Em tempos de crise o pensamento de muitos é assim: vou trocar meu carro e pegar um “troco” para equilibrar as contas lá de casa! Será que é a melhor opção? Alardeada pela publicidade como solução para quem precisa de dinheiro rápido com juros bem abaixo do que são oferecidos nos bancos, a “troca com troco”, oferecida por concessionárias e revendedoras de automóveis não é tão vantajosa assim. A PROTESTE Associação de Consumidores constatou que na prática ocorre uma troca de dívidas, tendo que se assumir o financiamento de um novo carro.
Quitar dívidas sem criar novas é sempre o mais indicado. A PROTESTE recomenda sempre vender o carro e pagar as contas. A alternativa para quem não pode abrir mão do veículo de forma alguma e precisa sair do vermelho é vender o carro para particular, quitar a dívida e reservar uma parte para dar entrada no financiamento de outro.
Na realidade para embolsar o troco, como é ofertado pelas concessionárias e revendedoras, é preciso, antes, entregar o veículo e assumir uma dívida. Dar o que sobrar do preço ofertado pelo seu carro como entrada na compra de outro e parcelar o restante do valor do veículo adquirido. Ou seja, muito semelhante à simples venda de um automóvel para se comprar um novo, em que o consumidor simplesmente completa o saldo restante. A única diferença é que na tal “troca com troco”, se pode usar parte do valor do carro como entrada.
Ou seja, a “troca com troco” só é vantajosa mesmo para o comerciante, que compra um carro por um valor bem abaixo do mercado e ainda ganha sobre a venda de dois veículos: o que você vai adquirir e o que você vai deixar para a troca, que será revendido. Então, quem está em dificuldade para saldar uma conta, deve pensar duas vezes antes de se deixar seduzir pela oferta.
Para checar se a operação seria vantajosa, a PROTESTE foi, anonimamente, a quatro concessionárias: Volkswagen, Chevrolet, Fiat e Ford. E também a duas revendedoras com a proposta de vender o carro, e trocar por outro mais barato sem assumir nenhum financiamento e ainda sair com um troco. Mas não foi o que ocorreu. Já que o carro foi avaliado abaixo do mercado e não seria possível a troca por um mais em conta e teríamos que financiar o novo carro, simulamos a troca por um carro zero nas concessionárias e pelo modelo mais barato disponível nas revendedoras, com a intenção de ter um troco de pelo menos R$ 10 mil.
Em cada uma delas, oferecemos um Volkswagen Up Take Flex 1.0, quatro portas, ano 2014/2015, completo e com 30 mil quilômetros rodados, cujo valor de mercado é R$ 28.095, segundo a tabela Fipe – de responsabilidade da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas e referência do mercado. O veículo foi subavaliado em todas as lojas. A Ford avaliou em R$ 22 mil e as demais em R$ 25 mil. Ou seja, a venda para particular ainda é mais vantajosa.
A PROTESTE tem dicas para quem ainda assim preferir optar pela “troca com troco” por conta do valor mais baixo do Custo Efetivo Total (CET) do financiamento (em média 33% ao ano) do que o para empréstimo pessoal (em média 150% ao ano). Não feche negócio logo na primeira proposta que receber. Visite várias lojas, faça um levantamento de preços e compare. Consulte a tabela Fipe antes de negociar. Ela é a melhor referência de preços de automóveis. Avalie bem o estado do veículo a ser comprado, testando seus principais itens antes de concluir a transação. Tente vender para particular, para não ter seu carro subavaliado em lojas. Entre sempre em contato com a PROTESTE, antes de fechar o negócio, para ter ajuda no processo de decisão.