Costuma-se dizer que quando um ano foi ruim, foi um ano para se esquecer. Para a indústria automotiva, pode-se afirmar que os primeiros seis meses de 2015 formaram um semestre para se esquecer. Os dados divulgados hoje pela ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores indicam que o acumulado do licenciamento entre janeiro e junho deste ano mostrou retração de 20,7% em relação ao mesmo período do ano passado. No período foram licenciados 1,31 milhão de veículos, contra os 1,66 milhão do mesmo período do ano passado.
Evidentemente os números da produção não poderiam ser melhores. Na análise com junho do ano passado, quando 215,9 mil unidades foram produzidas, a retração foi de 14,8%. Os 184 mil autoveículos produzidos no sexto mês do ano, comparados com as 210,4 mil unidades fabricadas em maio, significaram uma queda de 12,5%. Com estes resultados, a indústria encerrou o primeiro semestre com recuo de 18,5% frente ao mesmo período de 2014: foram 1,27 milhão de autoveículos produzidos este ano contra 1,56 milhão no ano anterior.
A explicação para o fracasso do setor automotivo nos primeiros seis meses de 2015 foi a mesma dos meses anteriores. “O País passa por um cenário de baixa confiança dos investidores e consumidores, restrição ao crédito e expectativa pela conclusão dos ajustes na economia”, afirma Luiz Moan Yabiku Junior, presidente da Anfavea. O qual, entretanto, ao contrário dos meses passados, parece ver uma luz no fim do túnel. “Acreditamos que os anúncios de algumas medidas, como o Plano Nacional de Exportações e o Plano Safra, são parte de uma agenda positiva. E neste contexto, esperamos também que o anúncio programado para hoje do Programa de Proteção ao Emprego, como instrumento adicional para a garantia dos postos de trabalho, terá impacto positivo”.
O PPE (Programa de Proteção ao Emprego) é visto como uma solução imediatista para estancar a queda do emprego no setor, que vem ocorrendo sucessivamente nos últimos 21 meses. Pode ser uma boa solução para a indústria, mas é um paliativo que talvez não seja bem aceito pelas centrais sindicais. A premissa fundamental do PPE é a redução da jornada de trabalho e também dos salários.
Caminhões e ônibus
As vendas de caminhões encerraram junho com aumento de 2,7% ao se comparar as 6,2 mil unidades no mês com as 6 mil licenciadas em maio. O número parece ser positivo mas os demais não são. No comparativo contra junho de 2014, a retração foi de 41,6%, com 10,6 mil unidades naquele período. Nos seis primeiros meses do ano a queda foi de 42,3%, quando comparados os 37,3 mil produtos licenciados este ano com os 64,6 mil no ano passado.
No comparativo entre a produção dos primeiros semestres de 2015 e 2014, os números indicaram baixa de 45,2%: foram 41,6 mil unidades fabricadas neste ano e 76 mil em 2014. A produção de junho encerrou com 5,3 mil unidades, contração de 35,5% com relação as 8,2 mil no mesmo mês do ano passado e de 14,3% contra as 6,2 mil de maio.
Nas exportações o resultado ficou acima em 9,3%, na comparação das 10,2 mil unidades no acumulado deste ano contra as 9,3 mil de 2014. Os números da análise mês a mês mostram que junho, que registrou 2 mil caminhões exportados, foi 8,1% menor do que maio – 2,1 mil – e 26,1% maior do que as 1,6 mil do mesmo mês de 2014.
As vendas no segmento de ônibus em junho ficaram estáveis em relação a maio, ambos com 1,4 mil unidades. No comparativo contra junho do ano passado, com 2 mil unidades, foi registrada baixa de 26,3%. No acumulado a contração chega a 27,7%, com 9,7 mil este ano e 13,4 mil no ano passado.
Os produtores de chassis fabricaram 1,8 mil unidades em junho, o que representa diminuição em 22,4% frente as 2,3 mil de maio e de 29,2% contra as 2,5 mil de junho do ano passado. No semestre a queda foi de 27,8%: 13,9 mil unidades este ano e 19,2 mil em 2014.
Começaram a aparecer os primeiros resultados da renegociação com o México. As exportações cresceram – no acumulado, ocorreu uma expansão de 1,5% – foram 3,3 mil este ano e 3,2 mil no ano passado.
Máquinas agrícolas e rodoviárias
No segmento de máquinas autopropulsadas as vendas chegaram a 4,4 mil unidades no sexto mês do ano, o que significa aumento de 6,9% sobre as 4,1 mil de maio e redução de 24,8% se comparado com igual período de 2014, com 5,9 mil unidades. No acumulado deste ano, que soma 24,7 mil unidades, a baixa é de 25,1% contra as 33 mil unidades vendidas no ano passado.
Ainda no período acumulado do ano, a produção recuou 24,4%, ao comparar as 30,5 mil unidades de 2015 ante as 40,4 mil do ano anterior. Somente em junho deste ano 3,7 mil máquinas foram fabricadas, o que significa diminuição de 36,4% frente as 5,8 mil de maio e de 36,6% com relação as 5,8 mil de junho de 2014.
As exportações em junho, com 1,1 mil unidades, avançaram 16,9% quando comparado com o mês anterior, que registrou 942 unidades, mas caiu 9% com relação as 1,2 mil de junho do ano passado. No acumulado a retração foi de 18,4%: foram 5,4 mil máquinas em 2015 e 6,6 mil no ano passado.
Pedro Damian, especial para Super Top Motor