAE BRASIL de Simulações Numéricas.