Como evitar a pressão em grandes competições

Especialistas do Hospital São Camilo de SP explicam importância do acompanhamento psicológico para evitar comprometimento do rendimento de atletas

Atletas possuem uma vida voltada para treinos intensos, corrida por patrocinadores e campeonatos classificatórios, uma realidade árdua que exige muita disciplina e força de vontade. Quando o tão almejado espaço é conquistado na modalidade atuante, vem a dedicação em dobro para que o rendimento seja mantido por um longo período.

Essa realidade e tantas outras, no entanto, foram impactadas com a pandemia de Covid-19 e o consequente adiamento em um ano dos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão.

“Atletas olímpicos mantém uma rotina de treinamento diária. Com a pandemia e as medidas restritivas, essa rotina foi interrompida drasticamente, por conta do fechamento dos centros de treinamentos e da falta de acesso aos equipamentos adequados”, explicam Cássio Couto Moraes Educador Físico e Michelle Franchini, fisioterapeutas da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

Segundo os especialistas, o adiamento e cancelamento das competições que antecederam as Olimpíadas fizeram com que os times repensassem as estratégias de treinos. “Os atletas planejam suas vidas de acordo com o calendário de competições. Quando há adiamentos, como esse da Olimpíadas de Tóquio a equipe tem que planejar como o atleta conseguirá voltar ou manter o seu auge sem ter estruturas adequadas para isso.

Porém, além do desempenho físico, um dos principais pontos a serem trabalhados pela equipe técnica é o da saúde mental, já que a pressão e a rotina intensas causam sentimentos diversos nos atletas.

De acordo com pesquisa realizada pelo British Jornal Sport Medice (BJSM), até 2018, ao menos 34% dos atuais e ex-atletas apresentaram sintomas de ansiedade ou depressão, enquanto 16% apresentaram angústia e 19% uso indevido de substâncias alcoólicas. O estudo aponta ainda que os sintomas de ansiedade estão ligados a eventos adversos, como lesões graves que necessitam de longos períodos de recuperação.

Somado a tudo isso, também há a pressão em deixar um legado na história da modalidade, por meio de medalhas e recordes. “A cobrança gerada pelas competições pode gerar uma instabilidade emocional em momentos de grande tensão, atrapalhando a performance do atleta e causando frustações”, explica Emília de Azevedo Oliveira, psicóloga da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

A especialista destaca que os casos da ginasta Simone Biles e da tenista Naomi Osaka são a maior prova de que o trabalho psicológico é muito importante.

“Para o público, os atletas são os heróis de suas nações, por superaram todos os obstáculos. Mas essa expectativa, aliada ao julgamento constante da performance e evolução por técnicos e juízes, não é saudável e precisa ser trabalhada.”

De acordo com Emília, é importante que os atletas procurem um hobby como válvula de escape durante as competições. Porém, é preciso encontrar uma atividade que não esteja ligada ao esporte.

“Os hobbies concedem às pessoas a oportunidade de se livrarem dos momentos estressantes do dia a dia, ajudando-as a focarem e se reconectarem com suas emoções.”

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