Especialista fala sobre cuidados que precisam ser tomados para evitar impactos negativos no funcionamento dos carros e gastos desnecessários
Em tempos de isolamento social, temos como consequência um aumento da quantidade de carros parados nas garagens. Isso se deve, entre outros fatores, às orientações para combate à pandemia de COVID-19 por parte da Organização Mundial da Saúde (OMS), que instituiu o isolamento social e a adesão ao regime home office em massa. Decorrente disso, milhares de automóveis estão parados por um longo período, o que pode ocasionar prejuízos à saúde do veículo. Mas o que é preciso para evitar impactos negativos no funcionamento dos carros?
Os prejuízos da falta de cuidados com o carro durante a quarentena
Um dos maiores desafios decorrentes da inércia do veículo é a danificação de alguns componentes, especialmente aqueles responsáveis por levar o combustível até o motor, como a bomba de combustível, válvulas, bicos injetores e toda a tubulação por onde o líquido tende a passar. Outra questão importante é a própria gasolina que, se ficar muito tempo parada, pode formar sedimentos que não se dissolvem e acabam entupindo as tubulações do automóvel. Além disso, o envelhecimento dos fluidos pode afetar as peças do carro, como por exemplo, o lubrificante de freio que, ao ficar “velho” ou desgastado pode travar as pinças de frenagem das rodas.
Os motores dos automóveis foram feitos para trabalhar, ou seja, movimentarem-se, quanto mais tempo parados, mais problemas podem ocorrer: baterias sem carga, ressecamento de mangueiras e dutos, entupimento de bicos injetores são apenas alguns dos exemplos que podem ocasionar defeitos e, alguns deles, mais graves. Portanto, o ideal é manter veículo em atividade, mesmo que você apenas ligue o motor por alguns minutos e, é fundamental que o automóvel passe por uma manutenção em oficinas especializadas assim que o término da quarentena for decretado. Desta forma, será possível avaliar e recuperar fluidos, baterias e outros componentes prejudicados com o tempo de inatividade do motor.
De olho no óleo
O óleo de motor é um ponto crítico e que merece atenção especial, uma vez que possui um papel essencial para o veículo: evitar o atrito entre as peças em movimento e manter a temperatura ideal durante o seu funcionamento. Como o lubrificante contém aditivos em sua formulação, possui vida útil, seja por quilometragem ou por tempo de uso. Em uma situação normal, o ideal é seguir as recomendações dispostas no manual do carro, ou, de um modo geral, trocá-lo a cada seis meses ou a cada dez mil quilômetros, dependendo da utilização e do tipo de fluido. No entanto, em um cenário atípico como o atual, no qual o carro está muitos dias parado, é importante realizar a troca completa do lubrificante para garantir a vida útil do motor do veículo.
Um hábito interessante para se ter é a verificação periódica do óleo, independentemente se o carro estiver estacionado há bastante tempo ou mesmo sendo utilizado para pequenas saídas semanais. Também é indicado sempre conferir se a tampa do reservatório está bem vedada para evitar problemas futuros, como vazamento ou evaporação dos aditivos.
De volta às ruas
Durante o período em que o carro está parado, recomenda-se ligá-lo no mínimo uma vez por semana e deixar o motor trabalhando entre 20 a 30 minutos. Conforme a retomada for acontecendo, os cuidados com o carro devem continuar para que não haja problemas mecânicos mais graves que demandem gastos desnecessários.
Voltando ao uso normal do veículo, o ideal é fazer a troca do óleo lubrificante, como foi sugerido acima, junto do filtro, além de checar a calibração dos pneus, bateria, nível do líquido de arrefecimento e de todos os componentes responsáveis pelo bom funcionamento do automóvel. Fique atento e verifique se o piso da garagem onde o carro permaneceu estacionado não apresenta sinais de manchas de óleo, pois pode sinalizar algum tipo de vazamento, principalmente se o veículo tiver transmissão automática. Falta de fluido na transmissão é prejuízo na certa!
Neste momento em que ainda não é possível prever quando a circulação de pessoas e veículos será restabelecida por completo, apostar na conservação e em cuidados preventivos impede contratempos dispendiosos e evita que o seu carro faça parte das estatísticas de automóveis com defeito após um longo tempo parado.
Autor: Marcelo Martini, gestor da divisão automotiva da FUCHS, fabricante independente de lubrificantes e produtos relacionados do mundo