Os especialistas da PPG foram ver o que a química tem a dizer das muitas sugestões que estão na Internet sobre como dar aquele trato na pintura do carro. Há ideias muito ruins e algumas que funcionam, é verdade, mas você precisa se perguntar: será que o que viu no vídeo realmente dá certo na prática
inturas e revestimentos são muito comuns no cotidiano, mas a pintura do seu carro, que não tem nada de frágil, é a mais resistente que você vai conhecer e é muito mais forte do que a dos eletrodomésticos, por exemplo. Carro fica parado no sol, na chuva e no sereno, enfrenta vento e poeira a 120 km por hora na estrada. A pintura automotiva é feita para durar e manter o brilho de novo por muito tempo, graças a uma série de desenvolvimentos tecnológicos desde o primeiro Ford modelo T, cuja pintura era à base de óleo de linhaça, carvão mineral e betume. A pintura de um carro de hoje resiste muito mais, é mais fácil de manter e garante a aparência original por muito mais tempo, tudo por causa da química certa. Aí você resolve que vai passar óleo de soja no seu carro, para dar uma protegida… a química errada.
Um sujeito convincente faz um vídeo de uma técnica sensacional de conservação da pintura do carro, garantindo que deu certo para ele. Será mesmo? Os especialistas da PPG foram atrás das muitas sugestões que estão na Internet e analisaram o que a química tem a dizer sobre elas. Há desastres e algumas ideias que funcionam, não fosse pelo risco de mau uso.
Essa é a questão: por que se arriscar com produtos caseiros e ideias de um vídeo da Internet, se existem produtos específicos, especialmente desenvolvidos para a manutenção da qualidade do seu veículo? As soluções caseiras funcionam, ou não, do ponto de vista da química, mas, na maioria das vezes, um outro problema importante deixa de ser levado em conta: a falta de prática de quem vai usar os produtos, que sempre têm algum risco inerente.
Isso significa que, na enorme maioria das vezes, é muito bom recorrer a um produto específico, fabricado por indústrias que têm décadas de experiência em repintura automotiva, e, quando possível, ao serviço de um profissional com treino e experiência adquirida pela repetição de tarefas que quase ninguém está acostumado a fazer.
1 – Parar o carro embaixo de árvores
Todo o mundo gosta de parar o carro embaixo de uma bela árvore frondosa em dia de sol quente, por razões óbvias. Só que é preciso ficar atento. Estacionar embaixo de árvores deixa a pintura sujeita a queda de seiva, que pode ser bastante difícil de remover, ou, ainda pior, a fezes de passarinhos, capazes até de corroer a pintura do veículo. Nesse caso, o melhor a fazer é não raspar o excremento seco, mas sim remover a sujeira com cuidado usando um pano úmido.
2 – Deixar o carro sujo
É uma ideia muito ruim deixar o carro sujo e empoeirado, sujeito a desenhos feitos a dedo. As partículas de poeira afetam a pintura do carro. Se ele ficar muito sujo, por causa de uma aventura na lama, por exemplo, não pestaneje: faça logo a lavagem do carro. Se o tempo passou e a poeira engrossou, não dê moleza: mãos à obra, vá ao posto, ao lava-rápido ou aproveite o fim de semana para você mesmo manejar o balde, a mangueira, um pano macio e limpo e um sabão para carros com pH ajustado para não agredir a pintura (o que é bem mais seguro que bucha e um bom sabão)
3 – Lavar o carro com os produtos errados
Muito bem, você decidiu que era hora de pôr a mão na massa e lavar o carro. Ótimo, não é? Hum, é, desde que você não tome os cuidados errados. Usar materiais inadequados e de baixa qualidade pode afetar a aparência da pintura, que é muito forte, mas não é à prova de tudo. Vamos ver os principais produtos para o banho do seu carro:
- Esponja. Acredite ou não,se a superfície da esponja não for plana, ela pode causar pequenos arranhões na lataria e, com o tempo e a repetição, você terá piorado consistentemente a aparência do seu veículo. A melhor solução é adotar os panos de microfibra, supermacios e fáceis de limpar.
- Sabão que não é neutro. Amelhor recomendação para quem decide fazer a limpeza do veículo é usar um bom produto automotivo – não é tão barato quanto um sabão que você acha ótimo, mas a sua formulação é feita exatamente para não agredir a pintura do seu carro. Se a sua decisão, porém, for usar produtos caseiros, dê preferência àqueles com pH neutro, para que a pintura não fique opaca com a repetição e o passar do tempo nem desprotegida.
- Panos sujos. Parece simples e óbvio, mas um erro comum ao lavar o carro é não usar panos e materiais limpos. A sujeira agarrada pode causar microarranhões (para não falar dos grandes!) ou, eventualmente, manchar o carro.
- Não aplicar cera. Pois é, pode parecer trabalhoso ou sair um pouco mais caro no posto, mas passar cera – automotiva! – sobre o carro que acabou de ser lavado (com um produto próprio) vai deixar a superfície mais protegida. A função da cera é revestir a superfície metálica com uma película que dificulta a fixação da sujeira, o que tem a vantagem de espaçar o tempo entre as lavagens.
- Óleo de cozinha. Assustou-se? Usar óleo de cozinha sobre a pintura do veículo é uma ideia muito ruim e pode danificá-la, porque, além de não oferecer nenhuma proteção, o óleo de cozinha não seca e, inevitavelmente, vai acumular a sujeira do ambiente. Com o tempo, o óleo vai se polimerizar, formando uma crosta de sujeira sobre a pintura, que vai exigir mais muito mais esforço do que o habitual para a limpeza do veículo.
4 – Deixar o carro muito tempo parado na chuva…
Deixar o carro tomando uma chuvinha atrás da outra parado em frente de casa naquelas semanas em que chove todo dia pode parecer inofensivo, mas não pense que, na verdade, é até bom para dar uma boa lavada, sem esforço, no veículo. O problema aparece quando a água seca, formando as conhecidas manchinhas. Se essa situação se repete sempre, talvez porque a sua garagem seja aberta, as manchinhas podem degradar a camada de verniz da pintura. Se não houver jeito de contornar, ou seja, pôr o carro sob uma cobertura (o que vale também para cidades com histórico de chuva ácida ou de granizo, como é comum em cidades como São Paulo), uma forma de corrigir o dano químico é partir para o enceramento ou, em casos mais graves, para o polimento profissional.
5 – …e perto de uma construção
Outro erro comum, que às vezes acontece por distração, é estacionar em frente a construções. O problema é que a poeira levantada na obra e, em alguns casos, o pó fino de cimento, podem agredir a pintura do seu carro. Se isso acontecer, não perca tempo: lave o carro com água assim que for possível (não deixe o tempo passar). Ah, claro, tem um outro problema: tinta! Quando você para o carro em frente a prédios em construção e há uma operação de pintura em andamento, a tinta vai respingar na rua. A calçada, muito provavelmente, estará coberta, mas o seu carro na rua não. Muitas empreiteiras cuidadosas isolam a área com antecedência para evitar esse problema (e reduzir o conflito com passantes), mas não é a regra, claro. Previna-se.
6 – Passar só água sobre o combustível derramado do tanque
Vale a pena verificar se, na hora de abastecer, o combustível – gasolina, diesel ou etanol – escorreu ou respingou sobre a pintura do veículo. Se isso acontecer, o frentista gentilmente vai jogar água, mas não basta. O melhor é passar água e sabão neutro (e, ainda melhor, usar um sabão automotivo próprio). Se você não tiver visto na hora e só se der conta do problema diante da mancha, vai ser necessário remover a marca com um polimento especializado numa funilaria.
7 – Passar óleo de banana
E se eu passar óleo de banana, um solvente extraído da fruta e muito usado para diluição e preparação de esmaltes de unha sobre a pintura do carro? Sim, tem quem o faça, na boa fé de remover manchas e risquinhos do veículo, só que aplicar o solvente de maneira incorreta vai certamente piorar a situação da pintura. Quimicamente, o óleo de banana, como solvente, vai funcionar para remover riscos superficiais, só que aplicá-lo sobre a pintura, mesmo que só na área restrita do risco, pode danificar seriamente a camada de verniz e agredir também a camada de tinta, que fica por baixo do verniz. O problema aqui não é o tipo de produto químico (ainda que ele não seja uma grande ideia), mas a dificuldade técnica de aplicação: um solvente de óleo de banana até funciona quimicamente, mas, na prática, ele não compensa o risco. Uma substituição mais segura é o uso da massa de polir MP02, que oferece resultados muito mais seguros.