Curta! exibe documentário inédito de Imre Kertész

Filme inédito do vencedor do Nobel da literatura traz a poética do desterro 

Imre Kertész foi o primeiro autor húngaro a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 2002. Judeu, sobrevivente do Holocausto — fora enviado aos 14 anos para o campo de concentração de Auschwitz, e depois para o de Buchenwald —, sua escrita é marcada pelo tema do deslocamento, o sentimento de se sentir alheio ao mundo e a si mesmo. O documentário “Desterro — A Poiesis de Imre Kertész”, inédito, chega ao Curta! e ao Curta!On – Clube de Documentários para revisitar sua obra e sua trajetória.

O filme, conduzido e narrado pelo diretor José Alberto Cotta, mostra que o “desterro” acompanhou o autor desde a sua infância, quando fora enviado para um colégio interno após o divórcio dos pais. Mas, para se aprofundar nos impactos desse sentimento na obra de Kertész, Cotta vai a Budapeste para investigar a trajetória dele in loco.

Kértesz dizia nunca ter se sentido acolhido em toda a sua vida: como judeu, sofreu perseguições de todo tipo, sobretudo durante o período nazista; e, mesmo entre os judeus, não se achava bem aceito, por não ser religioso. Além de suas questões pessoais, vivenciou períodos turbulentos na vida política europeia mesmo após a Segunda Guerra. Como o regime stalinista se apossou da Hungria depois do fim do conflito, Kértesz continuou a ser perseguido e discriminado.

Para ajudar a contar a história do escritor húngaro e a descrever sua obra, são utilizadas imagens de arquivo, e trechos de seus escritos são narrados pelo diretor. Como recurso poético, o filme traz inserções da coreografia “Amanhã é outro dia”, executada pela bailarina, coreógrafa e professora de dança Angel Vianna.

Também são entrevistados artistas, autores e especialistas diversos. O escritor e professor László Földényi, amigo de Kertész, descreve sua sensação diante de sua obra: “Sempre que eu o leio, tenho o sentimento de que uma pessoa profundamente magoada está falando comigo. Não somente um grande escritor, mas alguém que pessoal e existencialmente é profundamente ferido”. A estreia é na Quinta do Pensamento, 11 de agosto, às 23h.

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