Quem vai pegar estrada para viajar durante as férias de julho ou assistir aos jogos do mundial de futebol em algumas das cidades-sede, normalmente se lembra de fazer apenas aquela verificação básica no carro. Troca o óleo, faz alinhamento e balanceamento das rodas, mas se esquece de muitos equipamentos fundamentais para o bom funcionamento do veículo. Peças das quais pouco se escuta falar, mas que quando apresentam problemas por falta de manutenção, aí é uma dor de cabeça só.
“O desgaste das peças de um carro é natural. Por isso, nessa época de férias e Copa, quando muitas famílias devem rodar bastante para assitir aos jogos, visitar suas famílias ou conhecer algum ponto turístico distante, mais atenta elas precisam ficar. O desgaste pode variar dependendo da quilometragem do veículo, do modo de dirigir do motorista e da fabricante, mas é certo que alguns equipamentos, como tensores de correia, polias, rolamentos, atuadores hidráulicos e cilindros, componentes de direção e suspenção, precisam ser trocados ou passarem por avaliações periódicas”, explica o engenheiro de aplicação da SKF do Brasil, Helber Antonio.
Muitos desses itens as vezes passam despercebidos. Tensionadores de correia e as polias são exemplos. Para que a força do motor seja transferida de maneira adequada para as rodas, o sistema da correia dentada precisa estar em ordem. É ela que permite o correto funcionamento das válvulas que comandam a circulação dos gases do cilindro. Em alguns veículos, inclusive, também são responsáveis pelas bombas d’água. Muitos vezes, porém, apenas as correias são trocadas. Se os tensionadores e polias estiverem desgastados ou com folga, eles podem ocasionar até o rompimento da correia. A própria bomba d’água, outro item que muitas vezes não aparece no topo da lista na hora de se fazer a manutenção preventiva, é responsável pelo sistema de arrefecimento do motor. Se ela estiver com defeito, o motor pode aquecer além de seu limite, resultando em um prejuízo tremendo.
“Como é possível perceber, as peças são interligadas e todas precisam estar funcinando corretamente. Por isso, além de pneus e óleo do motor, não podemos esquecer de verificar aquelas peças mais escondidas, que muitos de nós nem conhecemos, mas que são fundamentais para a própria segurança dos ocupantes do veículo”, afirma Antonio.
Para cada peça, recomenda-se, além de um revisão periódica, uma certa quilometragem para sua troca.
– Tensionador de correia e polias: além das verificações periódicas, que devem ser feitas a cada 20 mil km, na maioria dos veículos a troca é recomendada entre 40 mil e 60 mil km.
– Bomba d’água: se a manutenção for correta, nunca abrindo o reservatório com o motor quente, por exemplo, e trocando o líquido de arrefecimento a cada 30 mil km ou 1 ano de uso, prolonga-se a vida útil da peça.
– Atuadores hidráulicos e cilindros: é recomendável trocar o fluido do reservatório a cada 18 meses. Quanto à troca do sistema, não há um período definido, pois depende da maneira como o veículo é conduzio, por exemplo, se o motorista mantém muito o pé no pedal de embreagem ou se ele usa o acelerador e embreagem para manter o carro parado em rampas. São comportamentos que diminuem a vida útil do sistema de acionametno hidráulico e do conjunto de embreagem.
– Rolamento: a peça, que fica no eixo da roda, pode ser danificada com buracos e até enchentes, que prejudicam a graxa do rolamento. Ruídos normalmente indicam o desgaste da peça. Em baixas rotações, o motorista escuta um ruído mais grave. Em alta velocidade, o barulho é mais agudo. Se um desses rolamentos quebra, pode até causar o travamento da roda, significando um sério risco para os ocupantes do veículo. A recomendação é verificação a cada 20 mil km e troca a cada 70 mil km, em média.
– Componentes de direção e suspensão: revisão a cada 10 mil km, com balanceamento das rodas. Verificar borrachas da barra estabilizadora, pivôs, terminais de direção, barra de direção, bandeja, homocinética, coifas, molas e amortecedores. A coifa, também conhecida como manga sanfonada, é fundamental para a durabilidade da junta homocinética, pois evita o vazamento de graxa da junta e a protege do ambiente externo. Lembrando que muitos desses componentes necessitam de lubrificantes e graxas adequadas. A recomendação é que se substitua tais componentes, em média, a cada 70 mil km.