MG Club do Brasil celebra o centenário da marca inglesa

MG Club do Brasil é um dos mais atuantes clubes de carros clássicos do País

O MG Club do Brasil está celebrando os cem anos de existência da marca inglesa. Fundada em 1924 por Cecil Kimber e William Morris, a MG (sigla de Morris Garages) logo ganhou fama por construir carros esporte leves, ágeis e de bom desempenho, sem abrir mão do conforto e do estilo.

No Brasil, os automóveis MG, em especial os modelos TD e TF, conquistaram vários adeptos depois da Segunda Guerra Mundial. Vários foram trazidos para o País até 1975, ano em que o governo federal proibiu a importação de veículos automotores (algo que só seria revogado em 1990). A paixão pelos MG se manteve intacta e motivou em 1983 a criação do MG Club do Brasil. Atualmente, o clube possui sede no bairro da Lapa, em São Paulo, e é aberto a carros clássicos de todas as marcas.

“A marca MG sempre se destacou pela criatividade e esportividade. Não eram carros exatamente luxuosos, mas fruto de projetos muito inteligentes que resultavam em um grande prazer de dirigir. Colocavam-se motores relativamente pequenos, tipicamente de 1,0 a 1,8 litro, em carrocerias pequenas e leves. Isso proporcionava agilidade e rapidez ao carro, e ótimos resultados em competições. Era exatamente o que muitos aficionados buscavam. E havia o fato de muitos serem conversíveis, proporcionando a sensação do ‘vento na cara'”, explica Américo Nesti, presidente do MG Clube do Brasil.

A história do MG TD, provavelmente o modelo mais conhecido da marca no Brasil, começa em 1936. Naquele ano, a MG lançou o roadster TA, um elegante carro esporte com motor de 1,3 litro, vendido por um preço mais acessível que seus concorrentes. Nos anos seguintes, o modelo evoluiu e teve a nomenclatura alterada para TB (1939), TC (1945) e finalmente TD (1950). Militares norte-americanos que serviram na Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) encantaram-se com os MG e um número indeterminado de carros da marca foi levado para os Estados Unidos depois do conflito. Os MG TD “americanos”, com volante no lado esquerdo, foram trazidos para o Brasil e logo passaram a ser reconhecidos nas ruas.

O MG TF foi apresentado em 1953 e produzido até 1955. Na essência, era um MG TD reestilizado. Além de pequenas mudanças no motor que o deixavam mais potente, o TF diferenciava-se do antecessor pelos faróis dianteiros instalados diretamente nos para-lamas, e não mais fixos na moldura do radiador. Este, por sua vez, passou a ser separado da grade, e esta passou a ser ligeiramente inclinada (nos anteriores, era completamente vertical).

Para quem deseja ter um autêntico modelo MG na garagem, outras boas opções são os Midget. Ele teve quatro gerações: Mk1 (1961 a 1964), Mk2 (1964 a 1966), Mk3 (1966 a 1974) e 1500 (1974 a 1980). Os primeiros Midget tinham motor de quatro cilindros com 948 cm³; nos últimos, como o próprio nome indica, a cilindrada subiu para 1.493 cm³. O MG B, um roadster (conversível de dois lugares) lançado em 1962, também teve várias unidades trazidas para o Brasil. O modelo gerou versões como o MG B GT (um cupê de três portas e carroceria 2+2 lugares) em 1965. As duas carrocerias do MG B foram usadas no MG C, lançado em 1967 e produzido até 1969.

Em 1973, surgiu o MG B GT V8, unicamente com carroceria cupê. A ideia foi do preparador inglês Ken Costello, que adaptou um V8 a seu carro e mostrou-o à fábrica, que aprovou a ideia e decidiu produzir o MG B GT V8 em série. Esse motor havia sido projetado pela General Motors para a Oldsmobile, mas já estava fora de uso. Ao saber do interesse da Rover, então proprietária da marca MG, a General Motors cedeu-lhe o projeto e os diretos de fabricação. O motor tinha bloco de alumínio e era o V8 de produção em série mais leve existente na época. A versão com motor V8 foi oferecida até 1976 e o MG B foi fabricado até 1980.

Quinze anos depois, em 1995, os fãs da MG exultaram com o lançamento do modelo F, o primeiro carro totalmente novo da marca desde o MG B. O MG F era um roadster de linhas contemporâneas com todas as características mais atraentes dos MG anteriores: um esportivo pequeno, ágil e de bom desempenho. Em vários anos da década de 1990, foi o carro esporte mais vendido de sua faixa de preço na Grã-Bretanha. Deixou de ser produzido em 2002.

Atualmente, a marca MG pertence ao grupo chinês SAIC, um dos maiores da indústria automobilística na China, e dedica-se principalmente à produção de SUVs de portes variados com motores a combustão, híbridos e elétricos. As comemorações pelos 100 anos da marca motivaram a MG a apresentar o Cybester, um roadster elétrico com todos os atributos dos carros esporte da MG: pequeno, ágil e proposta de ser agradável de dirigir. O Cybester estará à venda na Europa a partir de agosto e será oferecido em duas opções: motor elétrico atuante nas rodas traseiras ou dois motores elétricos, um em cada eixo, com tração integral. “O Cybester é elétrico e fabricado na China, mas resgata o espírito que fez a MG ser um sucesso”, diz Nesti.

Como fabricante de carros esportivos, a MG possui uma história de sucesso em corridas. No dia 26 de agosto de 1934, a MG obteve uma de suas vitórias mais marcantes no automobilismo. Ao volante de um MG K3 Magnette, o inglês Richard Seaman venceu o Prix de Berna, uma prova para “voiturettes” (monopostos com motor de até 1,5 litro) preliminar do GP da Suíça, realizado no circuito de Bremgarten, em Berna. A corrida foi realizada sob chuva e três fatos valorizam ainda mais o resultado: o MG tinha motor de 1,1 litro (contra adversários com motor de 1,5 litro), Seaman largou em último entre os 23 concorrentes e… nunca havia pilotado no molhado. Infelizmente, a alegria pela vitória durou pouco. Horas depois, o irlandês Hugh Hamilton, um dos que correram com MG no Prix de Berna, morreu em consequência de um acidente sofrido com seu Maserati na prova principal. Esta vitória fez o até então desconhecido Seaman tornar-se bastante respeitado na Europa. Em 1937, ele se integrou à equipe Mercedes-Benz. Venceu o GP da Alemanha de 1938 e faleceu após sofrer um acidente no GP da Bélgica de 1939.

Outro feito expressivo é o recorde mundial de velocidade em terra estabelecido em 23 de agosto de 1957 no deserto de Bonneville, em Utah, nos Estados Unidos: 395,320 km/h, a melhor marca obtida até então por um carro enquadrado na categoria para veículos de quatro rodas equipados com motor de 1,1 a 1,5 litro. Para estabelecer esse recorde, a MG desenvolveu o modelo EX 181 e confiou-o ao inglês Stirling Moss, até hoje considerado por muitos como o melhor piloto da história da Fórmula 1 que jamais foi campeão mundial (foi quatro vezes vice). O MG EX181 tinha carroceria aerodinâmica em forma de gota instalada sobre um chassi tubular especialmente construído. O motor sobrealimentado de 1,5 litro era movido por uma mistura de metanol, nitrobenzeno, acetona e éter – parece estranho hoje, mas a fórmula é muito semelhante à do combustível utilizado pelas principais equipes de Grand Prix antes da Segunda Guerra Mundial. Esse motor desenvolvia 290 cv a 7.300 rpm e ficava em posição central, com a cabine do piloto situada imediatamente à frente.

Mas a MG ainda queria mais. Desenvolveu o EX181 e, entre outras alterações, aumentou a cilindrada do motor de 1.489 para 1.506 cm³. Estes míseros 17 cm³ fizeram duas diferenças: a potência passou para mais de 300 bhp a 7.300 rpm e o carro passou a ser enquadrado na categoria entre 1,5 e 2,0 litros. Em 1959, dois anos depois do recorde de Moss, a MG e o EX181 estavam de volta ao deserto de sal de Boneville, nos Estados Unidos, com o objetivo de obter o recorde da categoria na qual o carro passou a ser enquadrado. Pilotado pelo norte-americano Phil Hill, o MG EX181 cravou 410,23 km/h na média das duas passagens. No começo de sua carreira, Phil Hill pilotou um MG TC. Seu currículo inclui três triunfos nas 24 Horas de Le Mans e o título mundial de Fórmula 1 em 1961.

Em 1966, o MG B pilotado por Julien Vemaeve/Andrew Hedges venceu a Marathon de La Route (84 horas de Nürburgring) na classificação geral. Na década de 1960, os MG B também obtiveram primeiros lugares em suas categorias no Rallye de Monte Carlo e em provas de pista como a Targa Florio, os 1000 Km de Spa-Francorchamps e as 24 Horas de Daytona.

No começo da década de 2000, a MG desenvolveu o MG-Lola EX257 para disputar as 24 Horas de Le Mans de 2001. Esse carro obteve resultados discretos, mas a marca obteve triunfos na prova francesa em 2005 e 2006, quando os protótipos MG-Lola EX264 venceram na classe LMP2. Em ambas as ocasiões, um dos pilotos do carro vencedor foi o brasileiro Thomas Erdos.

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