“Os fundos de Private Equity trabalham com expectativas e o atual cenário não propicia investimentos no setor, mesmo com o PIB do segmento automotivo crescendo historicamente sempre mais que o dobro que o PIB do país”, revela Vicente Koki, Analista-Chefe da DMI Group.
Tendo em vista as fracas projeções de PIB para 2017 e 2018, respectivamente de 0,34% e de 2%, além dos reflexos negativos da crise política sobre a economia, é plausível supor que o setor automotivo continuará pressionado, com expectativas modestas de recuperação de desempenho e de reversão da queda contínua nas vendas dos últimos anos. A crise política aumenta as incertezas na economia e os agentes acabam postergando investimentos. “Mesmo após a aprovação da reforma trabalhista, ainda há grandes dificuldades para o avanço e aprovação das reformas da previdência e tributária, o que aumenta a percepção nos agentes financeiros detentores do capital de que o Brasil ainda é uma incógnita”, afirma Vicente Koki, Analista-Chefe da DMI Group, Fundo de Private Equity responsável por investimentos em empresas de alta rentabilidade.
O analista ainda explica que existe uma equação matemática que mostra, por meio do PIB, como fica a produção de veículos: “Estudamos o setor automotivo (veículos pesados, veículos leves e indústria de autopeças) e observamos uma deterioração das variáveis macroeconômicas, tais como taxas de desemprego elevada (13%), altas taxas de juros (10,25%) e política de crédito restritiva. Essa combinação de fatores deve resultar em um fraco desempenho do setor automotivo nos próximos períodos. Destacamos que existe uma correlação histórica de 2,3X entre a produção automotiva e o PIB, ou seja, se o PIB crescer 1%, o PIB do setor automotivo crescerá 2,3%”, revela Koki.
A venda de automóveis é, principalmente, impulsionada pela disponibilidade de financiamento aos consumidores. Em vista da elevada inadimplência decorrente do período de crédito abundante de 2012, os bancos aumentaram e muito as restrições para novas concessões. O ano de 2012 havia fechado com recorde de vendas de veículos, com um total de 3,8 milhões de unidades emplacadas, entre leves, pesados, comerciais leves e ônibus. “O setor automotivo deve apresentar fraco desempenho nos próximos períodos, em função de taxa de juros elevadas, falta de crédito, ausência de estímulos ao consumo, endividamento das famílias, elevada taxa de desemprego. Devido a esses fatores, o setor apresenta-se pouco atrativo para chamar a atenção dos fundos Private Equity”, finaliza Koki.