De 30 de outubro a 9 de novembro, o maior evento automobilístico do país – e o segundo maior gerador de gastos em S Paulo, o Salão do Automóvel, em 28a edição. Exposição festiva, dizem estudos da SP Turis, empresa de turismo municipal administradora (?) da descuidada área expositiva do Anhembi, recebeu em 2012, 750 mil visitantes. Destes 32,8 % turistas, proporção de 1×3. Presença ascendente de mulheres, 29,5%. Mesma entidade projeta tenha gerado movimentação financeira de R$ 240M em hospedagem, alimentação, compras e lazer. Superior ao Salão, só a coincidente prova de Fórmula 1.
Segundo ano de crise, queda de vendas da indústria automobilística mundial, e deixando de ser data e local de apresentação de novos modelos, o Salão repetirá o recentemente ocorrido em Paris: novidades pontuais em produtos, versões com pequenas intervenções, apresentação de conceitos e demonstrações de tecnologia em meio à caminhada para reduzir consumo e emissões. Coisas nem sempre factíveis e às vezes inadequadas à linha oficial do governo brasileiro, incentivando apenas os híbridos capazes de gerar sua própria energia alternativa, distantes das tomadas de duvidosa certeza.
Há atrações paralelas. A revista 4 Rodas, por exemplo, terá competição do game oficial, e vencedor ganhará viagem com acompanhante para ver a prova final do campeonato de Stock Car em Curitiba, Pr. Um dos diferenciais da revista, os testes de longa duração, 60 mil km, com desmontagem do veículo testado. No caso, um Toyota Etios será desmontado e refeito no período do evento.
A Petrobras, um dos assuntos preferidos na campanha presidencial, e detestado pelos que nela aplicaram sua poupança, entre denúncias e perda de valor em suas ações, precisa se mostrar institucionalmente, e para isto será, curiosamente, patrocinadora da mostra.
Novidades
Marcas míticas representadas pelo mesmo importador – Ferrari, Maserati, Lamborghini, Rolls-Royce – não estarão presentes. Aston Martin, um dos negócios do presidente da JAC, também não. Mas ao consumidor normal restam muitas atrações. Algumas dentre a centena prevista para o 28o. Salão:
A
Audi exibirá linha completa com foco especial no novo TT Roadster apresentado em Paris. Projeto audacioso, construção com intenso uso de alumínio para reduzir peso e permitir rendimento por motores pequenos, 2.0 FSI turbo, com 230 ou 310 cv no TTS. Um de seus pontos mais diferenciados é o painel virtual de instrumentos, centrados digitalmente numa tela central. Apenas a versão TTS pode trazer solitário mostrador, o contagiros.
Outra atração será o Urban Concept, com dois motores elétricos, mescla de carro de corrida, de lazer e urbano. Entretanto, para juntar interessados, é a possibilidade de testar os carros da marca ruas próximas ao Salão – edição passada Neymar Jr acabou com o barato alheio quando saiu para testar e devolveu no dia seguinte …
B
BMW aproveitará o ar de nova produtora nacional e exporá o sedã 328 Flex montado em Santa Catarina; a nova família Mini, os elétricos i3 e 8, e terá espaço para a sua linha de performance, a M com foco no recém apresentado M4. No Salão deverá anunciar planos de novos produtos de montagem nacional.
C
Chinesa Chery irá ao Salão com missão dupla: exibir os produtos para 2015, fazendo um leque do Tiggo 5, do sedã Arrizo 7 e o conceito Alfa. Quer mostrar inovação programada em três eixos design, segurança, mecânica eficiente. Imprimir exemplo de tecnologia e qualidade, afastando as dúvidas com relação aos neo produtos.
Atrações paralelas serão o Celer, em início de produção, e o QQ em formas definitivas para a fabricação do Brasil próximo ano.
Citroën – No Salão terá o carimbo Feel Good, união de tecnologia e modernidade voltadas ao cliente. Atração maior, o Cactus com propostas que migrarão a outros produtos, como a boa administração de espaços e o Air Bump, faixa envolvente para absorver pequenas pancadas do trânsito. Fará pesquisa de mercado com o C4 Picasso sobre viabilidade de importação, e exibirá o C3 Hybrid. Usa motor a gasolina e um compressor de ar armazenando energia. A tecnologia ocupa pouco espaço, auxilia conter o consumo – faz até 3 litros por 100 km, e é a de menor custo e maior factibilidade.
D
DS – Nova marca, egressa da Citroën, diferenciada em estilo. Muita festa, no espírito dos DS. O 3 marca-se por conteúdo, e pela assinatura luminosa com faróis Bi Xenon Ful Led, GPS com mapa do Brasil e tela de 7 polegadas (17,5 cm), frenagem automática anti colisão, câmera de ré, som hi-fi de qualidade. Motorização que não é semente, água, adubo ou trator, mas salva a lavoura na holding PSA: desenvolvido com a BMW, 1.6 turbo com injeção direta, no DS3 dotado de overboost – aumenta em 2 quilos a pressão do turbo, chegando a 26,5 m.kgf – a partir da 3ª. das seis marchas – não aplicável em 1ª. e 2ª. pois a volumosa pá de torque sobre as rodas faria o carro patinar sem sair do lugar . Item de charme, som esportivo nas acelerações, e de percepção, as suspensões ajustadas, as grandes buchas traseiras para auxiliar absorver irregularidades, o volante de pequeno diâmetro – 36,3 cm. Pneus 205×45 em aro 17” são dúvida. As reduzidas laterais devem ser incapazes de convívio com as irregularidades e os buracos do piso nacional.
H
Honda terá a maior quantidade de novos modelos: Fit renovado, City recém lançado, Civic SI entrando em vendas, e duas novidades: versão EXR, topo em Civic, e o utilitário esportivo sobre a plataforma do Fit. No exterior chamado Vezel, aqui terá outro nome, e motor diferente do 1.5 familiar. Será o 1.8 i-VTEC, ex-Civic aprimorado para sanar a deficiência de torque abaixo das 4.000 rpm, e gerando aproximados 150 cv. Será um dos pontos altos da empresa. Misto entre cupê e utilitário esportivo, rodar automobilístico e bom conteúdo, não o comparam com o ex-queridinho Ford EcoSport, menor em entre eixos e conforto. Colocam-no na faixa superior entre R$ 75 mil e R$ 95 mil. Aqui não se chamará Vezel, mas possivelmente HR-G com grandes pretensões, iniciando ser construído na atual fábrica de Sumaré, após Itirapina, também São Paulo, e Campana, Argentina. Transmissão mecânica 6V ou automática CVT, possibilidade de tração nas quatro rodas, e a novidade de ser o híbrido da marca, gerador de sua própria energia, preferência legal para produção no Brasil.
J
JAC rebatizou o utilitário esportivo Premium S3, como T5 – carro e nome foram mostrados pela Coluna em junho -, primeiro da marca com opção de transmissão automática. Motor conhecido 1.5, 16 válvulas e 125/127 cv. Terá outro SUV, o T6. Futuro produto da fábrica na Bahia não deverá dar as caras.
Jaguar, marca bem segmentada, terá o recém lançado XE, menor em porte, maior em pretensões. Carroceria em alumínio, tração traseira, muito acertado em dirigibilidade e conforto. Pretende competir em porte na faixa mais vendida de sedãs Mercedes C, BMW 3 e Audi 3 – porém com preço de modelos maiores.
Jeep, uma das pioneiras marcas no Brasil, volta a ser produzido no país, como ocorreu há 60 anos. Agora, junto com a Fiat e a Chrysler, formam a FCA. O produto é o Renegade, sobre plataforma multi uso, em inúmeras versões – tração em duas e quatro rodas, motores a gasolina e diesel, transmissões mecânica e automática com 9 velocidades.
Haverão outros produtos da marca, como o Wrangler, de produção limitada, mas o Renegade gerará uma das maiores passagens no estande da Jeep.
L
Land Rover, associada à Jaguar, controladas pela indiana Tata, aproveitará a mostra para oferecer demonstrações de performance no Terrapod, estrutura metálica simulando as dificuldades off road, montada no estacionamento do Anhembi. Novidade maior, o utilitário esportivo compacto Discovery Sport.
Recém lançado, o Lifan 530, sedã 4 portas, motor 1.5 atualizado, exibirá a fórmula chinesa, do apreciável conteúdo para o segmento e preço.
M
Mercedes terá amplo leque de atrações, mas com certeza maior delas será o AMG GT, o super esportivo da nova marca. Outras novidades a linha AMG com exemplo até sobre outra novidade recém apresentada, o GLA.
P
Adjutório para contornar as dificuldades e queda de participação no mercado, estrela maior da Peugeot será o pequeno utilitário esportivo 2008. A depender do preço será sucesso pelo bom aproveitar o espaço interno e o ótimo comportamento e condução da plataforma do Peugeot 208 de onde deriva.
R
No estande da Renault poucas novidades maiores: o Fluence retocado – novo grupo óptico, enorme realce cromado para os faróis auxiliares -, lançamento e vendas em novembro; série limitada do Logan, a Exclusive. Para saber como será o picape Duster, principal lançamento da marca em 2015, a área de estilo enfeitou uma unidade.
S
Linha da Suzuki é refresco para a rede de revendedores, para aumentar a variedade de produtos. Além do Swift, recém apresentado; dos goianos jipinhos Jimny, terá duas versões do Grand Vitara – a Limited Edition, cor Bronze interior Bege, e sem estepe – porta eletrônico medidor da pressão em tempo real e aciona um alarme de perda de pressão. Se ocorridas com o automóvel fora de uso, à noite, por exemplo, há compressor e borracha líquida para encher e vedar o furo. Revestimento em couro e camurça, R$ 95.800. Outra versão, apenas com tração dianteira e transmissão automática. Família Vitara tem preços entre R$ 78.500 a R$ 104.300.
V
Volkswagen focará objetivamente em seis lançamentos: Jetta, em versão Higline, motor 2.0 TSI, 211 cv e transmissão de 6V sistema dupla embreagem. Será produzido no Brasil no primeiro semestre. Versão do Fox, a Pepper, tipo carro conceito combinando novo motor 1.6 e 120 cv mais câmbio mecânico de seis velocidades; SpaceFox com melhor dotação de confortos internos, sensores de estacionamento, controle de estabilidade, navegador integrado; Space Cross; picape Saveiro cabine simples; e arremata com versão Dark Label do Amarok, motor diesel 2.0, bi turbo, 180 cv, transmissão automática de 8 velocidades.
Ingressos
Para fomentar vendas e melhor administrar fluxo de público, a organizadora do evento Reed Exhibitions Alcântara Machado vende entradas antecipadas, até 29 de outubro – ou duração do estoque. Preços de R$ 24,30 no primeiro dia, a R$ 61,20 fins de semana. Pelo Facebook, há ingressos a partir de R$ 22.
Indo
Vá de taxi. Os acessos são funiculares e os estacionamentos, caros. Roupa leve. Sem ar condicionado, extremamente mal ventilado, é sauna coletiva. Não é responsabilidade do evento, mas da SP Turis, administradora do espaço.
Entrando, oriente-se sobre as saídas. O Anhembi é mal sinalizado neste aspecto. Por interesse ou conforto, vá à tarde, durante a semana, de menor frequência. À noite e finais de semana a área opera no limite máximo de sua capacidade.
Só receba os impressos do seu interesse. Não pegue todos para descartar depois, porque há muita gente de baixa educação gerando lixo, às vezes jogando-o no chão.
Serviço
Salão do Automóvel de São Paulo
30.Outubro – 9.Novembro.2014 Horário: 14 – 22h (dia 30 de outubro); 13 – 22h (31 de outubro – 8 de novembro);
Anhembi – Av. Olavo Fontoura, 1209, Santana – S. Paulo
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Roda-a-Roda
Olho do dono – 2015 Porsche instalará escritório no Brasil. Como informou a Coluna anteriormente, marca quer ter mais presença, entender o mercado e descobrir como vender mais. O Brasil é o melhor mercado da América do Sul e hoje a política de preços e participação é traçada pelo importador.
Porquê – Sergio Marchionne, CEO, avisou e criou o caso: a próxima geração do Jeep Wangler não será feita na tradicional fábrica de Toledo, Ohio, EUA, berço do Jeep Willys. Lá opera seis dias por semana, 20 horas/diárias.
Não ! – Cidade e Estado se movem contra a decisão, mas razão econômica é incontornável: demanda de mercado supera a capacidade de produção, exigindo mais espaço industrial. E próximo modelo com muito alumínio em sua composição, desaconselha ser feito em locais diferentes. Deixar de fazer, de vender, e de produzir lucros, não está no programa da FCA.
Peugeot – Projeto da Peugeot para peitar a crise na matriz e a queda de vendas e participação no mercado local, é de concentração, o Generalismo Premium.
E ? – Fixa vender 45 mil unidades em 2015 – este ano pouco acima de 40 mil; melhorará produtos em conteúdo e preço, adotará o conceito formado pelo mercado, identificando a marca com luxo, sem disputar vendas com outros produtos mais baratos. Mais importa o lucro unitário.
Produtos – Incrementará versão básica do 208; importará novo 308, e em julho, vende-lo-á em paralelo ao modelo anterior, hoje produzido na Argentina; atualizará 308 e 408, com frente lembrando 508; importará 3008 em versão superior – contendo key less, alavanquinhas para mudar marchas.
Je suis desolée – Franceses usam esta expressão para não resolver o prejuízo ou o problema alheio. Parece, foi lembrada em recente reunião no oferecer novidades e prevenir a rede revendedora: a Peugeot quer garra e qualidade de serviços, e reduzirá a rede para garantir maior rentabilidade aos operadores. Quer 110 revendedores, contra os 145 atuais. Cortará 35 até o final de 2015.
Racionalidade – Uma das medidas de Carlos Tavares, novo CEO da PSA para reativá-la foi criar a marca DS, ex braço Citroën. Sem estrutura adicional, mas no que pode o pessoal da Citroën se divide entre as duas marcas.
Prêmio – BMW premiou Pirelli por inovação em qualidade no processo de vulcanização do pneu, variando de unidade para unidade e garantindo a melhor qualidade individual, não por partida ou série.
Aero Design – Entre 30 de outubro e 2 de novembro, São José dos Campos, SP, verá 95 aviões, projetados e construídos por estudantes de engenharia do Brasil e do Exterior na 16ª Competição SAE BRASIL AeroDesign.
Movimento – Aproximadamente 1.300 pessoas envolvidas entre estudantes e orientadores, representando 68 instituições de ensino superior, todos com aviões radiocontrolados de sua criação. Demanda grande barrou 35 entidades e seus projetos. Veja http://icongresso.sae.itarget.com.br/evento/1042/auth
Aeronaves – Disputarão três classes, Regular, Classe Advanced e Micro, as primeiras poderão transportar carga útil. Vencedores representarão o Brasil na SAE Aerodesign East Competition, EUA, 2015.
Tecnologia – Câmara filmadora Dalgas DVR chega a país e promete ser boa aliada do motorista. Aplicada ao veículo, entre o retrovisor e o para brisas, grava o deslocamento e serve para registro turístico e de situações, de paisagens, a acidentes e achaques policiais nas estradas. R$ 780.
Ocasião – ABLA, associação das locadoras de veículos, fez ajuste com a BMW para aproximar associados e a marca alemã produtora dos Mini. Querem fomentar a locação corporativa, como benefício aos executivos no alto do organograma. Reduz custos em até 25% segundo Paulo Nemer, da associação reunindo 2.600 locadoras.
Gente –Viviane Vilar da Costa, jornalista, deixou a assessoria de imprensa da Mercedes. OOOO Tem vaga no estacionamento da Honda, em setor idêntico. OOOO Gilberto Gil, compositor, cantor, novo Embaixador da Audi. OOOO Promoverá a marca. No pacote, uso de Audi Q3 versão Ambition, a ser produzido no Brasil. OOOO Otacílio Gomes, engenheiro, ex MWM e Maxxion, mudança. OOOO Diretor Geral da SAE Brasil, entidade de engenheiros automobilísticos. OOOO Michael Millikin, 66, principal advogado da GM, aposentadoria. OOOO Desgastado em audiência no Congresso dos EUA quando cobrado pelas omissões de seu departamento nas mortes causadas por economia nas fechaduras de ignição. OOOO É o terceiro grande executivo a deixar a empresa pelo caso. OOOO
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De ônibus Mercedes vem na frente
Mercedes venceu concorrência e fornecerá 65 ônibus para o serviço de transportes em Salvador, e mais de 500 a operações paulistanas. Empresa é líder na venda de ônibus, assim como tem pioneiro caminho no Brasil.
Começou, por representante logo transformado em sócio local, como montadora de lotações – micro ônibus cariocas – no Rio de Janeiro. Intimidade e percepção do tamanho e futuro do mercado permitiu implantar-se no país antes dos incentivos do governo JK, e neste a oportunidade de substituir o projeto de construção dos automóveis 219 e 220 pelo de fazer os ônibus monobloco.
Foi uma revolução no modelo brasileiro. Plataforma baixa, motor traseiro isolado da cabine, suspensão para transporte de passageiros, relegava a fórmula então em prática de utilizar chassi e suspensão de caminhões projetados ao transporte de carga, para conduzir passageiros.
Montou fábrica especial para faze-los e, anos após, ao deixar o negócio, abriu caminho para a evolução do ônibus, sedimentação e nascimento de encarroçadoras, algumas com operação multi nacional.