Espetáculo se propõe, por meio da simultaneidade de histórias, a criar uma linha condutora em que o público constrói os (res)significados
Hell Center é um espetáculo teatral idealizado coletivamente pelos amigos Luanna Barbosa, professora de teatro musical, e pelos roteiristas Rodrigo Boecker e Maurício Gyboski, que entre outros trabalhos, estiveram envolvidos em produções globais de sucesso como Império e Lado a Lado, ambas vencedoras do Emmy Internacional.
A ideia da peça nasceu no auge do isolamento social, que limitou os recursos de muitos artistas de teatro a se manterem na ativa. Segundo os criadores, a concepção do espetáculo surgiu da inquietação por criar coisas novas e manter ativo o fazer artístico, e não apenas consumir o que já estava pronto antes da quarentena.
O retorno ao trabalho de uma central de Call Center, depois da aprovação de uma lei que exige que empresas do ramo atendam agora somente por vídeochamada, é o ponto de partida da comédia online “Hell Center”
Hell Center, que está em fase de ensaios, é livremente inspirado em Sleep No More, renomado espetáculo off Broadway baseado em Macbeth, de William Shakespeare. A montagem americana traz um novo conceito de teatro, em que a plateia é itinerante e acompanha toda a ação – que se passa em um hotel – junto com os atores.
Boecker, um dos idealizadores de Hell Center, sonha em no futuro trazer para os palcos brasileiros uma peça com os mesmos mecanismos de criação da produção americana em espaço físico. Com o conceito de Sleep no More adaptado para o teatro online, a ideia é subverter as plataformas online de exibição, transcendendo e ressignficando os recursos que elas oferecem, para trazer ao expectador mais do que entretenimento, uma verdadeira experiência virtual.
A trama de Hell Center se passa em cinco salas virtuais ao mesmo tempo. São múltiplas possibilidades de construção, e o público tem o controle do que assistir. “Em Hell Center, cada escolha é uma renúncia. Por isso, convidamos a plateia a assistir ao espetáculo outras vezes, para que os pontos de vista possam ser somados”, ressalta o trio de autores. O espetáculo se propõe, por meio da simultaneidade de histórias, a criar uma linha condutora em que o público constrói os (res)significados.
Alguns dos atores são Julianne Trevisol, Tuna Dwek, Bia Guedes, entre outros.