Especialista explica os principais motivos do preço da gasolina ter aumentado nos últimos anos
Nunca se gastou tanto com gasolina como nos últimos dois anos. A crise socioeconômica gerada pela pandemia do COVID-19 e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia inflacionaram os preços dos mais variados produtos, inclusive dos combustíveis. Somando os impostos ao preço do barril de petróleo, que é cotado em dólar, o valor da gasolina vem pesando muito no bolso do consumidor brasileiro. Diante desse cenário, a Zapay traz os principais motivos para entendermos o porquê da gasolina estar tão cara no Brasil.
Não é novidade que a pandemia do Covid-19 comprometeu muitas produções. Mesmo com a retomada do crescimento econômico global, os grandes produtores de combustíveis (ou seja, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a Opep) até hoje não conseguiram voltar aos níveis de produção de 2019. A gasolina por ser uma commodity (produto básico não industrializado) é diretamente afetada pela oferta e procura internacional. “Consequentemente, nos encontramos numa posição de alta procura e baixa oferta, fazendo com que o preço dispare”, explica Rafael Rodrigues, especialista da Zapay.
Desde 2015 o Brasil é considerado autossuficiente em produção de petróleo, fabricando diariamente três milhões de barris. Porém, compra do exterior cerca de 170 mil barris por dia em derivados de petróleo. “Isso se dá por alguns fatores, e um deles é o fato das refinarias, construídas na década de 1970, momento em que o Brasil importava petróleo, não terem estrutura para transformar o petróleo extraído no país em gasolina. Isso nos leva a outra questão, que é o tipo de petróleo do Brasil que, até esse momento, era caracterizado pelo tipo pesado, por isso eram importados diversos barris de derivados do petróleo, para transformá-los em gasolina aqui”, conta.
Com o pré-sal (extração de águas profundas), o petróleo leve passou a ser obtido no Brasil. Como não havia maquinário específico nas refinarias brasileiras para esse tipo de combustível, ele começou a ser exportado, e hoje um milhão de barris chegam a ser exportados por dia. “O que podemos concluir é que o combustível brasileiro é formado por um blend, uma mistura perfeita, de petróleo brasileiro e outros tipos diversos de petróleo, para possibilitar o refino no parque do país”.
Para que a demanda por diesel possa ser atendida, o Brasil precisa importar. Desse modo, há impacto no valor cobrado nas bombas dos postos, já que depende diretamente do valor cobrado pelo barril e a cotação do dólar, dois dos principais fatores que fazem o preço da commodity oscilar.
“Desse modo, para conter a disparada dos valores nas bombas de combustível e a inflação, os governos podem estabelecer um controle artificial de preços no petróleo”, explica Rodrigues. O local onde estão as refinarias também conta, uma vez que no Brasil a maior parte concentra-se no litoral, fazendo com que seja mais vantajoso importar petróleo em determinadas regiões do país.
Portanto, dizer quando o preço da gasolina vai baixar depende de muitas variantes, como a cotação do dólar, as importações de gasolina, a dependência do transporte rodoviário, estabilidade ou instabilidade política, além de custos e tributos na operação, fatores que impactam diretamente o valor a ser pago no Brasil, e que é repassado ao consumidor.
