A melhoria nas vendas de carros sugere um forte potencial para crescimento na comercialização de veículos elétricos na China e nos Estados Unidos. A combinação de fatores tecnológicos, econômicos e políticos – entre eles entradas mais planejadas de veículos elétricos no mercado de massa, ao longo dos próximos quatro anos – poderia trazer às montadoras oportunidades de investimento em nove mercados adicionais, de acordo com uma nova pesquisa da Accenture.
A Accenture analisou 14 mercados domésticos: Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Japão, Holanda, Noruega, Rússia, Coreia do Sul, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos – para identificar as distinções cruciais que definem a atratividade do mercado de veículos elétricos.
A China e os Estados Unidos foram classificados como os melhores países, pois apresentam um extenso mercado e potencial para crescimento. Para a Accenture, ao ter em vista ambas localidades, as montadoras podem investir em redes de distribuição mais fortes e adaptar os portfólios de produtos de forma que atendam às preferências específicas de cada país. Outros fatores dentro deste cenário são o volume futuro de compradores – que serão capazes de pagar pelos carros elétricos – e o desenvolvimento de uma infraestrutura extensa de carregamento.
Todos os mercados foram analisados considerando fatores locais – como regulamentações governamentais e subsídios – e não específicos – como a variação de veículos e o tempo de carregamento –, que foram colocados em uma matriz.
“Nos mercados que mostram potencial de crescimento para veículos elétricos, as montadoras precisam estar prontas para explorar o crescimento esperado para essa demanda e garantir que se atinja uma massa crítica quando a expansão estiver começando”, afirma Christina Raab, diretora executiva da Accenture para a prática automotiva. “Os planos para uma variedade de carros elétricos mais acessíveis, com maior alcance e voltados para o mercado de massa, levam esses produtos para um maior volume na compra de automóveis. Graças a este desenvolvimento, o acesso à atração de cada país pelo mercado de veículos elétricos é essencial para as montadoras enquanto planejam o crescimento das diferenças entre os mercados domésticos”.
Canadá, França, Alemanha, Japão, Holanda, Noruega, Coreia do Sul, Suécia e Reino Unido foram classificados como países com potencial elevado por suas altas perspectivas de crescimento até 2020, mas com um mercado limitado no setor atualmente. Eles foram tipificados com base nos planos dos respectivos governos para investimentos significativos com o objetivo de tornar este tipo de veículo mais atraente.
Como esses mercados podem ver um crescimento relevante nos próximos quatro anos, a Accenture acredita que as montadoras devem investir neles para garantir que estejam mais bem posicionadas. Embora a participação do mercado de veículos elétricos no percentual total do mercado automotivo global, em 2015, tenha sido de apenas 0,3 por cento – ou 270.000 carros –, um aumento de apenas três por cento equivaleria a 2,7 milhões de unidades. Isso exclui números para veículos elétricos híbridos plug-in. Significa que, por exemplo, no atual mercado francês, os fabricantes deveriam rapidamente fazer uso das medidas governamentais existentes para apoiar as compras de carros elétricos. Os OEMs devem considerar como meta todos os países onde o apoio e os subsídios governamentais são prioritários, antes que essas medidas sejam removidas.
Os três mercados do Brasil, da Índia e da Rússia são classificados como hesitantes pela Accenture devido à pequena dimensão do mercado e baixa taxa de crescimento esperada. Estes mercados caracterizam-se pela ausência de infraestruturas públicas de carregamento e pelos baixos preços dos combustíveis, independentemente dos atuais preços baixos do petróleo. Esta combinação torna os veículos elétricos economicamente pouco atraentes. Para esses mercados, a Accenture acredita que os OEMs ainda não devem fazer investimentos significativos, mas devem regularmente reavaliar as oportunidades. Isto porque esses mercados vão exigir um alto investimento para uma gama de novas capacidades – como treinamento de equipe de vendas e pós-venda –, assim que detectarem aumento na demanda.
“Nossa pesquisa mostra que as montadoras devem canalizar criteriosamente o investimento geral em veículos elétricos para os mercados corretos e usar o tamanho total do mercado unitário como um indicador de atratividade”, diz Raab. “O que está claro é que a política governamental pode mudar rapidamente as regras do jogo, mais do que qualquer outro fator. Por exemplo, a China estabeleceu metas para carros elétricos e híbridos plug-in para que eles componham até 7% do total de vendas de automóveis em 2020 e, 40%, em 2030, atingindo uma estimativa de 15,2 milhões de unidades. Paralelamente, a China espera ver avanços em tecnologia de baterias e motores, enquanto planeja construir uma rede de carregamento nacional”.
“Os fabricantes de automóveis devem estar atentos à forma como as agendas do governo podem abrir o caminho para um aumento na demanda no segmento – especialmente em um momento em que a indústria parece atingir um ponto crítico em direção aos veículos elétricos para o mercado de massa”, acrescenta.
Metodologia
Cada país foi avaliado a partir de uma variedade de fatores políticos (subsídios monetários governamentais únicos na compra e pós-compra, regulamentações governamentais não monetárias e infraestrutura de carregamento); econômicos (preço de compra e do combustível, além do número de possíveis compradores) e tecnológicos (intervalo e tempo de carga).