Mantendo o sonho da MotoGP, jovem piloto brasileiro foi contratado por equipe com mais de 25 títulos em diversas categorias
Principal aposta brasileira na motovelocidade internacional, Eric Granado passará a investir em 2021 nas duas principais vertentes do esporte: nome forte da Copa do Mundo de Moto-E, um dos caminhos para a MotoGP, o piloto de 24 anos acertou sua participação no Campeonato Espanhol de Superbike, torneio disputado no país que é o coração da motovelocidade e que tem gerado uma troca de pilotos com o Mundial da categoria. Dessa forma, com apoio da Honda do Brasil, Eric reforça sua condição de jovem estrela no cenário internacional. Na entrevista a seguir, Granado fala dos desafios e expectativas em dois importantes campeonatos da motovelocidade: “O desafio é grande. Mas a vontade também”, frisa o representante brasileiro.
Por que o Campeonato Espanhol é importante?
É disputado no país que é a maior referência da motovelocidade mundial, juntamente com a Itália. O Inglês também é forte, mas o Espanhol é como se fosse o centro do mundo no nosso esporte. Grandes equipes, campeonatos, patrocinadores estão baseados lá. É um campeonato com motos de série preparadas, então é uma ponte interessante para o Mundial de Superbike. Já tivemos pilotos indo do Espanhol direto para o Mundial, e do Mundial para o Espanhol, então há uma relação forte entre eles. É uma grande porta de entrada, uma oportunidade boa para a minha carreira, que foi planejada juntamente com a Honda do Brasil. É sim um bom caminho.
Estar no motociclismo espanhol é importante?
Sem dúvida. A nata e a formação de pilotos do Mundial, seja da Superbike ou da MotoGP, acontecem na Espanha e na Itália. Há também uma vertente do Campeonato Inglês, mas a grande concentração dessa formação é na Espanha. Sempre foi assim. Não há melhor cenário para que eu faça um campeonato visando o Mundial do que o Espanhol. A estrutura que terei na equipe Honda Laglisse vai me dar o que preciso.
A sua equipe é tradicional. O que te chamou a atenção nela?
É um time que já esteve no Mundial por muitos anos. Tem título do Mundial de Moto3, por exemplo, e eu já competi com eles, em 2014, com bons resultados nessa categoria. Hoje em dia estão nos campeonatos de base da Espanha, tanto nas categorias de baixa quando de alta cilindrada. É um time de grande experiência, com mais de 25 títulos internacionais. Então eles têm o que preciso para ser competitivo em 2021.
Você é o atual tetracampeão brasileiro de Superbike. A equipe que você competia deixou de existir. O que vai guardar na memórias destes anos na Honda Racing Brasil?
Vou sentir muita saudade dessa equipe, dos amigos que fiz lá, do jeito que trabalhávamos, é uma relação que vou levar para a vida toda. Fizemos um bom trabalho juntos, vencemos quatro campeonatos consecutivos. Vou certamente sentir saudades. Mas espero que no futuro possamos estar juntos de novo. Agora meu foco é buscar novos desafios, e fico muito feliz por estar em uma estrutura da Honda fora do Brasil também. É mais um voto de confiança, que vou tentar retribuir da melhor forma que puder.
Quem será seu companheiro de equipe? Você o conhece bem?
Será o Jordi Torres. É um piloto muito experiente, com vitórias em corridas nos Mundiais de Moto2 e Superbike. É o atual campeão da Moto-E, então eu o conheço muito bem. Já fomos da mesma equipe no passado, embora em categorias diferentes. Será interessante ter um companheiro de equipe tão forte e experiente, um cara que já andou na nossa moto em 2020 e já venceu corridas no Campeonato Espanhol. Ele está no time para disputar a ponta certamente e será um grande adversário.
Você também vai competir na Moto-E. Qual é a vantagem de estar nos dois campeonatos?
É fundamental para mim estar nos dois campeonatos. A Moto-E acontece no ambiente da MotoGP, que é um dos meus sonhos. Mas tem um calendário com apenas sete etapas, o que é pouco para o meu momento na carreira. Isso dá uma boa margem para participar de outra categoria. Até 2020 eu também corria no Brasileiro de Superbike. Agora, no Espanhol, a diferença é que vou estar direto na Europa, mergulhado no ambiente da motovelocidade europeia, sem precisar ir e voltar do Brasil várias vezes ao ano. Isso é algo benéfico, me ajudará a ter foco total na Europa. Então, estou somando dois mundos.
Você já conhece todas as pistas do Espanhol?
Conheço todas as pistas do Espanhol, todas são utilizadas pelo Mundial de Superbike também. Isso é muito bom por que terei que focar apenas na pilotagem e em me adaptar à moto, que é a nova CBR 1000RR-Fireblade SP, que será lançada no mercado brasileiro em 2021. Por incrível que pareça, já venci corridas em todas essas pistas. Então, tenho boas lembranças de todas elas.
Onde fica baseada a nova equipe? Como será essa logística para você?
A base da equipe é em Madri. E eu vou morar em Barcelona, onde já ficava baseado até o ano passado. Isso não atrapalha por que na motovelocidade a gente não tem muito o que fazer na sede da equipe, por que todo o trabalho do piloto acontece na pista – sem contar a preparação física e mental que é feita obviamente com profissionais especializados para isso.
Recentemente, você renovou alguns patrocínios e apoios, com a Honda e CrossFox, por exemplo. Como você compara o apoio ao motociclismo no Brasil e na Espanha?
São duas realidades diferentes. A Espanha respira motovelocidade, é um país onde o esporte foi estruturado e cria novas gerações de pilotos constantemente. O Brasil também tem sua tradição, mas ainda precisa modelar e criar formas de incentivo para cada estágio do esporte. Eu sou muito grato a quem me apoia no Brasil e sei que este apoio tem um valor enorme. Procuro retribuir da melhor forma, me dedicando ao máximo dentro e fora da pista.
Você está fazendo um intenso trabalho físico no Brasil. Vai ter essa estrutura na Europa?
O foco é o mesmo. Tenho uma estrutura lá também, que vai desde os treinos físicos em academia, treinos de motocross e supermoto, flat track, e de bicicleta também, além de fisioterapia. Graças a Deus tenho uma estrutura muito boa em Barcelona. Nessas atividades terei como companheiros muitos pilotos da Superbike, MotoGP, Moto2 e outras categorias importantes. É algo que me estimular muito e me ajudar a evoluir também.
O que você espera de 2021? Qual é a sua meta?
Eu quero ser competitivo, e quem sabe vencer corridas. Ser campeão ou não é consequência do meu trabalho e das equipes também, tanto no Espanhol de Superbike quanto no Mundial de Moto-E. Então, minha meta é fazer o melhor que puder. Lógico, quero vencer e disputar os títulos. Todos os pilotos querem. Mas tenho os pés no chão. Sei que são dois dos principais campeonatos do mundo. O desafio é grande, mas a vontade também.