Avaliação: Famílias ou frotistas? JAC T8 segue procurando sua “turma”

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Quando apresentou a “maxivan” T8 ao mercado, em fevereiro deste ano, a JAC Motors tinha bem clara sua estratégia: atuar em uma faixa de mercado ainda não atendida no Brasil, a de transporte executivo com capacidade para sete pessoas (mais bagagens).
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O foco de sua comercialização seria atender hotéis, resorts, locadoras de veículos e empresas de transporte de passageiros, principalmente com a demanda que viria no meio do ano com a Copa do Mundo. “Este é um segmento que não existe no mercado brasileiro, e que hoje representa um ‘share’ de 1,5% na Alemanha, por exemplo”, chegou a comentar na época o presidente da fabricante Sérgio Habib.
Passados dez meses, e quase 150 unidades vendidas, a marca segue na luta para cair no gosto dos consumidores, mas viu um reposicionamento espontâneo de seu principal público-alvo. Isso porque o modelo tem sido considerado caro e inviável para segmentos como o de locação de automóveis. E olha que recentemente o T8 sofreu uma forte queda em seu preço sugerido de venda, que passou de R$ 114.990,00, para R$ 94.990,00.
“As locadoras têm interesse nesse tipo de veículo, e embora a demanda não seja equivalente à dos Estados Unidos, temos clientes corporativos que procuram minivans de sete lugares mais confortáveis. Porém, elas são vendidas no Brasil com preço fora da realidade do setor de locação, geralmente acima de R$ 90 mil por unidade”, explica Paulo Nemer, presidente do Conselho Nacional da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis. “Nos Estados Unidos é possível alugar uma minivan por tarifas equivalentes às cobradas por veículos compactos, mas no Brasil isso é impossível, porque o valor desses modelos é ainda muito alto”.

Paulo Nemer, presidente da ABLA
Paulo Nemer, presidente da ABLA

Na falta de opções, locadoras optam por modelos como Fiat Doblò e Chevrolet Spin, que até conseguem levar sete pessoas, mas pecam no espaço da última fileira de bancos, que ainda reduzem drasticamente sua capacidade de bagagem quando utilizados.
Mas se por um lado essas minivans são consideradas caras para os padrões dos frotistas, por outro o T8 tem um grande trunfo: ele compete em um mercado em que seus principais concorrentes custam pelo menos R$ 70 mil a mais do que ele.
Modelos como Kia Carnival ou o Chrysler Town & County, que também transportam com dignidade e espaço os passageiros em todas as fileiras, sem comprometer o conforto, dificilmente são encontrados por menos de R$ 160 mil.
Inviável para frotistas, o T8 tem se tornado uma ótima opção para outro público, o das grandes famílias. Segundo o diretor de Vendas Nicolas Habib, cerca de 70% dos modelos comercializados até o momento foram para esse tipo de consumidor. “Em geral, são famílias numerosas que encontram no T8 uma boa solução, principalmente em viagens mais longas por causa de seu espaço e conforto”, garante o dirigente.
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E ele não exagera quando cita o espaço como um dos principais atributos do automóvel. Com 1,84 m de largura, 1,97 de altura e 5,10 de comprimento, a fabricante não poupou nas medidas do modelo. Para se ter uma ideia, ele é mais largo e comprido do que uma Topic, tradicional van de transporte de passageiros para até 16 pessoas.
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Quanto ao conforto, digamos que a afirmação é quase inteiramente correta. Enquanto motorista e passageiros que viajam no banco da frente ou nos dois intermediários, encontram poltronas extremamente confortáveis e com uma série de ajustes, quem vai lá atrás, na última fileira, sofre com um banco que mais se assemelha ao das vans tradicionais. Em viagens mais longas o desgaste para quem ocupa essa área é facilmente sentido.
Avaliamos o modelo em uma viagem de mais de 600 quilômetros em um único dia, e dentre nossos ocupantes estava o empresário Pedro Pedace, de 82 anos, que logo se acomodou em uma das duas confortáveis poltronas na parte traseira. “Nossa, é bem maior que aquele Chrysler que eu tive [N. da R.: uma Grande Caravan modelo 1997]”, comentou com sua esposa assim que entrou no carro. “Muito bonito por dentro, hein?”.
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Como todo bom chinês, o T8 é completo e conta com um potente sistema de ar condicionado de duas zonas, capaz de refrigerar rapidamente seu grande habitáculo. Os bancos centrais giram até 180o em seu eixo, o que teoricamente permitiria aos passageiros da segunda e terceira fileira sentarem frente a frente. Teoricamente, porque apesar do banco girar, o cinto preso na carroceria não acompanha o movimento, deixando os passageiros desprotegidos nesse caso.
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Mesmo com todos os bancos ocupados, sobra espaço para as pernas e até para mais bagagens, caso o porta-malas de 1.310 litros não seja suficiente em sua viagem.
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Para o motorista, qualquer experiência com carros maiores será muito bem-vinda. Dirigir o T8 não é tarefa fácil, principalmente em cidades mais caóticas como São Paulo. Manobras em condomínios, supermercados e shopping centers também podem ser uma grande aventura. Para ajudar, o sistema multimídia vem equipado com câmera de ré, algo essencial para esse modelo.
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Com todo esse tamanho e pesando mais de duas toneladas, é de se esperar que o consumo do T8 não seja lá dos melhores. Ainda assim, abastecido com gasolina, registramos uma média de 10 km/l na estrada e 6km/l na cidade, sempre com o ar-condicionado ligado.
O motor 2.0 turbo, com transmissão de seis velocidades, responde bem principalmente em rotações mais elevadas, mas sofre um pouco em subidas.
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Dentre os itens de série, destaque para alguns mimos como teto solar com comandos elétricos, luzes de leitura independentes, duas tomadas de 12V (uma no painel e outra na área de passageiros), bancos dianteiros com aquecimento e ajustes elétricos, volante com regulagem de altura e controle do sistema multimídia, ar-condicionado com controle independente na traseira, tela multimídia de 7” para MP3, MP5, Rádio, Conexão USB, Cartão SD, Aux e Bluetooth.
De negativo, apenas alguns registros de falhas no sistema multimídia, que em algumas oportunidades nos deixou sem a essencial câmera de ré, e o design que realmente passou longe das preocupações dos chineses enquanto produziam o modelo.
Então se você possui uma família numerosa, gosta de cair na estrada sem deixar ninguém pra trás, tem uma garagem grande e um carro extra em casa para locomoção na cidade, o JAC T8 é sim uma opção bastante interessante a ser considerada.
 

Texto: Fernando Soares Clemente

Fotos: Fernando Soares Clemente e Cláudio Laranjeira (divulgação JAC)

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