Máscaras mal utilizadas podem elevar em mais de 1000% o risco de contágio nas escolas
O Grupo de Trabalho ModCovid19 – criado por pesquisadores de grandes universidades brasileiras para sistematizar as ações e pesquisas utilizando modelos matemáticos para simular fenômenos, comportamentos e possíveis cenários ligados à pandemia, acaba de atualizar um estudo que simula novos protocolos de segurança para o retorno seguro às aulas presenciais.
Em recente pronunciamento, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, fez um apelo para o retorno às aulas presenciais com segurança. Nesse sentido, a contribuição do estudo que tem membros do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), entre eles, o professor Tiago Pereira, do ICMC/USP São Carlos, refere-se a novos protocolos olhando especialmente para o uso correto de máscaras e os modelos mais eficientes.
Esse foi o resultado da mais recente atualização do estudo. A simulação mostra um dado alarmante quando o retorno ocorre com máscaras mal utilizadas. Aumenta-se o risco de contágio em até 1141%. Se as máscaras forem bem utilizadas, cai para 757%. Mas esse número está bem longe do cenário ideal simulado. Com monitoramento de casos suspeitos, máscaras bem utilizadas pelos alunos e professores com máscaras do tipo PFF2, o risco despenca para apenas 20% de se contrair o vírus.
“Esta análise foi feita considerando ambientes fechados. Sabemos que o cenário pode melhorar muito com ventilação no ambiente, ao mesmo tempo que pode piorar muito também com o uso de ar condicionado nas salas. Mas um dos focos aqui é trazer a discussão para o uso correto de máscaras de proteção, uma vez que é comprovada a maior transmissão do vírus por aerossóis”, comenta Tiago.
O estudo considera máscaras mal utilizadas, aquelas de tecido de baixa qualidade ou mal colocadas/utilizadas dentro das escolas. Já o cenário bem utilizadas, parte de máscaras de tecido de boa qualidade, máscaras cirúrgicas ou as PFF2 que seriam de extrema importância pelo menos para os professores e totalmente recomendada para professores e alunos.
As turmas alternadas seguem tendo relevância no quadro de proteção como já demonstrado nesse estudo anterior.
Para turmas alternadas, o pesquisador explica que o estudo considera que todas as salas de aulas são divididas em dois grupos de alunos que frequentam a escola em dias alternados. Já o protocolo de monitoramento epidemiológico, consiste em algumas medidas tais como: na existência de um caso confirmado em uma sala de aula a mesma é suspensa por 14 dias; sintomáticos são testados e suspensos por 14 dias de acordo com o resultado do teste. Para os casos confirmados de familiares de membros da comunidade escolar, o envolvido é suspenso por 14 dias e testado, caso o teste seja positivo, a sala é suspensa adequadamente. Professores que tiveram contato com uma sala com caso confirmado na última semana, são testados e suspensos por 14 dias caso o teste seja positivo. Se o cenário for de dois casos em salas distintas na última semana, a escola é fechada pelo período de uma semana.
“Desde o início da pandemia já aprendemos muita coisa e é essencial que os protocolos acompanhem essas mudanças amparados pela ciência. Com esse modelo, a matemática confirma que é uma importante arma nessa luta contra o vírus, desde que os protocolos estudados e este conjunto de ações sejam mantidos, especialmente no cuidado com o uso adequado das máscaras”, finalizou Tiago.
O estudo foi realizado pelos pesquisadores Tiago Pereira e Edmilson Roque (USP), Claudio Struchiner (FGV e UERJ), Guilherme T. Goedert (Univ. Roma II, RWTH Aachen e CyI), Krerley Oliveira e Sérgio Lira (UFAL), Lucas Resende (IMPA), Ismael Ledoino (LNCC) e Juliano Genari.