Gastronomia e saúde: conheça as fake news da nutrição

Nutricionista do Órion Complex desmistifica notícias relacionadas ao poder dos alimentos e quais seus reais benefícios em tempos de pandemia

Quando se pensa em nutricionista o que logo vem à mente é dieta. Mas o papel desse profissional vai muito além de calcular calorias, como explica a nutricionista Laura Filmari, que atende no centro clínico do Órion Complex. Segundo ela, o ato de comer ultrapassa as necessidades físicas e biológicas, pois, além de prazeroso, comer envolve multifatores, como questões emocionais, culturais e religiosas e o nutricionista pode contribuir com todo o processo ao estabelecer um cardápio que atenda essas necessidades. Em tempos de pandemia, por exemplo, muito se falou em como evitar contrair o novo coronavírus através da alimentação, entretanto, ela explica que isso não é possível.

De acordo com Laura, o objetivo de uma boa alimentação em tempos de pandemia, é fortalecer o sistema imunológico, mas segundo ela não é somente isso. “O organismo é complexo e ter uma boa imunidade reúne um conjunto de fatores como  qualidade de sono, níveis de estresse, uso ou não de medicamentos, doenças crônicas e alimentação saudável. Ou seja, a alimentação não é exclusivamente o único fator que contribui para uma boa imunidade”, pontua.

Laura lembra que muitas notícias falsas, as fakes news, foram dissipadas, principalmente no início da pandemia induzindo as pessoas a realizarem suplementação com o intuito de se protegerem do vírus. Para sanar as dúvidas, ela listou as quatro que mais impactam a população e desmistifica seus efeitos.

Suplementar vitamina C:  A vitamina C, ou ácido ascórbico,  é um dos nutrientes mais fáceis de obter através da alimentação. Ela está presente em frutas como laranja, mexerica, morango, kiwi, acerola, limão, manga, goiaba, caju, mamão papaia, e em hortaliças como brócolis, couve, pimentão amarelo, salsa. “O consumo de duas laranjas ou uma fatia fina de mamão ou até mesmo uma colher de servir de couve crua já garante a quantidade diária de vitamina C. Por isso suplementar esse nutriente, quando se consegue atingir os níveis recomendados pela alimentação, é um desperdício de dinheiro e pode até elevar o risco de cálculo renal”, alerta.

Suplementar vitamina D: A vitamina D, que na verdade é um hormônio, é muito importante para o organismo. Além de suas funções mais conhecidas relacionadas à saúde dos ossos, contribui com o crescimento, sistema imunológico, cardiovascular, músculos, metabolismo e produção de insulina. Laura explica que é muito importante manter os níveis adequados para a saúde como um todo. Porém,  fazer suplementação sem a indicação de um profissional e a comprovação de exames bioquímicos é extremamente perigoso. “O resultado pode ser o aumento de cálcio na urina e no sangue causando cálculos renais e até mesmo arritmia”.

Beber água com limão em jejum: Ao contrário do que se fala, a água com limão em jejum não tem o poder de detoxificar o nosso organismo. “Ao ingerir esse líquido, você estará ingerindo água rica em vitamina C, que é um poderoso nutriente antioxidante. Então, tomar água com limão, seja ela em jejum ou não, pode te ajudar a atingir os níveis de diários recomendado de vitamina C”, conta Laura, que lembra ainda que existem benefícios para a digestão ao ser ingerida junto ou após as refeições. Entretanto, isso nada tem a ver com prevenção do novo coronavírus.

Suplementar óleo de alho: Apesar de o alho ser um ótimo antioxidante e ser uma boa fonte de nutrientes como manganês, vitamina B6 e vitamina C, Laura ressalta que não existe nenhuma comprovação científica de que a suplementação do óleo de alho ajuda no combate do coronavírus. “O consumo em excesso pode desencadear uma série de problemas, como por exemplo  mulheres que possuem o fluxo menstrual intenso podem ter o quadro agravado. Quem sofre de hipotensão pode ficar com a pressão arterial mais baixa ainda, e quando administrado juntamente com medicamento anticoagulantes orais podem aumentar a biodisponibilidade do medicamento, provocando hemorragias”, finaliza.

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