Especialista considera o planejamento prévio e a avaliação de saúde do animal como aspectos fundamentais
As férias de janeiro chegaram e as viagens planejadas começam a acontecer. Além da expectativa de um período de descanso, os donos de cães e gatos se preocupam com o animal nesse período. A partir da decisão de incluir os pets no roteiro de viagem, os tutores precisam considerar cuidados fundamentais para proporcionar uma experiência segura ao animal. Bruno Alvarenga, professor de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), destaca pontos para garantir a saúde dos bichos de estimação.
Ao marcar uma viagem, a primeira recomendação do veterinário é o tutor decidir se o animal viajará junto ou ficará na cidade. Para os que ficam, há a possibilidade de serem hospedados em Pet Hotéis ou estabelecimentos veterinários, que normalmente exigem vacinas, vermifugação e controle de ectoparasitas atualizados. A estadia temporária na casa de um conhecido e a permanência em sua própria residência, sob supervisão de um parente, amigo ou pet sitter também é uma opção sempre válida.
Se os pets ficarem na cidade, a permanência em casa em geral é a melhor opção para animais que não requerem cuidados especiais e que podem ficar sem supervisão continuada, por ser um ambiente familiar, com cheiro de seus donos e que já possui suas marcações. “Principalmente para gatos, que além da ausência dos indivíduos com os quais convivem, a mudança de ambiente poderá ser um outro fator de estresse capaz de desestabilizar e levar ao desenvolvimento de alguma doença desta espécie”, recomenda Bruno Alvarenga.
O especialista ressalta que todos os animais requerem cuidados diários e monitoramento, ainda que no ambiente de casa. “Não é suficiente os donos disponibilizarem potes de água e comida com quantidades que inferem ser suficiente para os dias em que estarão ausentes. Além do acúmulo de excretas no ambiente, não há como garantir que os itens deixados permanecerão viáveis durante todo o período”, alerta.
Outro ponto para o tutor avaliar antes de viajar é o temperamento do animal. Ao ponderar onde deixar o pet, deve considerar as características de cada indivíduo. O veterinário recomenda que os agitados e atletas, por exemplo, fiquem em um hotel com atividades, brincadeiras e exercícios diários. Já os portadores de doenças crônicas e que requerem cuidados especiais, podem ser beneficiados com a permanência em clínicas ou hospitais veterinários.
Para os que desejam realizar viagens nacionais com seus animais, caso optem pelo transporte aéreo, o docente do CEUB indica pesquisar as normas de transporte de animais da empresa antes de comprar a passagem, pois cada uma possui um regulamento próprio. “Vale destacar que todas as empresas exigem a carteira de vacinação com a vacina antirrábica válida, uma caixa de transporte que permita que o animal gire 360º e atestado de saúde emitido por um médico veterinário até 10 dias antes da viagem”, frisa.
Para as famílias que viajam de carro, além da documentação sanitária, Alvarenga alerta para a necessidade do uso de cinto de segurança ou em caixas de transporte, para prevenir acidentes durante a viagem. Além disso, o ideal é parar periodicamente para ofertar água e permitir que animal urine e evacue.
Em casos de viagens internacionais, o médico veterinário recomenda que o tutor busque informações sobre as normas sanitárias de entradas de animais do país de destino, normalmente disponibilizadas no site de cada entidade. “Como principais destinos dos brasileiros, temos países da União Europeia e os Estados Unidos, que possuem normas diferentes, as quais estão resumidas no site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) no portal GOV”.
Bruno destaca ainda a importância do planejamento para quem deseja viajar para destinos internacionais com cães e gatos. Segundo ele, primeiramente é necessário inserir o microchip de identificação, vacinar contra Raiva e esperar 30 dias para realizar um exame que permita a obtenção do Certificado de Sorologia de Raiva, que pode levar até um mês para emissão e eventualmente precisa ser repetido. “Posteriormente, já com as passagens, deve-se ir ao veterinário no máximo 5 dias antes da data do embarque para obter um atestado de saúde veterinária nacional e entrar no portal GOV para emitir o Certificado Veterinário Internacional, que possui validade de 3 dias”, explica.
Para os animais que irão para países da União Europeia, o especialista do CEUB conta que é exigido o uso de vermífugo e medicação de controle para pulgas e carrapatos. Já para animais com destino aos Estados Unidos, é necessário ter reserva prévia em um dos quatro Centros de Cuidados Animais Aprovados pelo CDC, onde será feito o isolamento e exames por um médico veterinário do país, para que o pet receba uma nova vacina antirrábica.
Além das exigências de saúde e burocráticas, independentemente do destino, o especialista também julga como fundamental consultar previamente se o local aceita animais em suas instalações. Outro ponto importante é manter na coleira do animal uma placa de identificação com telefone, para facilitar encontrá-lo em caso de fuga. E pesquisar unidades de atendimento veterinárias próximas ao local no qual se hospedará, para tratar alguma eventual emergência médica. “Independentemente de o animal viajar ou não com a família, é fundamental o planejamento, a fim de garantir seu bem-estar e evitar surpresas desagradáveis que possam prejudicar a viagem”, arremata.