Qual o destino dos investimentos bilionários das montadoras no Brasil?

Eletrificação automotiva, estimulada por plano do Governo Federal, faz com que fabricantes planejem investimentos que já aproximam de R$ 100 bilhões para novos modelos e tecnologias

E a coluna Mecânica Online® retorna com toda força. Normalmente circulamos todos os dias 10, 20 e 30 do mês. Fevereiro bem que tentou, aumentou um dia, chegou aos 29, mas ainda não emplacou o 30, então, voltamos hoje, analisando o cenário de investimentos da indústria automotiva nacional.

Após os megaanúncios bilionários da Stellantis e Toyota, a Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – deu um upgrade nos investimentos previstos para o setor automotivo brasileiro, agora estimando um volumoso montante de R$ 117 bilhões.

Esse pacotão de dinheiro engloba não só as fábricas de carros, com planos audaciosos indo até 2032 e ultrapassando os R$ 90 bilhões, mas também investimentos reluzentes em caminhões e ônibus.

Os incentivos fiscais que entraram em cena no finalzinho do ano passado, mirando descarbonização e segurança, acenderam a faísca dos investimentos, destacando os impressionantes R$ 30 bilhões que a Stellantis promete realizar de 2025 a 2030.

E não ficando atrás, a Toyota também jogou suas fichas, anunciando uma bolada de R$ 11 bilhões para turbinar a produção de automóveis híbridos.

O motivo desse boom nos investimentos locais? A resposta está no lançamento pelo Governo Federal do programa Mover, um projeto ambicioso que visa dar uma injeção de ânimo na indústria automotiva brasileira.

O Mover sucede o bem-sucedido Rota 2030, que fechou as portas em dezembro de 2023. Focado em impulsionar a produção de veículos mais seguros e sustentáveis, o programa vai liberar uma quantia nada modesta de R$ 19,3 bilhões para as montadoras.

Esse cenário otimista reflete a reação positiva da indústria ao estímulo do governo para acelerar na direção da mobilidade verde e tecnologias automotivas mais inovadoras.

E não é só o dinheiro nacional que está entrando em cena. Os chineses também estão dando o ar da graça nesse show de investimentos.

A CAOA Chery, por exemplo, soltou a notícia de um aporte de R$ 3 bilhões até 2028, cobrindo diversas frentes, incluindo um reforço considerável na produção em Anápolis (GO).

Já a GWM, uma marca que está dando as caras no Brasil, começou seu plano de R$ 10 bilhões com a compra da fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP), onde vão botar para rodar o Haval H6.

E tem mais! A “baiana” BYD já está com a mão na massa, iniciando as obras de sua fábrica no local onde antes se encontrava a Ford, em Camaçari, na Bahia. Um investimento de R$ 3 bilhões para fabricar localmente os modelos Dolphin, Dolphin Mini e Yuan Plus, além do híbrido plug-in Song Plus.

Com validade até 2028, o Mover já está mostrando seus resultados positivos, evidenciados pelos anúncios de peso das montadoras, que planejam injetar quantias estratosféricas até 2032.

Com os investimentos da Stellantis e Toyota, o total prometido pelas fabricantes no Brasil chega a incríveis R$ 90 bilhões até 2032. É carro novo e verde na pista!

Vejamos como esses investimentos serão aplicados:

  • Stellantis (R$ 30 bilhões: 2025-2030) – Engloba as marcas Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e Ram. Planeja produção nacional de motores híbridos flex com foco no etanol, modernização da fábrica de Betim (MG) e 40 novos produtos entre reestilizações, novas gerações e modelos inéditos.
  • Volkswagen (R$ 16 bilhões: 2022-2028) – Investimento em modelos híbridos flex nacionais, uma picape para brigar com a Fiat Toro e Titano, além de um SUV para brigar com o Pulse. Até o final dos investimentos a marca pretende apresentar 14 novos produtos.
  • Toyota (R$ 11 bilhões: 2023-2030) – Produção do SUV Yaris Cross, que será híbrido flex e de outro híbrido flex, novos motores e expansão da fábrica em Sorocaba (SP).
  • GWM (R$ 10 bilhões: 2023-2032) – Produção nacional em Iracemápolis (SP) onde será produzido o Haval H6 e talvez o Haval H4, modelo menor que o H6 com foco no Brasil.
  • GM (R$ 7 bilhões: 2024-2028) – Renovação da linha no mercado brasileiro, com possibilidade de lançamento de modelos híbridos fabricados no Brasil. Para esse ano a marca apresenta a Nova Spin, S10, Trailblazer, Equinox elétrico e Blazer elétrico. Talvez a Silverado ganhe uma versão Z71. Para 2025 são esperadas as reestilizações de Onix, Onix Plus e Tracker.
  • Hyundai (R$ 5,1 bilhões: 2021-2027) – Desenvolvimento da tecnologia híbrida, elétricos e movidos a hidrogênio verde. Ainda nesse semestre teremos atualizações para HB20 Hatch e Sedan. Marca vai oferecer o IONIQ 5 e Palisade, ambos importados da Coréia do Sul até o final do ano.
  • Renault (R$ 5,1 bilhões: 2021-2027) – Além do Kardian, a marca prepara um novo SUV médio que deve chegar em 2025 para competir com Corolla Cross e Jeep Compass, na mesma base do Kardian.
  • CAOA (R$ 3 bilhões: 2021-2028) – Aumentar a produção em Anápolis (GO), reforçando a linha do Tiggo 5X e na ampliação da rede de concessionárias.
  • BYD (R$ 3 bilhões: 2024-2030) – Fabricação nacional a partir de 2025.
  • Nissan (R$ 2,8 bilhões: 2023-2025) – Produção de dois novos SUV, entre eles o novo Kicks, e um motor turbo.
  • e BMW (R$ 500 milhões: 2021-2024) – Aumentar a produção local de carros de luxo esse ano.

Os investimentos bilionários das montadoras no Brasil têm como destino diversos setores e áreas estratégicas, visando fortalecer a presença das empresas no mercado brasileiro, desenvolver tecnologias sustentáveis e inovadoras, e expandir suas linhas de produtos.

Algumas das principais destinações desses aportes incluem:

  1. Produção de Veículos Sustentáveis – Muitas montadoras estão direcionando investimentos para a produção de veículos mais sustentáveis, incluindo modelos híbridos e elétricos. Isso está alinhado com as tendências globais de descarbonização e preocupações ambientais.
  2. Modernização de Fábricas – Parte dos recursos é destinada à modernização e ampliação das fábricas existentes, buscando melhorar a eficiência, aumentar a capacidade de produção e incorporar tecnologias avançadas nos processos fabris.
  3. Desenvolvimento de Tecnologias Inovadoras – As montadoras estão investindo em pesquisa e desenvolvimento para criar tecnologias inovadoras, tanto em termos de propulsão dos veículos quanto em sistemas de segurança, conectividade e automação.
  4. Expansão da Linha de Produtos – Os investimentos são voltados para a expansão das linhas de produtos, incluindo o lançamento de novos modelos, reestilizações, e a introdução de categorias de veículos que atendam às demandas específicas do mercado brasileiro.
  5. Rede de Concessionárias e Pós-Venda – Parte dos recursos é destinada à expansão da rede de concessionárias e ao aprimoramento dos serviços pós-venda, buscando oferecer uma experiência completa aos consumidores e garantir a manutenção eficiente dos veículos.
  6. Incentivo à Produção Local – Muitas montadoras estão investindo em ampliar a produção local, promovendo a nacionalização de componentes e gerando empregos no país. Isso também pode envolver a aquisição de fábricas de outras montadoras.
  7. Adaptação às Tendências de Mercado – Os investimentos buscam atender às tendências e demandas específicas do mercado brasileiro, como a preferência por determinados tipos de veículos, como SUVs e carros elétricos.

Em resumo, os investimentos bilionários das montadoras têm um impacto abrangente, abarcando desde a modernização das operações industriais até o desenvolvimento de produtos alinhados com as expectativas do consumidor e as exigências ambientais e regulatórias. Esses aportes visam posicionar as montadoras de forma competitiva no mercado automotivo brasileiro e global.

 

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