Poucas pessoas se preocupam com a higienização do equipamento, mas a sua manutenção é fundamental para garantir a qualidade do ar que circula no interior do veículo. Pesquisa feita pelo CTTi da DPaschoal comprova redução de micro-organismos após limpeza e troca de filtros. Anvisa recomenda higienização a cada seis meses
Verão e o ar-condicionado nos automóveis é um item indispensável que refresca a vida o motorista. Mas poucos são os proprietários de veículos que se preocupam em fazer manutenções periódicas do sistema, apesar de as revisões serem gratuitas em muitas oficinas e os preços das peças, relativamente baratos quando a troca é necessária.
Os médicos alertam que a falta de manutenção do ar-condicionado veicular pode gerar inúmeros problemas para a saúde. Sem a manutenção correta, o equipamento sujo acumula fungos, ácaros, vírus e bactérias, o que afeta, em especial, idosos, crianças e pessoas com doenças respiratórias. “Esses micro-organismos são invisíveis e ficam suspensos no ar. Quem respira o ar sujo pode ter crises respiratórias alérgicas ou infecciosas”, diz a médica Talita Rehder.
De acordo com o gerente do Centro de Tecnologia, Treinamento e Inovação (CTTi) da DPaschoal, Leandro Vanni, não se cobra nada pela revisão dos aparelhos de ar condicionado nas lojas da rede e nas oficinas credenciadas. E, se necessária a troca do filtro (dependendo do modelo instalado em cada veículo), os preços variam de R$ 30,00 a R$ 40,00. O serviço de higienização custa, no máximo, R$ 140,00.
A Anvisa dispõe de regulamentação destinada à concentração de micro-organismos na qualidade do ar predial. No entanto, nenhum órgão regulador, certificadora ou agência de vigilância no mundo tem normas, regulamentos ou restrições quanto à quantidade de micro-organismos presentes no sistema de ventilação dos veículos.
Recentemente, O CTTi da DPaschoal – em parceria com a Fundação André Tosello e com a Cartech Air – promoveu uma pesquisa sobre a atividade e o impacto microbiológico no sistema de ventilação do ar-condicionado de veículos antes e após os serviços de higienização.
A pesquisa teve por objetivo compreender a necessidade da manutenção do sistema, com a troca do filtro da cabine e com a higienização. Para tanto, foram feitas coletas para a análise de contagem de micro-organismos (bactérias e fungos) em sete diferentes veículos. A verificação da concentração de agentes microbiológicos foi analisada em três situações: antes da higienização e da troca do filtro, 15 minutos após a higienização e troca do filtro, e uma hora e meia após a realização do serviço.
Todas as análises comprovaram que a higienização com a troca do filtro diminuiu a concentração de micro-organismos. Em um automóvel Nissan Livina, por exemplo, a contagem total das UFCs – Unidades Formadoras de Colônias – era de 16 na pré-higienização, 11 na pós-higienização e de apenas 6 após 90 minutos da realização do serviço. As coletas para análise foram feitas diretamente nos veículos em ambiente controlado, com o menor número de variáveis possíveis.
“Este serviço deve ser feito periodicamente a cada seis meses ou a cada 10.000 quilômetros. No entanto, muitos motoristas ainda confundem o filtro de ar de cabine com o filtro de ar de motor, fazendo a manutenção incorreta. A maior parte dos usuários demora anos para trocar o filtro ou para higienizar o sistema de ventilação, comprometendo a qualidade do ar que eles e os seus passageiros respiram”, lembra Leandro Vanni.
A Fundação André Tosello foi escolhida para o experimento por ser uma das principais instituições brasileiras na promoção de projetos em parceria com empresas por meio da prestação de serviços administrativos e de manutenção de uma das maiores coleções de culturas microbianas do mundo. Já a Cartech Air atua no segmento de serviços de limpeza automotiva.
A falta de manutenção nesse equipamento pode acarretar, também, problemas técnicos, como a perda de eficiência do ar-condicionado devido à sujeira acumulada no filtro, a consequente diminuição da vida útil dos componentes, além de aumento do consumo de combustível.
Embora durante a manutenção seja necessária a avaliação de todos os componentes do sistema, normalmente é indicada a troca do filtro de cabine. “Para detectar se o sistema de ar-condicionado não está funcionando adequadamente, basta observar se o ar está resfriando ou não conforme o padrão do manual de cada carro. Mas é sempre recomendado que a manutenção seja feita por um especialista”, orienta Leandro.