As orientações de profissionais para não colocar a pintura do seu carro numa roubada
Zelar pela pintura do carro é um dos principais pontos que chamam a atenção dos seus proprietários. Com os cuidados certos, a pintura do carro resiste muito mais e garante o brilho e a aparência original. No entanto, o contrário também vale: usar produtos que não são apropriados para a lataria do automóvel ou estar desatento a algumas situações pode comprometer a estética automotiva.
Confira abaixo novas dicas dos profissionais da PPG para não se arriscar com produtos caseiros e evitar prejuízos e surpresas desagradáveis.
1 – Lavar o carro com a lataria quente
Um cuidado frequentemente negligenciado na hora de lavar o carro é começar o serviço com a lataria quente. O problema é que a superfície aquecida acelera a secagem da água e do sabão, e isso “pode” manchar a pintura. Espere a superfície metálica esfriar. Esse é um cuidado que você talvez não saiba ou tenha esquecido voltando de uma viagem, mas que não custa nada. A coisa certa a fazer é muito simples: lave o carro novamente com sabão adequado e, se ainda assim a mancha não sair, o ideal é efetuar o enceramento do veículo.
2 – Que tal um banho de óleo diesel na pintura?
Óleo diesel é uma ideia ruim para remover sujeira grossa fortemente aderida a superfícies, mas, quimicamente, funciona. Se o seu carro ou caminhão estiver extremamente sujo, faria sentido usar diesel para retirar a sujeira. O problema químico é que o diesel contém enxofre, que existe naturalmente no petróleo e não é totalmente removido durante o refino. O enxofre se liga quimicamente com o oxigênio do ar e transforma-se em óxido de enxofre (SOx) – não dá para evitar – e, logo depois, transforma-se em ácido sulfúrico (H2SO4) ao entrar em contato com a água da lavagem (ou até com a simples umidade do ar). O ácido sulfúrico é um forte oxidante e desidratante e agride as partes metálicas, dependendo da sua concentração. Isso significa que provavelmente não vai haver um problema com o capô, porque é onde melhor secamos, mas cantos de difícil acesso podem apresentar pontos de ferrugem. De resto, o ácido sulfúrico resseca as partes plásticas, como borrachas de vedação e lanternas dos faróis, além de remover a cera protetiva sobre a camada de verniz. Portanto usar diesel para limpar o carro é uma ideia que pode até funcionar mas, como o óleo de banana, é muito ruim na prática. Por isso, na hora da limpeza o recomendado é lavagem em intervalos curtos, para evitar maiores encrostamentos de sujeira, e usando sabão com finalidade automotiva, desenvolvido especificamente para limpeza de automóveis.
E não menos importante: é uma péssima ideia para o meio ambiente jogar diesel na rua ou na rede de água pluvial, caminho certo para poluir rios e córregos.
3 – Capas exigem cuidado também
Proteger o veículo com uma capa só faz sentido para longos períodos sem uso. O simples tira e põe diário já pode causar pequenos arranhões na pintura – o excesso de cuidado, às vezes, vira um problema. O tecido da capa também precisa ser do tipo que transpira, para não reter calor e umidade.
4 – Encerar o carro é ótimo, mas cuidado com o equipamento a ser usado
Usar uma boa cera automotiva é excelente para manter a pintura tinindo e com cara de nova. A camada de cera valoriza a cor e realça o brilho, além de proteger o verniz de microarranhões e de ataques químicos causados por fezes de passarinhos. Só tome cuidado: se o enceramento envolver maquinário como uma politriz, fique atento para a escolha da boina. Quando usadas boinas de corte ou refino, pode haver um abrasamento (desgaste) do verniz, chegando à camada de tinta. O ideal é usar boina de espuma, indicada para lustre e acabamento.
5 – Usar repelente
Tem muito vídeo na Internet sugerindo usar repelente de insetos para limpar o farol de carros velhos, e as imagens parecem não deixar dúvida. Só que não. A razão química para o plástico ficar cristalino e menos amarelado nos vídeos é a presença de DEET (N,N-dietil-meta-toluamida) na fórmula de repelentes. Ele pode ser aplicado sobre a pele e mascara o cheiro humano para os insetos, mas é também um bom solvente, capaz de amolecer plásticos duros. É essa a mágica da “limpeza” dos faróis amarelados. O DEET remove a camada externa oxidada de plástico, o que, na prática, aparece como remoção da sujeira. O problema químico é que o plástico pode voltar a oxidar e a ficar turvo, sem falar no risco de se tornar pegajoso e maleável. Na verdade, o DEET pode danificar permanentemente os plásticos velhos e porosos de faróis de carros antigos. Se esse for o caso, a solução é efetuar o lixamento com grão de refinamento (1500) e, posteriormente, realizar o enceramento com a massa de polir ACS MP02, da PPG.
Se, porém, o DEET for usado com cuidado e em veículos modernos, espalhando o líquido sobre a superfície dos plásticos com um pano umedecido, sem borrifar contra o farol, ele até pode funcionar bem sem causar nenhum prejuízo.