Com direção de Eduardo Tolentino de Araujo e texto de Paola Prestes, a peça tem o humor ácido e sofisticado de uma classe média urbana. A encenação em formato arena permite que o público fique bem próximo dos atores, como se estivesse visualizando pelo buraco da fechadura a vida desta família. O projeto marca a estreia do Espaço LAB – Teatro Aliança Francesa
Com um diálogo sutil e cortante, Bata Antes de Entrar leva o público para dentro de uma crônica familiar dos dias de hoje. A comédia dramática estreia no dia 30 de junho, quinta-feira, às 20h30 e marca a estreia do Espaço LAB – Teatro Aliança Francesa. A direção é de Eduardo Tolentino de Araujo e texto de Paola Prestes. A temporada é sempre de quinta a sábado, às 20h30; e domingos, às 18h30, até 31 de julho.
A peça é o retrato dos dias atuais ao colocar em cena os pais separados e os dois filhos solteiros que se reúnem após o enterro do avô materno. O encontro entre os personagens trazem à tona diversos sentimentos e conflitos familiares que serão discutidos entre quatro paredes. Clara Carvalho e Norival Rizzo interpretam os pais (Tereza e Jaime), enquanto Karen Coelho e Victor Hugo Sorrentino vivem os filhos (Beatriz e Kiko).
Paola Prestes tem uma carreira no cinema e na TV e faz sua estreia como dramaturga nos palcos. A criação de Bata Antes de Entrar nasceu da necessidade de quebrar tabus e ir contra os dogmas e as regras pré-estabelecidas sobre a família que são sempre alardeados. “A história traz pessoas fundamentalmente imperfeitas. A Teresa tem um discurso liberal, mas com uma série de contradições. Ela viveu uma época em que as mulheres tinham menos liberdade, se separou, foi estudar, foi atrás desse sonho. Porém, existe um questionamento se realmente valeu a pena. Sua filha Beatriz é de outra geração, a princípio de uma era ainda mais liberal, todavia ela também não está confortável. Ambas são a prova de que a liberação das mulheres ainda está em curso, e tem muito ainda a ser trilhado”.
Tolentino ressalta a identificação da plateia com o universo da trama. “Desde Eugene O’Neill e William Shakespeare, a família é a matriz das grandes questões presentes e eternas. O texto tem um humor muito ácido e sofisticado desta classe média urbana. É uma família como a de todo mundo, tem uma verdadeira lavagem de roupa suja. É uma radiografia da crise de uma mulher que vive entre uma sociedade que pensa de uma maneira e uma outra sociedade que passou a pensar de outro jeito. E as personagens femininas dominam a cena”.
No Espaço LAB – Teatro Aliança Francesa, a encenação é em formato de arena em uma ação que se passa na sala e cozinha de um apartamento. O público ficará bem próximo dos atores, como se estivesse visualizando pelo buraco da fechadura a vida desta família. O sentido do espetáculo da dor alheia é uma herança de vários dramaturgos, mas essencialmente Edward Albee, umas das referências para a autora.
O texto opera no limite do fio da navalha. “As verdades da Teresa e do Jaime batem um no outro, os deixam nus e escancaram todos os conflitos”, enfatiza Norival Rizzo. Para Clara, “a dramaturgia penetra em uma camada mais interna e delicada com um diálogo ácido e cortante, ao mesmo tempo crível e fluente. Existe até um registro meio Woody Allen com um refinamento entre os personagens. Existe uma identificação da plateia com a trama, com cada frase dita. É uma ótima estreia no teatro de uma autora brasileira.”
A filha Beatriz tem uma cumplicidade com a mãe, se assemelha com a matriarca em uma série de assuntos como a busca pela liberdade, direitos iguais, feminismo, também vive em crise com os relacionamentos. Já Kiko é estudante, não tem pressa nenhuma de se formar. De certa maneira, é o oposto da irmã. Sua imaturidade é um escape para se proteger de uma família nem sempre fácil de encarar.
No teatro, Clara Carvalho e Norival Rizzo já interpretaram um casal em A Noite das Tríbades, do sueco August Strindberg, com direção de Malú Bazán. E Clara e Karen também foram mãe e filha em A Profissão da Sra. Warren, do irlandês Bernard Shaw, com direção de Marco Antônio Pâmio.
O humor é um dos maiores ingredientes de Bata Antes de Entrar. “Todos têm essa característica, principalmente a Teresa, que usa como forma de sobrevivência perante as adversidades. Quando estava terminando a peça, eu conseguia ouvir a voz da Clara Carvalho nas falas da personagem, mesmo não sabendo se ela iria fazer esse papel. Como atriz, ela tem o tom certo e uma qualidade incrível em fazer um humor fino com sutileza mesmo dizendo até as coisas mais terríveis”, conclui Paola.
Ficha técnica:
Autor: Paola Prestes. Direção: Eduardo Tolentino de Araujo. Elenco: Clara Carvalho (Tereza), Karen Coelho (Beatriz), Norival Rizzo (Jaime) e Victor Hugo Sorrentino (Kiko). Desenho de Luz: Wagner Pinto. Assistente de Iluminação: Gabriel Greghi. Design Gráfico: Mau Machado. Fotógrafo: Ronaldo Gutierrez. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Assistente de Produção: Nando Barbosa e Natália Beukers. Produção Executiva: Marcela Donato e Nando Medeiros. Direção de Produção: Ariel Cannal.
Serviço:
Bata Antes de Entrar
Local: Espaço LAB – Teatro Aliança Francesa, Rua General Jardim 182 – Vila Buarque. Ar-condicionado. Informações: (11) 3572-2379
Temporada: De 30 de junho a 31 de julho. Quinta a sábado, às 20h30; e domingos, às 18h30.
Preço: R$ 50 (Inteira) e R$ 25 (Meia).
Compra Online: Pelo Sympla: https://bit.ly/BataAntes
Classificação: 14 Anos. Duração: 80 Minutos
Capacidade: 60 Lugares