Como muitos amigos de Bird Clemente, eu ligava para ele com frequência. Para mim era um orgulho ter me tornado amigo do meu ídolo maior na juventude (e até hoje). Se quiser, leia minha coluna publicada na última semana de março “CINCO HORAS SÓ PARA VER BIRD CLEMENTE”.
Era uma delícia ouvi-lo contar histórias. Não eram histórias dele. Não, dele, falava muito pouco. Sua maior preocupação era que os grandes personagens da história do automobilismo brasileiro, estavam “indo embora” e seriam esquecidos para sempre.
E, se a “carruagem seguir este caminho” isso é o que vai acontecer. Muitos dos ídolos da competição no Brasil, já se foram, como Luiz Pereira Bueno, Norman Casari, Chico Landi, e seu sobrinho, Camilo Cristophoro (o Lobo do Canindé), Fritz D’ore, Reynaldo Campello, Catarino Andreatta, Breno Fornari, Henrique Ywers, Christian Heinz, Marivaldo Fernandes, José Carlos Pace (o Moco) que deu nome ao autódromo de Interlagos, Ciro Caires, Celso Lara Barbieris, Eduardo Celidônio, Expedito Marazzi, Xande Negrão e muitos outros de muitas pistas do Brasil.
E nessa semana foi a vez do meu ídolo maior, que se foi sem realizar seu sonho: contar a história das corridas no Brasil, relatadas pelos seus próprios personagens.
E ele sempre terminava as conversas comigo, e, com todos os seus amigos, afirmando: nossa história está morrendo e até hoje não a contamos.
Será que alguém se habilita?
Obs: Coloco aqui uma gravação que chegou aos meus ouvidos pelo Décio Bittencour, quando o Bird agradeceu as manifestações pela passagem do seu 85º aniversário e manifesta sua tristeza por ter perdido seus amigos de pista e por estar praticamente sozinho. E fala dos desenhos que passou a fazer nos últimos anos. Entre eles, um desenho que fez deste seu fã: eu!